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Iniciativa IBERCIVIS: Cidadãos Podem Doar Tempo dos Seus Computadores à Ciência

 - 30/07/2009

Logotipo da iniciativa luso-espanhola IBERCIVISNo final da sessão de e-Ciência do 2º Encontro com a Ciência em Portugal – Ciência 2009, das 11h30 às13h30, na Sala 1 da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, é apresentada hoje, pela primeira vez em Portugal, a IBERCIVIS, a iniciativa de Computação Voluntária para Fins Científicos realizada em cooperação com Espanha que permite a participação dos cidadãos na investigação científica de uma maneira directa e em tempo real, oferecendo tempo de processamento dos seus computadores para a realização de cálculo computacional de interesse científico por técnicas de computação distribuída semelhantes às da Computação Grid. 

A IBERCIVIS é uma iniciativa que pretende envolver o maior número possível de cidadãos na computação voluntária, usando a capacidade de cálculo de computadores em momentos de inactividade para realizarem as tarefas associadas a um projecto de investigação científica. Visa aproximar os cidadãos da investigação e dar-lhes a possibilidade de doarem tempo do seu computador, quando está inactivo, para a produção de conhecimento científico e, ao mesmo tempo, fornecendo à comunidade científica uma poderosa ferramenta de cálculo.

O computador transforma-se numa janela aberta para a ciência, criando um canal para o diálogo directo entre os investigadores e a sociedade.

No âmbito dos acordos de cooperação Portugal-Espanha na área de e-Ciência assinados na XXIV Cimeira Luso-Espanhola, em 22 de Janeiro de 2009, em Zamora, Espanha, ficou previsto o trabalho conjunto de equipas portuguesas e espanholas para alargar a Portugal a IBERCIVIS, iniciada em Espanha em 2008, como mais uma acção de cooperação Portugal-Espanha, que, em Portugal, tem o apoio da UMIC – Agência para a Sociedade do Conhecimento, IP e da FCCN – Fundação para a Computação Científica Nacional.

A colaboração empenhada do BIFI – Instituto para a Biocomputação e a Física dos Sistemas Complexos da Universidade de Saragoça foi inexcedível e generosa, e permitiu a uma equipa que também envolveu investigadores e técnicos dos Laboratórios Associados CNC – Centro de Neurociências e Biologia Celular e do LIP – Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas, sob a coordenação do Professor Rui Brito do CNC, instalar em tempo recorde os sistemas que permitiram alargar a iniciativa IBERCIVIS com o projecto AMILOIDE, dedicado à Polineuropatia Amilóide Familiar (PAF, vulgarmente conhecida por “doença dos pezinhos”) e à doença de Alzheimer.

O projecto AMILOIDE visa a procura computacional, em bibliotecas de milhões de compostos, de potenciais fármacos capazes de interferir com a formação de agregados e fibras amilóides em doenças neurodegenerativas, e tem como principais alvos a PAF e a doença de Alzheimer. Este projecto é da responsabilidade dos cientistas do Grupo de Biologia Estrutural e Computacional do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) da Universidade de Coimbra.

A Polineuropatia Amilóide Familiar (PAF) é uma doença degenerativa do sistema nervoso periférico, hereditária, caracterizada inicialmente por alteração da sensibilidade à temperatura e à dor nos membros inferiores e progredindo para um estado de debilidade física geral dos pacientes, com complicações múltiplas. Há diversos focos da doença no Mundo, sendo Portugal um dos principais. A PAF foi identificada, no início da década de 1950, pelo Professor Corino de Andrade (1906-2005), e desde então o esforço de caracterização da doença e de procura de soluções terapêuticas por cientistas portugueses, e outros à volta do Mundo, tem sido constante. Actualmente, as patologias amilóides não têm cura. No entanto, no caso da doença de Alzheimer são conhecidos vários fármacos que atenuam os sintomas ou diminuem o ritmo de progressão da doença. No caso da PAF, a única terapia que, até ao momento, se revelou efectiva é o transplante de fígado, pois este orgão é o local principal de síntese da proteína (TTR, transtirretina) responsável pela formação de amilóide nesta patologia.

O Prémio Gulbenkian Ciência 2009, atribuído no dia 20 de Julho de 2009, distinguiu precisamente a investigação na PAF, ao ser atribuído a Maria João Saraiva, Investigadora do Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC) e Professora Catedrática de Bioquímica do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, da Universidade do Porto, pelo trabalho desenvolvido na investigação dos mecanismos da PAF, nomeadamente pela descoberta dos mecanismos bioquímicos e genéticos responsáveis pela doença, mais especificamente a formação de depósitos amilóides de transtirretina (TTR), especialmente nos nervos periféricos.

As pessoas que pretendam aderir à iniciativa de Computação Voluntária para Fins Científicos IBERCIVIS, podem fazê-lo já a partir do dia 30 de Julho, na Internet, em http://www.ibercivis.pt/, e podem escolher colaborar com o projecto AMILOIDE ou com qualquer dos projectos já desenvolvidos por cientistas espanhóis no âmbito da IBERCIVIS, nomeadamente para: simulação de trajectórias no futuro reactor de Fusão Nuclear ITER – International Thermonuclear Experimental Reactor (Cadarache, França), acoplagem de ligandos a proteínas na procura de remédios para certos tipos de cancro, simulação do comportamento de materiais magnéticos com impurezas, análise de propriedades estruturais de aminoácidos e pequenos péptidos (sequências de algumas dezenas de aminoácidos) que actuam no cérebro e no sistema nervoso, simulação do comportamento da luz à escala nanométrica importante para construção de novos materiais, desenvolvimento de novos sistemas de computação e de comunicação e melhoramento de painéis solares. Todos estes projectos são descritos no portal da IBERCIVIS na Internet (http://www.ibercivis.pt/).

Esta iniciativa estende a já muito activa e particularmente bem sucedida cooperação entre Portugal e Espanha em e-Ciência, coordenada em Portugal pela UMIC – Agência para a Sociedade do Conhecimento, IP, nomeadamente no âmbito da Computação Grid através da iniciativa IBERGRID lançada há três anos e que visa gerir como infraestrutura comum as instalações das iniciativas de Computação Grid dos dois países, da Supercomputação, e da ligação em anel redundante das dorsais em cabo de fibra óptica das próprias redes de investigação e ensino dos dois países (RCTS – Rede Ciência Tecnologia e Sociedade em Portugal e Rede Iris em Espanha) nas fronteiras em Valença e Badajoz.

Última actualização ( 23/02/2011 )