O combate à praga do escaravelho das palmeiras está a falhar em Lisboa. A situação não surpreende o vereador José Sá Fernandes, responsável pela Estrutura Verde e pela Energia, que já há um ano vaticinava que ela poderia ser devastadora, se o Estado e os municípios limítrofes da capital não actuassem em conjunto com a autarquia lisboeta.
E é isso que está a acontecer. A estratégia falha, diz Sá Fernandes, “por falta de actuação do Estado e também por falta de actuação dos municípios limítrofes. Porque o escaravelho voa 10 a 15 quilómetros por dia, é voraz e tem cada vez mais resistências a remédios e a armadilhas”.
“É impossível combater a praga do escaravelho das palmeiras, se todos os intervenientes não tiverem o mesmo tipo de atenção. E Lisboa está quase isolada” nesta luta, disse José Sá Fernandes, na reunião de executivo, realizada na tarde desta quarta-feira, respondendo à interpelação feita pelo vereador Carlos Moura, da CDU. Moura questionou o executivo, perguntando se a Câmara dispõe dos meios eficazes para pôr fim a este problema.
Sá Fernandes referiu que a acção da câmara está limitada, uma vez que “não pode intervir, quando se trata de palmeiras existentes em propriedades do Estado, a quem cabe a responsabilidade de agir”, seja tratando as palmeiras doentes, o que é muito caro, seja incinerando-a, a única forma de evitar que o escaravelho voe para outras árvores. A autarquia também está impedida de notificar os particulares, quando são eles os proprietários, porque isso compete ao Ministério da Agricultura, explicou Sá Fernandes.
O vereador responsável pela Estrutura Verde, que há cerca de um ano desencadeou a luta pela salvaguarda destas árvores, diz que o combate à praga do escaravelho vermelho “não é uma prioridade para o Ministério da Agricultura”.
A Câmara Municipal de Lisboa organizou, há pouco tempo, um seminário para tentar delinear um combate conjunto à praga, mas não obteve resultados. “Para o Ministério da Agricultura, as prioridades são o trigo, o sobreiro e o pinheiro, não as palmeiras, que são árvores ornamentais e não representam uma actividade económica”.
“E vamos sofrer”, prevê Sá Fernandes. Porque nós (câmara) informamos quais são as árvores a tratar mas, se não houver actuação e se não tivermos o apoio do Estado, não resulta”.
A câmara monitoriza 300 a 350 palmeiras, mas até essas poderão vir a ser atingidas pela praga, tendo em conta as capacidades do escaravelho vermelho e a resistência cada vez maior que revela aos remédios.
Texto: Fernanda Ribeiro
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