O escritor José Gomes Ferreira (1900-1985) estará ligado de forma profunda e duradoura à nova Biblioteca de Marvila, a inaugurar neste domingo (27 de novembro), pelas 15h, com a presença do ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues. O equipamento de 2.600 metros quadrados, divididos por um edifício construído de raiz e um outro requalificado, a Quinta das Fontes, foi projetado pelo arquiteto Raúl Hestnes Ferreira, filho do poeta e romancista. E lá dentro, no edifício agora adaptado ao novo uso, existirá o Espaço José Gomes Ferreira, dedicado à descoberta e ao aprofundar do conhecimento sobre o autor. Aí encontram-se alguns dos seus objectos pessoais, a secretária onde escrevia, mas também a sua biblioteca particular.

 

O epicentro do novo equipamento cultural, diz a Câmara Municipal de Lisboa (CML) em comunicado, será o Lagar de Azeite, que funcionará como “elemento de memória e de descoberta na biblioteca e envolvente”. Integrada na rede municipal de bibliotecas, esta “intervém num território muito variado em termos culturais, com uma forte marca industrial e rural, com uma população extremamente jovem, num momento em que a relação deste bairro se redefine no contexto da cidade”, explica a autarquia. O espaço surge no âmbito do Programa Biblioteca XXI, criado em 2011 pela câmara e que propõe um papel mais abrangente para estes equipamentos públicos na cidade.

 

Tendo como objectivo dotar a capital de oito “bibliotecas âncora” e 18 de bairro, até 2024, o programa pretende que a biblioteca, “para além das valências tradicionais, possa ser também um centro cultural de proximidade, um local de encontro de gerações, de políticas ativas de combate à iliteracia digital e à exclusão”, segundo as palavras da vereadora da Cultura, Catarina Vaz Pinto, na altura em que o plano foi revelado. Seguindo tal princípio, o equipamento estará disponível para um conjunto variado de atividades, nas quais se incluirão, por exemplo, cursos certificados de alfabetização para adultos. “A zona de Marvila é uma das que tem mais analfabetismo na cidade”, disse a autarca, nesta quinta-feira (24 de novembro), numa reportagem feita pela estação de televisão SIC.

 

Na mesma, a vereadora explicou que haverá salas disponíveis para usufruto das associações comunitárias, onde se poderão reunir e desenvolver actividades diversificadas, como aulas de dança ou de hip-hop. Mas ali ajudar-se-ão também os moradores da freguesia em assuntos tão distintos como o redigir um currículo ou a preencher a declaração de IRS. Já a chefe de divisão da rede de bibliotecas municipais, Susana Silvestre, salientou o facto de, ao contrário do que muitos “estereótipos” possam fazer crer, zonas consideradas marginalizadas, como Marvila, “têm pessoas super-participativas e muito interessadas”. Uma constatação nascida da experiência já tida com as actividades que a biblioteca vem desenvolvendo com os residentes, desde março deste ano.

 

Texto: Samuel Alemão

 

  • Ines B.
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    Agradece-se uplifting da Biblioteca Municipal ao Camões. A afluência é numerosa e há apenas uma casa-de-banho (a casa-de-banho das mulheres está escangalhada), cujas condições deixam muito a desejar. Os tectos também já precisavam de obras e a porta da rua de vidro precisa de uma intervenção.

  • Carlos Maciel
    Responder

    Biblioteca de Marvila fortalece coesão do bairro e mantém legado de Gomes Ferreira https://t.co/bUIA0BBy2C

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