Regar árvores sequiosas num dia de verão, como forma de protesto

por • 29 Julho, 2015 • Actualidade, Segunda ChamadaComentários (7)1298

Não eram mais que meia-dúzia, mas representavam um sentimento de amor pelas árvores bem mais lato. Um pequeno grupo de activistas urbanos ligados à Plataforma pelas Árvores e à Quercus e de moradores da Rua da Madalena realizou, ao final da tarde desta terça-feira (28 de Julho), um protesto contra o que consideram ser o estado de penúria hídrica das árvores situadas junto ao Largo Adelino Amaro da Costa – mais conhecido por Largo do Caldas -, regando-as com recurso a baldes, regadores e garrafões. A acção de jardinagem de guerrilha, inspirada em intervenções semelhantes feitas um pouco por todo o mundo, contou com a participação da artista plástica Fernanda Fragateiro e do estilista Dino Alves. Mas a Junta de Freguesia de Santa Maria Maior garante que havia regado na véspera as árvores em causa.

 

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Pouco depois das 19h, começaram a ser regadas as jovens árvores daquela zona recentemente sujeita a uma obra de reabilitação do espaço público. Três exemplares existentes na Rua do Regedor e outros três plantados num canteiro delimitado por um banco público, no Largo do Caldas, beberam qualquer coisa como meia-dezena de litros cada um. “Não há o mínimo de manutenção destas árvores, que estão aqui a passar uma seca terrível”, afirmou Inês Barreiros, membro da Plataforma pelas Árvores e também do grupo Fórum Cidadania LX, para quem esta acção constituiu uma forma de alertar para a “incapacidade das juntas de freguesia para tratarem convenientemente do arvoredo, por não terem os meios ou o conhecimento”. Inês disse que enviou um email à junta – cujo edifício-sede fica naquela rua -, fazendo referência ao problema enfrentado por estas árvores, mas não terá obtido resposta.

 

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Mais sorte terá tido Fernanda Fragateiro, que disse ter recebido a promessa da junta de que iria regar as árvores em causa. “Há uma clara falta de respeito pelo espaço público e que é demonstrativa de uma certa postura. Não se percebe porque deixaram as árvores chegarem a este ponto”, acusa a artista plástica. Libério Sobreira, do núcleo regional de Lisboa da Quercus, salientou o facto de “as árvores serem especialmente sensíveis ao tratamento que se lhes dá nos primeiros anos de vida”, nomeadamente à falta de água. As referidas árvores apresentam um aspecto ressequido, mas o presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, Miguel Coelho, garantiu ao Corvo que as mesmas haviam sido regadas na véspera. E explicou que “apenas agora a junta pôde fazê-lo e tomar conta daquele espaço, porque as obras estiveram a decorrer e apenas neste momento o empreiteiro entregou a obra”.

 

Texto: Samuel Alemão

 

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7 Responses to Regar árvores sequiosas num dia de verão, como forma de protesto

  1. Tuga News Tuga News diz:

    [O Corvo] Regar árvores sequiosas num dia de verão, como forma de protesto http://t.co/GfM6U63WbC

  2. Inês B. diz:

    O pedido de rega à Junta de Freguesia está feito desde 11 do corrente, com reforço a 18. A inauguração do Largo foi a 19, portanto o empreiteiro não pode ter passado a obra à JF ontem, dia 28. De qualquer das formas, a imagem da inauguração de um largo em que estiveram presentes Presidente de Junta de Sta. Maria Maior e Vice-Primeiro Ministro de Portugal e em que não há o cuidado básico (nem a sensibilidade) em regar árvores visivelmente com sede é uma metáfora pungente do país e da sensibilidade e sofisticação das suas elites. Não merece o país, não merecem as árvores, não merece Adelino Amaro da Costa.

  3. Os meus pais sempre fizeram isto numa das ruas mais “in” da capital, onde as árvores não têm grande atenção…

  4. Aí está, uma atitude de cidadania.

  5. Rosa diz:

    A Junta pode, e deve, regar as árvores da freguesia desde o momento em que são plantadas e deve também certificar-se de que as árvores estão em boas condições vegetativas no momento da plantação. Que história mais parva é essa de que “só agora pôde fazê-lo”? Parece uma coisa infantil do género “se as árvores morrerem agora quem tem a culpa é o empreiteiro….”

  6. Não há dinheiro para a agua, recolha de lixo etc mas para a fundação Soares e Espírito Santo há sempre

  7. Maria diz:

    A Junta certificou que as arvores tinham sido regadas no dia anteriores? é possível, de vergonha devem finalmente ter agido pois, como continuar a fechar os olhos? As ditas arvores estão plantadas em frente ás janelas das Junta e os membros da Plataforma em Defesa das Arvores têm vindo a regá-las desde a semana passada