O livro reúne um conjunto de textos que procuram apresentar algumas das principais controvérsias em torno dos mecanismos e das características do processo evolutivo. A concepção segundo a qual as espécies se transformam no decurso do tempo originando espécies diferentes das pré-existentes é hoje consensual na Biologia. Porém, o mesmo não pode ser afirmado relativamente aos mecanismos que operam essa transformação, e através dos quais a evolução das espécies ocorre. Existe uma pluralidade de mecanismos evolutivos, sendo objecto de discussão qual a importância relativa dos mesmos. Darwin considerou a selecção natural como o principal motor da evolução (embora tenha admitido outros mecanismos). A predominância da selecção natural foi, no entanto, contestada quando se começaram a acumular dados sobre variação molecular, que sugeriam a predominância de factores estocásticos para explicar a variação de frequências de variantes genéticas (neutralismo). Não foi porém a perspectiva evolucionista que foi posta em causa, apenas a importância do mecanismo da selecção natural ao nível molecular. Significa isto que é possível contestar alguns aspectos do darwinismo, ou da teoria sintética da evolução, sem contudo negar a evolução em si mesma. É neste sentido que vários evolucionistas têm estabelecido uma muito útil demarcação entre evolução como facto e evolução enquanto teoria, demarcação que adoptámos para fins práticos, sendo ela que justifica a divisão entre este livro e o segundo da série.