Apesar de ser uma zona muito central da cidade de Lisboa e, nos últimos anos, até estar a atravessar um processo de regeneração demográfica, a Avenida Almirante Reis e a sua envolvente continuam a ser um território marcado pela exclusão social. Às classes necessitadas de sempre têm-se juntado outras, trazidas pela recente crise económica, complexificando um problema que as autoridades admitem precisar de uma resposta multifacetada. “Muitas vezes, caímos no erro de olhar apenas para as áreas mais periféricas da cidade, onde vemos reais carências, mas esquecemos o que se passa aqui na zona central”, admitiu João Afonso, vereador dos Direitos Sociais, esta quinta-feira (29 de setembro), durante a assinatura de instituição do Gabinete de Apoio ao Bairro de Intervenção Prioritária (GABIP) Almirante Reis.

 

O autarca aponta como vital a existência deste gabinete – a funcionar na Rua Passos Manuel, n.20, em instalações da Junta de Freguesia de Arroios, a qual participará no projecto em conjunto com a CML e a Fundação Aga Khan Portugal – para “implementar políticas de cidade num território muito específico”. Será a partir dali que poderá ser dada uma resposta adequada em coordenação com “outros parceiros locais” aos problemas de cariz social que forem sendo detectados nesta “zona urbana muito consolidada”. De entre o conjunto de situações de carência e exclusão existentes, João Afonso salientou a existência de três grupos fundamentais merecedores de atenção por parte da nova estrutura de coordenação do apoio: a imigração; o envelhecimento na cidade e o desemprego.

 

“Há situações muito diversas, causadoras de exclusão. Podemos ter casos de idosos a viverem isolados, como por exemplo de velhas prostitutas, que já não saem de casa. Ou o dos jovens filhos de imigrantes, que utilizam o português como o seu idioma natural, mas por alguma razão continuam a sentir-se excluídos da comunidade. Mas também temos as situações de pessoas que ficaram sem emprego, durante a crise”, explicou o vereador, que vê no GABIP Almirante Reis – no qual a autarquia despenderá cerca de 300 mil euros, ao longos dos próximos três anos – um laboratório de respostas de intervenção social. “Queremos utilizar este ponto de apoio como uma plataforma em que poderemos experimentar as estratégias a adoptar no resto da cidade”.

 

Também Paula Marques, vereadora da Habitação e Desenvolvimento Local, destaca como “um avanço” a criação de um GABIP nesta zona de Lisboa – aprovado em reunião de executivo camarário, a 13 de julho -, depois de tal estrutura ter sido já utilizada noutras áreas da capital. “Existem aqui bolsas de pobreza e de exclusão muito fortes”, considera. Uma realidade também admitida por Margarida Martins (PS), presidente da Junta de Freguesia de Arroios, que destaca a importância de se poder trabalhar de forma mais sistematizada com o movimento associativo local, por este conhecer melhor a realidade no terreno e assim poder ajudar a encontrar soluções aos casos concretos de carência. A junta cede o espaço do GABIP, ficando a cargo da Fundação Aga Khan Portugal a contribuição na definição das melhores estratégias de resolução “das fraturas sociais detetadas”.

 

Texto: Samuel Alemão

 

  • Michael Woods
    Responder

    jobs for the boys

  • Daniele Coltrinari
    Responder

    RT @ocorvo_noticias: Criado gabinete para combater bolsas de pobreza na zona da Avenida Almirante Reis – https://t.co/ruIvn762B7

  • Nuno Cândido Vieira
    Responder

    Ficamos todos mais descansados se a senhora Margarida Martins também tem noção do problema. A julgar pela resposta relativamente aos problemas de higiene urbana (grafites inclusive), degradação do pavimento, estacionamento ilegal, iluminação pública ou conservação de espaços verdes, a resposta será inexorável e célere… No entanto, sempre temos “Festas Do Mundo” frequentes para nos distrairmos enquanto os problemas de somenos importância ficam por resolver.

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