Metro diz que usar quatro carruagens na Linha Verde seria “desperdício de meios”

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Samuel Alemão

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Cidade de Lisboa

18 Novembro, 2016




O problema estará, afinal, relacionado com a escassez de carruagens motoras. Reconhecendo a carência de meios materiais, a administração do Metropolitano de Lisboa justifica a utilização de composições de apenas três carruagens na Linha Verde, em detrimento das quatro usadas até 2012, com a necessidade de racionalizar o parque de material circulante.

Em causa estará, de acordo com a resposta escrita enviada a uma questão levantada por O Corvo, a reduzida disponibilidade de unidades com capacidade de locomoção. “A utilização de composições de quatro carruagens exige uma utilização intensiva de carruagens motoras e um elevado subaproveitamento das carruagens não motoras”, alega a transportadora, em nota remetida através da sua agência de comunicação.

“Face às características presentes da rede do Metro de Lisboa, a utilização deste modelo de forma pontual numa única linha origina um desperdício de meios desproporcional ao aumento da capacidade que pode gerar”, afirma a administração da empresa pública, em resposta à seguinte questão d’O Corvo: qual a razão para que, na Linha Verde do metropolitano, circulem composições com três carruagens e não com quatro, que é a capacidade actual da estação de Arroios?

A incapacidade desta infra-estrutura para acolher comboios com seis carruagens tem sido frequentemente mencionada como motivo para o uso de composições reduzidas a três unidades. Razão pela qual, aliás, a estação será encerrada para obras, durante 18 meses, a partir do próximo verão. Terminada a referida intervenção, a estação poderá receber seis carruagens.

Mas tal promessa estará longe de servir como resposta satisfatória aos muitos utentes que, diariamente, se acotovelam para tentar viajar naquela linha. Sobretudo porque se sabe da capacidade de Arroios para acolher composições com quatro carruagens – como acontecia, de resto, até o anterior Governo ter decidido amputar os comboios da ligação entre Telheiras e Cais do Sodré, alegando necessidade de poupanças.

A isso, os dirigentes da empresa pública respondem que “a utilização deste modelo de composições de quatro carruagens em toda a rede do Metro permitiria um aumento da capacidade numa única linha, em detrimento de todas as outras três linhas, o que reduziria muito a capacidade instalada, para além do inerente subaproveitamento excessivo das carruagens não motoras”.

Ainda de acordo com a mesma argumentação dos responsáveis pela gestão do metro, a cargo da Transportes de Lisboa – que também administra a Carris e é chefiada por Tiago Farias, antigo diretor de mobilidade da Câmara Municipal de Lisboa, durante a presidência de António Costa -, “o modelo utilizado atualmente, com composições de três e seis carruagens, permite assim gerir de forma mais eficaz e otimizada os recursos disponíveis”.

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COMENTÁRIOS

  • Manuel Guedes
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    Boa atitude.
    Gosto de quem nomeia os responsáveis e os seus argumentos.

  • Carla Lopes
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    Viver na sardinha em lata. Nem no fim-de-semana vão mais vazias. Especialmente quem anda com crianças ou para a população mais senior por vezes é problemático andar no metro, o carro pode continuar a ser a melhor opção.

  • José Neves
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    A estação dos Anjos só dá para 3 carruagens, necessitando de obras de ampliação…

    • António Pedro Borges Cruz
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      Na verdade dá para 4. Não dá é para 6

    • Nuno
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      Você alguma vez pôs os pés na estação dos Anjos? A estação tem capacidade para SEIS carruagens desde 1963, quando foi construída. Por que raio se acham as pessoas no direito de botar palavra quando não sabem nada de coisa nenhuma??

      • NUNO
        Responder

        1966, não 1963.

    • José Neves
      Responder

      Tem razão, passei por lá ontem. Peço desculpa pelo engano. Vai ter de ser aumentada para 6

    • Duarte
      Responder

      A única estação da linha verde que não suporta 6 carruagens e a estação Arroios. as restantes estações já estão habilitadas para receber 6 carruagens

  • João Fernandes
    Responder

    A gestão de um serviço como o metro não pode ser baseada em critérios unidimensionais. Segundo esta lógica apresentada, qualquer serviço público que esteja actualmente em dificuldades poderia optar pela redução ou reorganização de meios com o propósito exclusivo de contenção de custos independentemente do efeito nocivo que causa nos utentes.

    Sugiro ao Tiago Farias a utilização diária da linha verde para ver se gosta !

  • Julia Rocha
    Responder

    Só é desperdício de meios porque os Srs. Administradores não andam de Metro . Todas as estações da Linha Verde comportam quatro carruagens. Aliás comportam seis, com excepção de Arroios. Mas os utentes não reclamam seis carruagens, reclamam que seja reposta a quarta carruagem. faz toda a diferença

    • Joaquim Xavier Lopes
      Responder

      As composições de 4 carruagens só podem ser feitas com 4 carruagens motoras.
      Não é possivel com o material circulante actual criar composições com 2 carruagens motoras e 2 carruagens não motoras.
      O problema é que não há motoras suficicientes para duplicar o numero delas em circulação na Linha Verde.

  • Rui Aires
    Responder

    Mas são parvos?

    • Joaquim Xavier Lopes
      Responder

      As composições de 4 carruagens só podem ser feitas com 4 carruagens motoras.
      Não é possivel com o material circulante actual criar composições com 2 carruagens motoras e 2 carruagens não motoras.
      O problema é que não há motoras suficicientes para duplicar o numero delas em circulação na Linha Verde.

    • Rui Aires
      Responder

      Ah obrigado. A notícia sugere outras interpretações.

  • Joaquim Xavier Lopes
    Responder

    As composições de 4 carruagens só podem ser feitas com 4 carruagens motoras.
    Não é possivel com o material circulante actual criar composições com 2 carruagens motoras e 2 carruagens não motoras.
    O problema é que não há motoras suficicientes para duplicar o numero delas em circulação na Linha Verde.

    O prolongamento das linhas, não sendo acompanhado pelo aumento do material circulante disponivel, leva a que haja menos composições por km, e à consequente necessidade de adaptação que tem sido feita à custa do aumento de tempo de espera.
    “É o dilema do cobertor curto”

    • José Lopes
      Responder

      Não, não é o dilema do cobertor curto! É antes o dilema do desinvestimento na manutenção dos equipamentos. Existem n composições paradas, muitas delas a servir de fornecedor de peças para as que circulam.
      Quer ver que antes de 2012 eram tontinhos e circulavam 4 carruagens!
      Os criminosos do anterior governo fizeram foi um desinvestimento total na empresa para a tornar apelativa a uma privatização, como aliás fizeram com outras. O actual governo faz-se de parvo e não desbloqueia o dinheiro para meter o Metro a funcionar normalmente.

  • Tania Fortuna
    Responder

    A Linha Verde será sempre o parente pobre do Metro de Lisboa.

  • Sidónio Pais
    Responder

    Desperdício de meios é o dinheiro é o dinheiro que se gasta com esses gestores

  • Joao Villalobos
    Responder

    Metro diz que usar quatro carruagens na Linha Verde seria “desperdício de meios” https://t.co/nwnT4JV2EE

  • Nuno Aguiar
    Responder

    RT @joaovillalobos: Metro diz que usar quatro carruagens na Linha Verde seria “desperdício de meios” https://t.co/nwnT4JV2EE

  • Carlos Moura
    Responder

    É interessante verificar como este argumento esbarra no que era a realidade do Metropolitano antes do Governo Passos Coelho ter determinado a retirada da quarta carruagem da Linha Verde.
    1-Todas as outras linhas funcionavam já com seis carruagens , como aliás actualmente.
    2- Os intervalos de tempo entre composições eram menores e a velocidade de exploração era maior, donde existiam mais composições de seis carruagens a circular nas outras linhas.
    3- A estação do Aeroporto foi aberta antes da diminuição de quatro para três carruagens na linha verde, donde não foram retiradas carruagens para suprir a falta na linha vermelha. A única operação que o poderia justificar seria o alargamento até Reboleira, mas nem essa justificativa seria muito credível dada a redução mito sensível das frequências na linha azul.
    4- De acordo com os dados disponíveis, até fornecidos pela própria administração do Metropolitano, existem neste momento 20 carruagens que se encontram paradas, algumas aguardando há longo tempo reparação à qual não se procede, estando a ser “canibalizadas” para componentes de outras carruagens em circulação.
    Estas quatro razões e mais a incompreensível alegação da não introdução de quatro carruagens por implicar o desaproveitamento de material motor (duas motores e duas reboques, em lugar de uma motor e duas reboques), não é um argumento que uma empresa de serviço público possa aduzir. Uma vez que a mobilidade prestada aos cidadãos não é um custo da empresa mas um custo social pago através dos impostos pelo cidadão. Donde não é a aquisição de um serviço, mas uma utilização que está já adiantadamente paga e que passes e bilhetes visam apenas diminuir o peso ao Estado, o que é compreensível porque nem todos os contribuintes nacionais são utentes do metropolitano de Lisboa embora tenham esse direito, e quem diz Metropolitano de Lisboa diz Carris, Soflusa, STCP, Metro do Porto (aqui com algumas nuances dada a sua natureza).
    Não colhe portanto o argumento utilizado.
    O único argumento de facto é a contenção de custos para não obrigar à reparação, manutenção e modernização das carruagens e composições do Metropolitano. O mesmo vale para acessos em escada rolante e elevadores às estações e à disponibilidade de Bilhetes nas máquinas de venda.
    Poderia ainda falar-se da Bilhética em termos gerais, mas seria uma outra longa conversa.
    Carlos Moura (Vereador do PCP na Câmara Municipal de Lisboa)

    • José Lopes
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      Ora nem mais!

    • Tom
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      Carruagens há, já os maquinistas para as operar…

  • Bloco em Lisboa
    Responder

    Como noticia o jornal on-line O Corvo o problema da linha Verde estará, afinal, relacionado com a escassez de… https://t.co/xebqoXpaZI

  • Liliana Borges
    Responder

    RT @joaovillalobos: Metro diz que usar quatro carruagens na Linha Verde seria “desperdício de meios” https://t.co/nwnT4JV2EE

  • Gonçalo Waddington
    Responder

    Gente que vive noutro planeta. https://t.co/pUHHwrJboq

  • Pedro Prola
    Responder

    Metro diz que usar quatro carruagens na Linha Verde seria “desperdício de meios” https://t.co/lWamtBcnkM

  • Nuno Alexandre
    Responder

    RT @pedroprola: Metro diz que usar quatro carruagens na Linha Verde seria “desperdício de meios” https://t.co/lWamtBcnkM

  • Filipe Germinal
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    RT @pedroprola: Metro diz que usar quatro carruagens na Linha Verde seria “desperdício de meios” https://t.co/lWamtBcnkM

  • Rui Martins
    Responder

    incrivelmente esta Administração do Metro continua em funções:
    https://t.co/BNX32QOz2r https://t.co/qobinUhxdu

  • Carlos Maciel
    Responder

    Metro diz que usar quatro carruagens na Linha Verde seria “desperdício de meios” https://t.co/q8hK1vlz6H

  • Rui Sadio
    Responder

    O que o Metro quis dizer foi que usar quatro carruagens (motoras) teria um custo bastante superior em termos de consumo de energia elétrica. Não é por acaso que a partir das 21h só circulam composições de 3 carruagens em todas as linhas. Os meios existem, como existiam até 2012.

  • Maria Papoila Silva
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