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Cartografia de risco sísmico em Lisboa é insuficiente

por • 28 Fevereiro, 2014 • ActualidadeComentários desligados191

A Carta de Vulnerabilidade Sísmica de Lisboa é insuficiente para o planeamento, considera o vereador que há sete anos é responsável pelo urbanismo na capital. “A cartografia que temos sobre o risco sísmico em Lisboa é insuficiente. As cartas do PDM [Plano Director Municipal] foram feitas a uma escala (de 1:10000) que não dá uma informação que permita dizer aqui não se pode construir nada. Por isso, vamos propor a realização de uma Carta  Geotécnica”, afirmou, durante a reunião pública do executivo municipal, realizada nesta quarta-feira, o vereador Manuel Salgado.

O autarca socialista contestava, desta forma, as críticas feitas pelo PSD à revisão do Plano de Pormenor da zona Envolvente do Mercado de Benfica. Os social-democratas fizeram notar o facto de se tratar de uma área por onde passa o “caneiro de Alcântara”, “uma zona de elevada vulnerabilidade sísmica e de grande risco de inundações”, na qual a câmara irá permitir construções, nas quais se incluem uma escola, uma creche e um lar de dia para idosos.

Para Manuel Salgado, aquele “é um plano que não tem intervenções muito pesadas”. Já o social-democrata António Prôa contestou o que está previsto no documento aprovado na última reunião – com os votos da maioria socialista e a abstenção do PSD e do CDS-PP. O plano será agora colocado em discussão pública.

“Não me parece adequado colocar naquela zona equipamentos como creches e lares de dia, tendo em conta o elevado risco sísmico e de inundações daquela área, onde não é por acaso que está prevista uma bacia de infiltração. Também não me parece adequada a localização que está prevista no plano para esses equipamentos, situando-os nos extremos da área abrangida, quando se destinam a pessoas idosas com problemas de mobilidade, para quem eles seriam de mais fácil acesso se estivessem no miolo da intervenção”, disse o vereador social-democrata.

António Prôa referiu ainda que a construção de 70 lugares de estacionamento, contemplada no plano, lhe parece “francamente pouco” para uma zona como a do Mercado de Benfica, onde há grande carência de estacionamento. No entanto, e apesar de escassos, para o vereador do PSD, eles podem pôr em causa a permeabilidade dos solos que é defendida para aquela zona. Interpretação com que não concordou Manuel Salgado. “Hoje em dia, há soluções para garantir a permeabilidade dos solos”, defendeu.

Faz hoje 45 anos que um sismo de grande magnitude, 8 na escala de Richter, abalou o sul do país, fazendo-se sentir com intensidade em Lisboa. Os registos oficiais desse terramoto de 28 de Fevereiro de 1969 assinalam 11 mortos e muitas dezenas de feridos, 58 dos quais na capital – onde se registaram estragos em chaminés, paredes e falhas de energia e nas ligações telefónicas.

 

Texto: Fernanda Ribeiro

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