O recente anúncio dos planos para a construção, dentro em breve, de mais duas estações da rede do metropolitano de Lisboa, em Santos e na Estrela, numa nova extensão ligando o Cais do Sodré e o Rato, deixou um travo amargo aos autarcas das freguesias de Alcântara, Belém e Ajuda. A, há muito aguardada, expansão do sistema de transporte para aquela área da cidade parece, mais uma vez, ter ficado na gaveta da administração central.

 

A situação estará a causar perplexidade junto dos eleitos pelas três juntas de freguesia da zona ocidental da capital, que poderão vir a tomar uma posição comum, na próxima semana. “Tínhamos esperança que, por o Governo ser, agora, da mesma cor política da câmara, houvesse uma maior sensibilidade. Mais uma vez, fomos esquecidos, continuamos a ser muito mal tratados. Estamos muito aborrecidos”, diz ao Corvo Fernando Ribeiro Rosa (PSD), presidente da junta de Belém.

 

“Até parece que Belém e a zona ocidental não fazem parte de Lisboa. Deveriam olhar para a cidade de forma homogénea, não continuar a esquecer uma área que já é tão mal servida de transportes”, critica o autarca social-democrata, expressando um descontentamento partilhado pelos seus congéneres socialistas de Alcântara, David Amado, e da Ajuda, José António Videira – que O Corvo tentou ouvir, tendo-se o primeiro escusado a comentar o assunto, por agora, e o segundo estado incontactável na tarde desta quinta-feira (6 de outubro). David Amado promete uma reação dentro de dias.

 

O único a assumir publicamente, neste momento, o sentimento de frustração é o autarca de Belém. “Já perdi a esperança de assistir, ainda em vida, à chegada do metro a esta parte de Lisboa. Talvez os nossos filhos ou netos tenham essa sorte”, diz Fernando Rosa, dando voz à sensação de profunda decepção pelo sempre adiado alargamento daquele meio de transporte à zona poente da capital. Mesmo que o mesmo esteja previsto, há décadas. A última versão conhecida do programa de expansão do metro, incluindo a zona ocidental de Lisboa, contemplava ligações ao pólo universitário da Ajuda e a Algés.

 

A certeza de que tais planos continuarão a não passar de sonhos longínquos foi dada por Tiago Farias, presidente da Transportes de Lisboa, na segunda-feira (3 de outubro), em entrevista ao PÚBLICO, quando assumiu que a prioridade do Metropolitano passaria por ligar as linhas amarela e verde, com o surgimento de estações na Estrela e Santos. Segundo o mesmo responsável, a decisão final caberá agora ao governo liderado por António Costa.

 

Uma realidade que, sabe O Corvo, deverá resultar, a breve prazo, numa reunião entre os três presidentes de junta e em eventual tomada de posição conjunta. A continuação da existência de bairros muito mal servidos pela rede de transportes públicos é um motivo de preocupação maior. “Existem zonas, sobretudo na Ajuda e Alcântara, muito isoladas. Este anúncio é uma desilusão”, diz um autarca desta zona eleito pelo PS.

 

Tiago Farias foi nomeado, pelo actual governo, no início deste ano, para a direcção dos Transportes de Lisboa – entidade que tutela o Metropolitano, a Carris e a Transtejo – e era o diretor de mobilidade da Câmara Municipal de Lisboa.

 

Texto: Samuel Alemão

 

  • Ana Maria Diogo
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    Parentes pobres!

  • Manuel Guedes
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    O caso de Alcântara, então, é uma vergonha sem fim!
    Um dos principais interfaces de entrada em Lisboa… exigia-se que entre a Estrela e Santos o caminho tivesse – pelo menos – mais essa paragem!

    • Jorge Parente Baptista
      Responder

      Alcantara não fica na mesma linha entre a Estrelane Santos.

    • Manuel Guedes
      Responder

      Claro que não fica na mesma linha, porque são 3 paragens. Faz, naturalmente, o triângulo.

      1) Do Rato sobe à Estrela;
      2) Da Estrela desce a Alcântara;
      3) De Alcântara vai em linha recta até Santos.

  • Ana Rita Sá Pimentel
    Responder

    têm noção que a água já faz muitos estragos em Alcântara ao nível da rua?? querem o metro num canal de água subterrâneo?????

    • Jorge Parente Baptista
      Responder

      Isso não é problema. Alcântara é outra linha. Apenas isso.

    • Nuno Taborda
      Responder

      Alcântra tem comboio !
      Para quem não sabe, as “ordens superiores” são: não tirar passageiros ao comboio !
      Por isso esteve a estação da Reboleira anos fechada sem a ligação ao comboio !!

    • Manuel Guedes
      Responder

      Mas qual “tem muita água”?
      Muita água tinha a Praça do Comércio e fez-se a estação mesmo colada ao rio… em Alcântara há só os restos da ribeira, seca-se em 3 tempos.

      E é precisamente por Alcântara ser um interface (comboios em Alcântara-Mar e Alcântara-Terra, para além da paragem dos TST que atravessam a ponte) que tem lógica ter metro.
      Precisamente para escoar as entradas e facilitar as saídas da cidade.

      E essa questão da Reboleira é como a lógica da batata.
      De comboio faz-se em 17 minutos, indo-se de metro demorava-se mais do dobro do tempo… obviamente que não retira passageiros nenhuns ao comboio.

  • Carlos Barbosa
    Responder

    É nestas coisas que Lisboa continua a anos luz de ser uma capital europeia.

  • Vic Vaporub
    Responder

    a arte urbana, vulgo vandalismo, chegou ao metro.

  • Paula Gomes
    Responder

    Infelizmente são os incapacitados para a vida e o tamanho do cérebro e menor que de uma ervilha, talvez um bago de arroz, e mesmo assim acho que é grande demais!

  • Rui Dos Santos
    Responder

    O Metro não tem uma cobertura eficaz da cidade. Alcantara, Belém, Ajuda, Estrela, Santos, Campo Ourique, Amoreiras / Campolide, Marvila, Xabregas, etc

  • Ines B.
    Responder

    Alcântara e Belém são servidos pelo comboio, que poderá é ser melhor articulado com o metro. Já Ajuda, sim faz sentido, prolongando uma linha que venha de Campo de Ourique (enquanto isso não acontece-se incremente-se a frequência do eléctrico 18). É preciso também ter lata quando o Presidente da JF de Belém, com o seu habitual aproveitamento político, vem dizer que Belém é “mal servida de transportes”. É falar de cor, porque este presidente não anda de transportes públicos. Se há bairro de Lx que é bem servido de transportes é o de Belém, mesmo na degradante conjuntura actual dos transportes da capital.

  • Paulo Magalhães
    Responder

    Da maneira em como ele está deixem lá que não perdem muito

  • João Medeiros
    Responder

    Tinham que ser gajas… vejam lá se Santos ou Cais do Sodré se importaram?

  • João
    Responder

    Alguém sabe como está a situação da ligação a Campolide?

  • Hélder Cotrim
    Responder

    Uma questão simples:
    Alguém frequenta o ramal de Alcântara, com aquela ligação preciosa à linha de cintura e às zonas centrais de Lisboa?
    Se sim, basta entender que aquele bocadinho de linha é do pior que existe em toda a área metropolitana de Lisboa – até é uma miserável via única, com túnel – os comboios têm de circular de meia em meia hora, a estação de Alcântara parece saída de um filme meio Lynch ou neorrealista e a vontade em tirar partido da linha, enquanto metropolitano ligeiro de superfície, que seria precioso, é nula.
    Nunca se consegue entender porquê, a não ser pelo mito da ligação da linha de Cascais à cintura, que é impossível, a não ser à custa de viadutos brutalmente pesados em Alcântara, coisa que me parece que já chega.
    Em contrapartida, vai haver um elevado investimento na Av. de Ceuta, meio inteligente meio pateta, ficamos à espera para ver o balanço.
    E se o ramal de Alcântara deixasse de ser aquela coisa manhosa e fosse uma base para veículos sobre carris do século XXI.
    Era coisa bem feita, mas não… vamos lá continuar a “varrer o lixo” para debaixo do tapete.

  • Bei
    Responder

    Porque razão passam duas linhas na Estrela (vermelha na basílica e verde sob o jardim) e não se cruzam?!!!

  • Ana Paula Sobral Cardoso
    Responder

    O Passe Navegante urbano permite utilizar a linha de comboios de Cascais até Belém, se se tentar sair em Algés o sistema já não o permite.

    Uma sugestão para o aproveitamento das estações de Alcântara Terra e Alcântara Mar:

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