“He Bu Tune Bu/Once Upon a Time”(Turquia), “Xenos” (Palestina) e  “Aqui tem Gente”(Portugal)  são os vencedores da 1ª edição do prémio Jean Loup Passek, atribuído no âmbito do festival Internacional de Documentário de Melgaço - FILMES DO HOMEM, que decorreu de 4 a 9 de Agosto em Melgaço, numa edição totalmente subordinada à temática das Migrações.

 

O filme turco, do realizador Kazim Oz, que venceu na categoria de longa-metragem, retrata uma pobre e numerosa família curda que deixa Batman com destino a Ankara para trabalhar nos campos agrícolas. Sem quaisquer benefícios e com salários muito baixos, a família trabalha para ganhar a vida cultivando alface.

 

De acordo com o júri, constituído por Jorge Campos (Cineasta), Catarina Alves Costa (Antropóloga), Jean-Loic Porton, Realizador, e José Manuel Sande, Guionista e Crítico cinematográfico, a escolha deveu-se à forma como o filme “ficciona o real dando corpo, com apurado sentido cinematográfico, a uma narrativa que transforma os protagonistas curdos em personagens num contexto em que as relações pessoais e familiares interagem, na Turquia de hoje, num cenário marcado pela existência de relações sociais que perpetuam a servidão”. Além do galardão, o realizador recebe também o valor pecuniário de 3.000 euros.

 

O filme palestiniano, do realizador Mahdi Fleifel, distinguido na categoria de curta e média metragem com um prémio no valor de 1.500 euros, conta a história de Abu Eyad e outros jovens palestinianos do campo de refugiados Ain el-Helweh, no Líbano, que viajaram com contrabandistas pela Síria e Turquia até à Grécia.  

 

O júri realça aqui “a extraordinária energia humana e cinematográfica das imagens criadas em torno da figura de Abu Eyad e de outros refugiados palestinianos em busca de uma vida nova em Atenas, mas apanhados na armadilha de um país em colapso”.

 

Entre os filmes portugueses a concurso, o júri atribuiu o prémio de melhor documentário português ao filme “Aqui tem gente”, de Leonor Areal, que recebe um prémio com valor pecuniário de 1000 euros. Esta produção foi reconhecida “pelo retrato que faz da luta pelo direito à habitação dos moradores do Bairro da Torre, em Loures, muitos dos quais ciganos e africanos, bem como pelo destaque dado ao papel das mulheres e pelas questões que suscita”.

 

 

De realçar que o Prémio Jean Loup Passek, em homenagem ao escritor e crítico de cinema francês que doou parte do seu espólio ao município de Melgaço, propõe- se premiar filmes que reflitam sobre as temáticas de migração e fronteira.

 

Nesta 1ª edição do prémio, candidataram-se cerca de 20 filmes sobre o tema Migrações, entre os quais foram selecionadas 11 longas-metragens e 9 médias e curtas-metragens, originárias de países como a Austrália Canadá, França, Brasil, Espanha, Perú, Inglaterra, Grécia e Dinamarca.