O que começou como uma iniciativa resultante de um protocolo entre a antiga junta de São José e uma marca de aerossóis descambou num caos esborratado. A mancha de graffiti e tags avança desordenada por paredes, portas, janelas, cantarias e até na calçada. Os moradores sentem-se impotentes, bem como as juntas de freguesia de Santo António e de Arroios. Fala-se em falta de fiscalização. Mas também em sentimento de impunidade. Uma equipa de limpeza da Câmara de Lisboa foi agredida por um grupo de graffiters. A autarquia estará a estudar a melhor forma de actuar.

 

Texto: Samuel Alemão

 

A noite já ia avançada. Eram duas da manhã, quando Catarina Raposo, moradora das Escadinhas da Calçada do Lavra, sentiu um forte cheiro a tintas. Vinha do exterior, tal como o ruído de pessoas a falar. Ao assomar-se à janela, deparou-se com um grupo de jovens a grafitar as paredes do seu prédio. Perguntou-lhes porque estavam a fazer aquilo. Eram todos estrangeiros e, em inglês, explicaram-lhe que lhes haviam dito que não havia problema, porque aquela seria uma área onde tal actividade era permitida. “Isto tornou-se num pesadelo”, desabafa Catarina, sobre o alastrar anárquico das pinturas ilegais de paredes naquela zona.

 

O fenómeno, que terá começado há cerca seis anos com uma iniciativa da antiga Junta de Freguesia de São José – hoje integrada na Freguesia de Santo António -, está fora de controlo e ameaça alastrar aos arruamentos vizinhos. Os danos à propriedade e ao espaço público avolumam-se. “Quando para aqui vim morar, este cenário não estava instalado. É uma rua muito bonita, mas agora está repleta de lixo visual. A situação tem-se agravado bastante”, critica Catarina. Ela e os restantes moradores, tal como as juntas de freguesia de Santo António e de Arroios, sentem-se impotentes ante a situação. Todos se queixam de falta de fiscalização.

 

Quem passe pelas escadas da Calçada do Lavra, que fazem a ligação entre o Jardim do Torel e o Largo da Anunciada, é surpreendido pela profusão de graffiti. Uma aparente anarquia policromática, na qual é difícil discernir onde se afirma uma “obra” ou se escondem os contornos de outra. Para além do muro de cimento, a mancha de desenhos, manchas e letras de todas as formas e feitios estende-se pelas fachadas dos prédios e cobre zonas da calçada. Olhando um pouco mais em volta, percebe-se que há também áreas de empenas de prédios – a parte sem janelas – nas redondezas onde esta forma de expressão está presente. A forma como tal terá sido conseguido deixa espantando um leigo.

 

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“Acho que isto vai ser difícil de travar porque já faz parte dos guias internacionais. A coisa está a descambar, está fora de controlo. Por vezes, sinto-me em casa como se estivesse numa linha de metropolitano em Brooklyn, há 30 anos”, comenta José Pedro Penha Lopes, morador e dono do prédio com os números 14 e 16 da Calçada do Lavra. Depois de ter comprado o imóvel, no início da década passada, e de o ter reabilitado nos anos subsequentes, assiste agora impotente à sua constante vandalização. Isto apesar de aquele elegante prédio amarelo – cuja contemplação para quem desce as escadinhas é entrecortada pelos movimentos pendulares do ascensor – ser sujeito a uma incessante acção de limpeza.

 

As pinturas diversas e os tags – inscrições – são uma recorrência na fachada daquele edifício, bem como dos que estão à volta. Há como que um vírus gráfico em permanente disseminação. “O que eles estão a fazer não tem valor artístico, é apenas uma coisa desordenada que causa danos no património, seja nas paredes, nas cantarias, nas portas ou nos vidros. Isto não faz sentido, a rua fica com um aspecto completamente feio e degradado”, desabafa o proprietário, que se queixa dos prejuízos financeiros tidos com as sucessivas repinturas das áreas expostas aos excessos de criatividade dos activistas de aerossol. “Há anos que estou a enviar emails às autoridades, alertando para isto, mas as coisas só pioram”, queixa-se.

 

José Pedro Penha Lopes não tem dúvidas em localizar a raiz do problema. “Tudo isto começou, em 2012, quando a Junta de Freguesia de São José fez um acordo com uma loja de materiais de graffiti, com artistas convidados, para pintarem uma secção de um muro nas escadas da Calçada do Lavra. No início, era só naquele sítio, mas, em pouco tempo, começaram a aparecer pinturas nas paredes mais próximas e, logo depois, nas outras”, explica. Até que a sua casa começou a ser visada. Apesar de fazer questão de, quase todas as semanas, pintar de novo em tons de amarelo por cima das pichagens e demais devaneios gráficos que vão sendo surgindo, José Pedro sente estar a perder a guerra.

 

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As chamadas para a Polícia Municipal, bem como os emails para as juntas de freguesia de Santo António e Arroios e para a câmara são uma constante. Mas os efeitos desta luta desesperada revelam-se nulos. Até porque, diz José Pedro, nem as autoridades parecem saber muito bem como lidar com a situação. Na verdade, o cenário tem assumido proporções alarmantes. “Acho que isto vai ser difícil de travar, até porque já faz parte de guias internacionais. Criou-se um circuito turístico para este género de coisas e aqui a Calçada do Lavra é uma espécie de Meca desta forma de expressão”, afirma, aludindo às diversas ocasiões em que se deparou com grupos de turistas conduzidos por guias. Apesar da sensação de impotência, este morador diz “imaginar que haja entidade preocupadas”.

 

Já ouviremos o que elas têm a dizer. Antes, escutem-se ainda os desabafos feitos ao Corvo por José Garrido, o gerente do The Elevator Hostel, resultado da recuperação do prédio situado mesmo em frente à casa de José Penha Lopes. “Este é um local especial da cidade, é muito visitado pelos turistas e custa-me ver o mais antigo elevador de Lisboa todo grafitado. Esta não é a imagem da Lisboa que conhecemos e que queremos dar a conhecer. Com as paredes cheias de tags e mensagens territoriais, às vezes, mais parece que estamos em Belfast ou Beirut”, caracteriza o responsável pela unidade hoteleira. Os danos na propriedade são evidentes.

 

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A actividade torrencial dos grafiteiros tem uma resposta à altura de José Garrido – tal como sucede, aliás, com o seu vizinho da frente. “A nossa postura é a de pintar logo por cima, mal surjam graffiti ou tags nas nossas paredes. É um trabalho sem fim. E que nos traz muitos prejuízos, porque temos despesa não só com os materiais como com a mobilização do nosso pessoal”, diz José Garrido, que salienta o facto de poder travar esta luta, ao contrário do que sucede com um grande número de pessoas naquela rua. “A maioria dos moradores são já idosos, não têm genica ou condições para estar a dar uma resposta destas”.

 

Mesmo que estivessem na disposição de o fazer, seria sempre uma tarefa difícil. É que, além das tintas nas paredes, muitas das pretensas intervenções artísticas são realizadas com recurso a marcadores, que contêm substâncias ácidas e, por isso, são mais danosos quando aplicados sobre cantaria, metal ou vidros. Além disso, quando se limpa, logo a seguir surge mais. O ciclo parece incessante. “Com uma certa frequência, aparecem aqui jovens estrangeiros que fazem excursões para que as pessoas vejam isto e, inclusive, até já assisti a uma em que uma família, com os filhos, fazia inscrições com marcadores”, conta o gerente do hostel.

 

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José Garrido sabe que os clientes do estabelecimento que dirige “não gostam do que vêem”. Para ele, há ali um claro problema de vandalismo, sancionado pela falta de actuação das autoridades. “Não tenho nada contra o graffiti, noutros contextos, mas não neste. Esta é uma zona histórica. Criou-se esta narrativa cheia de tolices, esta ficção, de que se pode graffitar em todas as zonas. Basta espreitar as redes sociais, onde abundam os elogios ao que aqui está. Convencionou-se que isto é arte e julgo que haverá um certo pudor por parte da Câmara de Lisboa em limpar toda aquela mancha. As juntas, por seu lado, não têm meios para fazer face a isto”.

 

São as próprias a admiti-lo. “Não podemos fazer grande coisa”, reconhece Vasco Morgado (PSD), presidente da Junta de Freguesia de Santo António, onde se situam as escadas da Calçada do Lavra – o arruamento propriamente dito, pelo qual circula o ascensor, divide aquela da freguesia de Arroios. O autarca não consegue esconder um certo embaraço, uma fez que foi ele, enquanto presidente da extinta junta de São José, quem deu início à movida do graffiti naquele sítio. Em 2011 – embora haja quem garanta ter sido no ano seguinte -, foi estabelecido um protocolo entre a junta e uma loja de materiais desta forma de expressão, para transformar em zona franca uma secção do muro que ladeia a escadaria.

 

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O espaço estava perfeitamente delimitado. E as intenções eram boas. “A junta seguiu as instruções do Gabinete de Arte Urbana (GAU) da câmara. No tempo da Junta de Freguesia de São José , a coisa estava controlada, mas depois foi ficando como se vê”, afirma o autarca, lamentando que “as coisas tenham ficado fora de controlo”. “Há um sentimento de impunidade entre quem faz isto. O problema é a falta de fiscalização, sobretudo da câmara e das autoridades policiais. Temos informado a Polícia Municipal sobre esta situação, mas sem grande efeito”, diz.

 

Vasco Morgado salienta que a autarquia por si liderada tem “gasto alguns milhares de euros para manter as paredes minimamente aceitáveis”. E reconhece sentir-se incapacitado para fazer frente ao problema, que se alastra para os arruamentos vizinhos. Quando a junta intervém, reparando o que foi danificado, passados dois dias tal acção pode já ter sido desfeita por uma nova investida de pinturas à margem da lei.

 

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Situação com que tem de lidar também Margarida Martins (PS), a presidente da Junta de Freguesia de Arroios. “Perante as reclamações que temos tido dos nossos fregueses, fizemos queixa à Câmara de Lisboa. Nós não temos capacidade para combater este problema”, diz a autarca, explicando que mesmo a câmara tem muitas e inexplicáveis dificuldades para o resolver. “Os trabalhadores que foram enviados por eles para limpar as paredes foram agredidos por indivíduos que lá estavam a fazer graffiti”, informa. Trata-se mesmo de um caso de polícia, considera.

 

Mas isso não impede que sejam tomadas medidas para travar este fenómeno. Margarida Martins acha que a dimensão do mesmo tem muito que ver com os interesses comerciais entretanto instalados. “Há empresas de tintas, de sprays, que incentivam estas coisas. Achamos lamentável que as propriedades sejam sujas”, afirma a presidente de junta, que, embora admita que o problema foi desencadeado pelo seu homólogo da freguesia de Santo António, prefere não lhe apontar o dedo. Diz estar concentrada na busca de soluções para o flagelo do aerossol. “A Câmara de Lisboa está a ver como pode actuar, está a estudar o assunto”, informa.

 

No dia em que falou com o morador José Penha Lopes, O Corvo encontrou dois graffiters entregues à realização da sua arte nas paredes que lhes estão oficialmente destinadas. João, 28 anos, e o amigo Phew, um alemão de 39 anos, quebraram por momentos a sua concentração para dizer que, de facto, as coisas estão fora de controlo naquela zona. João diz que costuma grafitar comboios e carruagens de metro e que, “de vez em quando”, pinta paredes legais, como naquele caso. “O que aqui está nunca mais vai acabar”, afirma, criticando ainda a pintura dos elevadores do Lavra. “Isto é uma coisa parva, não é desafio nenhum. Qualquer um pode fazer isto”.

 

O Corvo questionou a Câmara Municipal de Lisboa sobre a dimensão do problema e sobre as possíveis soluções para o mesmo, mas não recebeu resposta até ao momento da publicação deste artigo.

 

  • Tuga News
    Responder

    [O Corvo] Graffiti está fora de controlo na Calçada do Lavra e já é uma atracção turística https://t.co/GIb0HVpbyl #lisboa

  • Cláudia Rocha
    Responder

    Era imputar os custos das pinturas e limpezas à Junta.

  • Tania Fortuna
    Responder

    O flagelo deste tipo de vandalismo era diminuído ao criar um imposto extraordinariamente alto em cada lata comprada.
    O resultado desse imposto serviria para pagar a limpeza.

  • Mario Fernandes
    Responder

    Façam uma limpeza a tudo, instalem câmaras durantes uns meses como há no Bairro Alto, informem essas empresas de tours de arte urbana que já não há ali nada para ver, e o problema desaparece com o tempo. Dá trabalho, tem custos, mas trata-se de uma zona histórica emblemática junto a um monumento nacional (o elevador), e como está dá uma péssima imagem da cidade. Uma cidade de terceiro mundo nos anos 80. Desleixo convida vandalismo.

  • Mario Fernandes
    Responder

    E é curioso verificar como nesta cidade ninguém se responsabiliza por nada. As juntas dizem que não podem fazer nada, a câmara também, e a polícia também. Para isto, para os traficantes de droga na Baixa, para a publicidade ilegal que cobre fachadas, para tudo. Então servem para quê? São pagos para quê?

    • João Fernandes
      Responder

      De facto a recorrência da resposta “Não podemos fazer nada” da parte das Juntas e da CML já chega a roçar o absurdo !

  • Ana Lúcia Duarte
    Responder

    Tratem-nos como criminosos

  • Paulo Ramos
    Responder

    No Alto da Ajuda começou não andaram a apoia-los aturem-nos

  • Ana Carla Lino
    Responder

    Em todo lado :(… é demais!

  • Tom Davis
    Responder

    Bravo Samuel! Também as Escadas do Monte estão a ser destruídos nesta guerra, que tristeza. Os burros estão a ganhar. Só com a polícia e fiscalização e montes do dinheiro podemos atentar resolver o problema – e dinheiro não tem.

  • Miguel Monteiro Pereira
    Responder

    Vasco Morgado e a freguesia no seu melhor, daqui a nada já vem a praia do Torel , também da sua iniciativa, para piorar mais a porcaria que se esta a tornar a zona. Tem piada a quantidade de parcerias parvas que a junta de Santo António tem.

  • Ines B.
    Responder

    E nas Escadinhas da Achada e na Costa do Castelo o mesmo cenário desolador: taggs e graffitis por todo o lado. Puras imitações do que já se fazia nos anos 80, um pastiche sem nada de inovador (aliás, são muito poucos os grafiters cuja estética é inovadora) … É tal a aceleração do fenómeno que eles agora já nem respeitam o trabalho uns dos outros, como nas Escadinhas do Castelo ou nas de S. Cristovão, onde se podiam encontrar graffitis em diálogo com os respectivos lugares. E sim há estrangeiros que vêm fazer turismo graffiteiro e, em resposta a interpelações, dizem que pensavam que era legal!!!!

  • José
    Responder

    Que pais de um terceiro mundo, é este Portugal.

  • José
    Responder

    Não vivemos numa anarquia????

  • M.P. Carvalho
    Responder

    Digam aos Srs políticos da CML o que é a vídeo-vigilância, e digam-lhes também que existe polícias municipal .. “ah e tal o turismo em lx é maravilhoso, estão a vir mais xyx milhares de turistas todos os dia, blá, blá, blá …. ” Bahhh

  • José Pedro Penha Lopes
    Responder

    Tenho andado a conter-me quanto às informações prestadas pela Junta de Santo António, ex-Junta de S. José, que alega ter “gasto alguns milhares de euros para manter as paredes minimamente aceitáveis”.
    Estanto eu citado neste artigo, estranhamente com morada definida e tudo, estou perfeitamente à-vontade para contrariar esta afirmação.
    Nunca houve da parte das entidades oficiais qualquer preocupação quanto ao estado das paredes da Calçada ou tentativa de reparação das mesmas, e os gastos efectuados pelos proprietários para repor ou manter o bom estado da pintura dos prédios, têm sido suportados apenas pelos próprios.
    Só muito recentemente, há cerca de 2 meses, e após ter alertado pessoalmente a Presidente da Junta de Arroios, Margarida Martins, algumas pinturas foram feitas pontualmente, tendo daí decorrido as agressões mencionadas.
    No entanto, acho que é de louvar este artigo e, suponho, parece positivo o envolvimento que ele parece estar a provocar junto das entidades oficiais.

  • Zé Pedro Penha Lopes
    Responder

    Tenho andado a conter-me quanto às informações prestadas pela Junta de Santo António, ex-Junta de S. José, que alega ter “gasto alguns milhares de euros para manter as paredes minimamente aceitáveis”.
    Estanto eu citado neste artigo, estranhamente com morada definida e tudo, estou perfeitamente à-vontade para contrariar esta afirmação.
    Nunca houve da parte das entidades oficiais qualquer preocupação quanto ao estado das paredes da Calçada ou tentativa de reparação das mesmas, e os gastos efectuados pelos proprietários para repor ou manter o bom estado da pintura dos prédios, têm sido suportados apenas pelos próprios.
    Só muito recentemente, há cerca de 2 meses, e após ter alertado pessoalmente a Presidente da Junta de Arroios, Margarida Martins, algumas pinturas foram feitas pontualmente, tendo daí decorrido as agressões mencionadas.
    No entanto, acho que é de louvar este artigo e, suponho, parece positivo o envolvimento que ele parece estar a provocar junto das entidades oficiais.

  • Zé Pedro Penha Lopes
    Responder

    Parece que a pressão funcionou, a Calçada começou a ser pintada pela CML

  • Zé Pedro Penha Lopes
    Responder

    Mas dura pouco…

  • Zé Pedro Penha Lopes
    Responder

    Muito pouco

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