Rede de Ciência e Educação
A RCTS – Rede Ciência Tecnologia e Sociedade liga as instituições de investigação científica e educação portuguesas e assegura a ligação à rede internacional de investigação e educação. No final de 2009, cerca de 55% do ensino superior público (62% do ensino universitário e 42% do ensino politécnico) estava ligado a 10 Gbit/s através de cabo de “fibra escura” da própria RCTS com 48 fibras, e o restante através de circuitos alugados a operadoras comerciais (dimensão das instituições quantificada pelo número de alunos inscritos). Além disso, no ensino particular ou cooperativo a RCTS assegurava no final de 2009 a cobertura de 62% das universidades (crescimento de 53% do final de 2005 para o de 2009) e de 6% dos politécnicos (dimensão das instituições quantificada pelo número de alunos inscritos).
A RCTS é operada pela FCCN – Fundação para a Computação Científica Nacional, cujas actividades foram essencialmente financiadas pela UMIC – Agência para a Sociedade do Conhecimento, IP e cujo órgão máximo – o Conselho Geral – tem como membros a FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, IP, a UMIC – Agência para a Sociedade do Conhecimento, IP, o CRUP – Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas e o LNEC – Laboratório Nacional de Engenharia Civil, IP.
Em 2005 foi mais que duplicada a largura de banda das ligações internacionais à RCTS, atingindo 2,5 Gbit/s, e a largura de banda entre Lisboa e Braga passou de 1 Gbit/s para 10 Gbit/s, em consequência da instalação e aquisição pela FCCN de uma ligação em fibra óptica entre as duas cidades, o que permitiu assegurar ligações a 10 Gbit/s às 7 maiores universidades – de Lisboa, Técnica de Lisboa, Nova de Lisboa, de Coimbra, de Aveiro, do Porto e do Minho – e, portanto, a 60% do sistema do ensino superior e a 78% das universidades com unidades de investigação aprovadas nas avaliações internacionais promovidas pela FCT (dimensão quantificada pelo número de alunos inscritos), e ainda alargar a banda das ligações aos institutos politécnicos do Porto e Coimbra.
Em Janeiro de 2006 ficou assegurada a ligação em banda larga de todas as escolas públicas do ensino básico e secundário à RCTS. Portugal foi, assim, um dos primeiros países da União Europeia a assegurar a ligação em banda larga de todas as escolas básicas e secundárias, como tinha sido pioneiro na Europa na ligação de todas as escolas à Internet por RDIS em 2001.
Na Cimeira Portugal-Espanha de Novembro de 2005 ficou acordado que os dois países completariam as suas redes de investigação e educação em fibra óptica até às respectivas fronteiras Alentejo-Extremadura e Minho-Galiza, de forma a assegurar um anel redundante de ligação em fibra a 10 Gbit/s, com vantagens mútuas em termos de aumento da ligação internacional em banda larga e de segurança de persistência de ligações se houver um corte na linha. A primeira ligação ficou assegurada a meio de 2007 e a segunda em 2008, pelo trajecto Lisboa-Setúbal-Évora-Portalegre-Fronteira do Caia. Com estas extensões ficam asseguradas as ligações em fibra óptica da FCCN para a Universidade de Évora e para os institutos politécnicos de Viana do Castelo, Setúbal e Portalegre.
Em Julho de 2008, a largura de banda das ligações internacionais da RCTS foi quadruplicada. Ficou assegurada a ligação da RCTS à rede GÉANT2 da União Europeia a 10 Gbit/s, resolvendo o problema que se arrastava há vários anos de Portugal ser o único país da UE15, com a excepção da Grécia, que não tinha acesso a esta largura de banda para ligação às redes de investigação e educação dos outros países. Também está em preparação a extensão da fibra óptica da RCTS a todas as capitais de distrito, permitindo assegurar este tipo de ligação a todas as instituições do ensino superior público.
Já em 2009, foi assegurada a ligação Instituto Politécnico de Leiria e do Instituto Politécnico de Santarém em fibra óptica da própria RCTS.
Com a conclusão da ligação de Lisboa à Fronteira do Caia com a Extremadura Espanhola, no início de 2009, e a ligação dos institutos politécnicos de Leiria e de Santarém, as instituições ligadas através do cabo de fibra óptica com 48 fibras, propriedade da FCCN, passaram a corresponder a cerca de 85% do ensino superior do país (dimensão quantificada pelo número de alunos inscritos). O comprimento total do cabo de fibra óptica da própria RCTS ultrapassou 1.000 Km e Portugal passou a ser um dos países cuja Rede Nacional de Investigação e Ensino dispõe das melhores infraestruturas em fibra óptica própria da União Europeia.
Trajecto de Cabo de Fibra Óptica da RCTS:
A RCTS é a primeira Rede de Nova Geração criada em Portugal. Além da infraestrutura que permite comunicações a 10 Gbit/s, com uma extensão de cabo de fibra óptica propriedade da própria FCCN de cerca de 1.000 Km, a RCTS foi incorporando um conjunto importante de serviços avançados sobre banda larga:
- Biblioteca do Conhecimento Online (b-on) e Web of Knowledge
- Computação GRID
- Segurança e privacidade
- e-U: Campus Virtual
- Vídeo-difusão
- Videoconferências de elevada definição e salas de videoconferência imersiva
- VoIP e Videoconferências
- Zappiens – Repositório de vídeos de alta definição e gestão digital de direitos de autor
- Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal
- Arquivo da Web Portuguesa.
É de notar que o Nó Central de Computação Grid instalado na FCCN, em parceria com o Laboratório Associado LIP – Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas e o LNEC – Laboratório Nacional de Engenharia Civil, com financiamento da UMIC – Agência para a Sociedade do Conhecimento, IP e de fundos comunitários do POSC – Programa Operacional Sociedade do Conhecimento, contribuiu para que a INGRID – Iniciativa Nacional Grid, concebida pela UMIC e lançada em Abril de 2006, desempenhe um papel relevante na infraestrutura ibérica de Computação Grid, com a criação em 2007 da infraestrutura conjunta IBERGRID, e também na Iniciativa Grid Europeia (EGI) onde o Conselho de Políticas veio a ser presidido por um português, o Professor Gaspar Barreira, director do LIP.
Sublinha-se, também, o RCAAP – Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal, concebido pela UMIC em 2008 para integrar todos os repositórios institucionais existentes com um ponto de entrada e um motor de procura de âmbito nacional e para permitir à FCCN alojar gratuitamente repositórios científicos de acesso aberto de qualquer instituição científica ou do ensino superior do país. O projecto de criação do RCAAP, financiado pela UMIC e por fundos comunitários do POSC e desenvolvido com a colaboração de uma equipa da Universidade do Minho com a FCCN, no segundo semestre de 2008, permitiu alargar o número de instituições com repositórios deste tipo (12 no final de 2008, 4 no final de 2007 e apenas 1 no final de 2005), bem como aumentar o número de documentos disponibilizados (13.257 no final de 2008, 7.100 no final de 2007 e apenas 3.102 no final de 2005). Portugal colocou-se, assim, na linha da frente do movimento europeu de repositórios científicos de acesso aberto.
É, ainda, de notar que a elevada dimensão do sistema científico e do ensino superior público leva a que os serviços em VoIP oferecidos pela FCCN a este sistema, também com financiamento da UMIC e de fundos comunitários do POSC, façam desta rede a maior rede de voz sobre IP no país.
Quanto ao Arquivo da Web Portuguesa, assinala-se que a FCCN assegura desde o início de 2008, ainda com financiamento da UMIC de fundos comunitários do POSC, arquivos completos dos domínios sob .pt de dois em dois meses e, além disso, obteve dos Internet Archive as páginas anteriores da Web portuguesa de que esta organização dispunha.
Os recentes desenvolvimentos da RCTS, apresentados oficialmente em 20 de Julho de 2009 com a presença do Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, José Mariano Gago (ver FCCN Apresenta os Recentes Desenvolvimentos da RCTS), expandem o conjunto de serviços avançados que colocam esta Rede de Nova Geração na linha da frente das redes de investigação e ensino europeias.
O desenvolvimento da RCTS e dos correspondentes serviços avançados são a concretização da visão de assegurar em Portugal o apoio em redes e serviços avançados em banda larga a investigadores, docentes e estudantes de ensino superior portugueses ao melhor nível em âmbito mundial, constituindo a primeira e, até agora (Agosto de 2009) a única Rede de Nova Geração de grande dimensão em efectivo funcionamento no país.
A UMIC promoveu uma alteração profunda do modelo de financiamento e disponibilização da RCTS em 2007. O modelo anterior assentava num financiamento central de pouco mais de metade da contribuição nacional para os custos e de um financiamento distribuído a contribuir pelo “consórcio” das instituições utilizadoras públicas e privadas, principalmente universidades. Este modelo tinha vários inconvenientes:
- Uma esmagadora maioria das instituições utilizadoras são instituições públicas do ensino superior e de ciência e tecnologia (correspondem a cerca de 95% da imputação dos custos totais) pelo que a ideia liberal de participação destes utilizadores nos custos de assinatura não fazia qualquer sentido no caso presente dado que:
- não se pretendia moderar a utilização destes recursos no que respeita a tráfego nas redes de investigação e educação, antes pelo contrário;
- os financiamentos das entidades públicas do ensino superior vinham de recursos públicos centrais pelo que a comparticipação do “consórcio” não constituía qualquer economia de recursos públicos;
- os custos públicos de gestão eram maiores no modelo que vinha a ser adoptado devido ao trabalho administrativo que criava nas várias instituições de utilizadores e ainda mais na FCCN onde o trabalho dedicado à cobrança das contribuições dessas instituições era elevado e requeria a afectação de recursos humanos ao longo de todo o ano.
- Devido aos custos a enfrentar a partir dos orçamentos das instituições do ensino superior, várias instituições públicas não subscreviam a RCTS ou subscreviam larguras de banda fortemente limitativas das necessidades de utilização.
- O facto da FCCN passar a dispor de uma significativa infraestrutura própria em cabo de fibra óptica desde 2005 criou a situação de ser possível aumentar consideravelmente a largura de banda disponibilizada às instituições directamente ligadas a essa infraestrutura para tráfego nas redes de investigação e educação sem acréscimo significativo dos custos totais.
O novo modelo de financiamento, em vigor desde 2007, envolveu o financiamento público central dos custos imputados a instituições públicas, que em 2008 foi da ordem de 5,5 milhões de euros a assegurados a partir do orçamento da UMIC – Agência para a Sociedade do Conhecimento, IP.
O modelo de financiamento foi simplificado ao mesmo tempo que eliminou os problemas acima apontados. De um dia para o outro reduziram-se os custos públicos administrativos e de cobrança e as limitações artificiais à subscrição de larguras de banda. Como benefício adicional, praticamente sem aumento de custos, foi possível assegurar o acesso à RCTS a todas as instituições públicas do ensino superior e a todos os Laboratórios do Estado e unidades de investigação aprovadas pelo sistema de avaliação internacional da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, IP, quando anteriormente algumas destas instituições não utilizavam a RCTS. Também foi possível aumentar significativamente a Largura de Banda Agregada disponibilizada às instituições de ensino superior e de investigação que passou de 1,8 Gbit/s no final de 2006, para 8,6 Gbit/s no final de 2007,16,4 Gbit/s no final de 2008, 41,8 Gbit/s no final de 2009, 72,1 Gbit/s no final de 2010.
A RCTS foi constituída em 1997, como extensão da antiga Rede de Computação Científica Nacional (RCCN) que contemplava apenas as universidades públicas. A RCTS passou a poder assegurar o acesso a todas as instituições do ensino superior, aos Laboratórios do Estado e a outras instituições de investigação científica e tecnológica públicas ou de interesse público, às escolas do ensino básico e secundário, às bibliotecas públicas, museus, associações científicas, educativas e culturais.
Constituiu-se, assim, uma rede integrada do sistema científico, tecnológico e educativo – uma Rede do Conhecimento.
Logo em 1997, a FCCN ligou todas as cerca de 1.750 escolas do 5º ao 12º ano à Internet. Nos anos seguintes prosseguiu a ligação de escolas do 1º ciclo, com o objectivo de assegurar até ao final de 2001 a ligação à Internet de todas as 8.600 escolas desse ciclo.
Em Fevereiro de 2002, estavam ligadas à RCTS todas as universidades públicas através das quais ficava assegurada a ligação de 335 unidades de investigação, 9 universidades privadas, quase todos os institutos politécnicos, a maioria dos laboratórios do estado, todas as escolas do 5º ao 12º anos, todas as escolas do 1º ao 4º anos, todos os 180 centros de formação de professores, todas as bibliotecas públicas (cerca de 310), 32 museus e cerca de 200 associações e outras entidades.
A conectividade internacional da RCTS tem aumentado progressivamente: de Janeiro de 1997 para Março de 2002 passou de 1 Mbit/s para 622 Mbit/s, em vários incrementos. Em Janeiro de 2004 passou para 1,2 Gbit/s e manteve-se neste valor até Outubro de 2005, altura em que mais do que duplicou passando para 2,5 Gbit/s, em Julho de 2008 quadruplicou para 10 Gbit/s e em 2009 duplicou novamente para 20 Gbit/s. Em Julho de 2010 era 17 vezes o que tinha sido em Julho de 2005.
O financiamento público da RCTS de 2006 a 2010 e o acompanhamento da sua expansão e operação foram assegurados pela UMIC – Agência para a Sociedade do Conhecimento, IP.