Arquivos Universitários

Resumos e conferencistas | 5 de julho

Título da comunicação: Arquivos universitários na encruzilhada do passado, presente e futuro: O caso do Arquivo Histórico dos Museus da Universidade de Lisboa, Museu Nacional de História Natural e da Ciência.

Resumo:

O Arquivo Histórico dos Museus da Universidade de Lisboa, localizado no Museu Nacional de História Natural e da Ciência (MUHNAC), é simultaneamente um repositório de fundos de instituições relevantes para a história da investigação e educação das ciências em Portugal desde o século XVII, mas também um arquivo histórico de museu, que inclui – através de fontes como inventários, iconografia, dados de laboratório, cadernos de expedições, sebentas e notas de alunos – os dados sobre as colecções científicas e histórico-científicas do Museu, bem como a transferência de objectos, espécimes e conhecimento entre múltiplas instituições científicas em Portugal e no estrangeiro. Esta dupla vertente do Arquivo tem servido de âncora para um trabalho que o Museu tem vindo a desenvolver nos últimos anos com parceiros em Portugal e no Brasil no sentido de devolver centralidade às colecções científicas na investigação e ensino pós-graduado em diversas áreas das humanidades e das ciências. Recentemente, o Arquivo Histórico dos Museus da Universidade de Lisboa integrou também os fundos do Observatório Astronómico de Lisboa, na Tapada da Ajuda. Nesta comunicação, será apresentado o Arquivo, bem como o trabalho que tem vindo a ser feito no que diz respeito à sua preservação e acessibilidade. Será ainda discutido, de uma forma mais geral, o papel central dos arquivos universitários como repositórios de dados para a investigação contemporânea.

Nota biográfica:

José Pedro Sousa Dias

Professor Associado na Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, onde é responsável pela disciplina de História da Farmácia e da Terapêutica. Licenciado (1981) e Doutorado (1991) em farmácia pela Universidade de Lisboa (1981), tem centrado o seu percurso como investigador na História das Ciências da Saúde. É membro do Centro de Estudos de História e Filosofia da Ciência (CEHFCi), tendo como actuais interesses de investigação, a história contemporânea das ciências biomédicas em Portugal, os aspectos científicos e sociais da história do medicamento (séculos XVII e XVIII) e a história da medicina e da farmácia na expansão e colonização portuguesa (séculos XVI a XVIII). Foi Pró-reitor da Universidade de Lisboa (2006-2009). De Setembro 2010 a Dezembro 2011, foi responsável pelas Comemorações do Centenário da Universidade de Lisboa. Actualmente preside à direcção do Museu Nacional de História Natural e da Ciência / Museus da Universidade de Lisboa.

Marta C. Lourenço

Investigadora dos Museus da Universidade de Lisboa/Museu Nacional de História Natural e da Ciência, onde coordena o Departamento de História e Cultura Material. Pertence ao Centro Interuniversitário de História da Ciência e Tecnologia (CIUHCT-pólo UL), tendo como principais interesses de investigação a história das colecções e dos museus, as colecções universitárias e o património científico. É vice-presidente da rede europeia UNIVERSEUM e membro das direcções da Scientific Instruments Commission (SIC-IUHPS), History of Physics Group da European Physical Society e ICOM-Portugal.

David Felismino

Licenciado em História e Pós-graduado em História Moderna pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Encontra-se a concluir uma dissertação de Doutoramento em História Moderna na mesma Faculdade, subordinado ao tema da mesa régia no século XVIII. É Assistente de investigação do Centro de História de Além-Mar (UNL) e membro associado da rede de investigação europeia ‘La Corte en Europa’ (UAM/FLUL). Colaborou em diversos projectos de investigação em parceria com universidades nacionais e estrangeiras. Os seus principais domínios científicos e interesses versam sobre história do quotidiano, dos consumos, da cultura e da ciência na Época Moderna. Desde 2011, é Investigador Bolseiro do Museu Nacional de História Natural e Ciência (UL) onde se tem dedicado ao estudo das antigas colecções científicas da Casa Real portuguesa (séculos XVII-XIX) e da Escola Politécnica de Lisboa (séculos XIX-XX).

Vítor Gens

Licenciado em Antropologia pelo Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa, pós-graduado e mestre em Ciências Documentais – Arquivo pela Universidade Autónoma de Lisboa. Colaborou em diversos projetos de planos de classificação de entidades públicas, e no tratamento e divulgação de arquivos. Desde 2008 é colaborador do MUHNAC (anterior MCUL) como arquivista (primeiro bolseiro FCT e atualmente contratado), tendo vindo a especializar‐se em arquivos históricos universitários.

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Título da comunicação: O arquivo do Centro de História da FLUL: memória institucional e catálogo (1954-1995), Centro de História, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Resumo:

O Centro de História desde da sua criação tornou-se uma instituição científica reconhecida no estudo da história portuguesa, tendo sido dos primeiros institutos em Portugal a consagrar-se ao estudo da História a um nível universitário, reunindo alguns dos historiadores contemporâneos mais eminentes. Neste sentido pretende-se apresentar nesta comunicação, em termos gerais, os aspectos mais relevantes da sua evolução institucional com o intuito de demonstrar a continuidade e as diferenças nas diversas fases da sua existência. Na definição deste trabalho considerou-se como horizonte cronológico os anos de 1954 a 1995. Muito embora o Centro tenha sido criado, oficialmente, em 1958, o arquivo definitivo integra alguns documentos referentes ao Centro de Estudos Históricos e Arqueológicos, antecedente do Centro em estudo. No que se refere à data limite foi estabelecido o ano de 1995, uma vez que a partir desta data se considera a documentação existente integrada no arquivo corrente da instituição.

Na segunda parte desta apresentação fixou-se com fim demonstrar o modo como foi efectuado o tratamento arquivístico do fundo documental do Centro de História da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Assim, em primeiro lugar, definem-se as características gerais dos arquivos das instituições de investigação científica. A seguir explica-se o método utilizado no tratamento da documentação. A tarefa passou por cinco etapas distintas: recolha, análise, classificação, descrição e acondicionamento. Posteriormente é referido o processo de construção do quadro de classificação. De seguida procura-se justificar a opção pelo recurso ao catálogo como forma adequada de representar a informação contida no arquivo definitivo do Centro de História da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Por fim apresenta-se o modo como foi construído o catálogo e as dificuldades encontradas na elaboração do mesmo.

Nota biográfica:

Tiago Pinto

Habilitações académicas:

Mestre em Ciências da Informação e Documentação, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, na vertente Arquivo.

Licenciado em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Experiência profissional:

Bolseiro de investigação no Centro de História da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, no âmbito do projecto: Memória e historiografia: fontes para a História portuguesa (sécs. XVIII-XX). – Estagiário de investigação no Centro de História da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Áreas de interesse científico/investigação:

História Contemporânea e Arquivística.

Publicações:

«Barbosa Colen», in Dicionário de Historiadores Portugueses: da fundação da Academia Real das Ciências ao final do Estado Novo (1779-1974) -

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Título da comunicação: Arquivo Digital História da Universidade do Minho (ADhum), Universidade do Minho.

Resumo:

Uma das preocupações do projeto de investigação “História da Universidade do Minho: da criação ao presente. Dinâmicas sociohistoricas e expansão da rede universitária portuguesa”, apoiado e financiado pela Fundação Carlos Lloyd Braga, Reitoria da Universidade, com protocolo de colaboração com o CITCEM, foi contribuir para a preservação, tratamento e divulgação do espólio documental da UMinho, de acordo com os objetivos da investigação.

Na ausência de uma política de arquivo firmada – de facto o projeto encontra-se em curso do ponto de vista concetual e logístico e a cargo da direção do ADB – optamos por uma solução de armazenamento digital da informação.

De momento, o arquivo digital está a ser construído, com o apoio do Centro de Computação Gráfica da Universidade do Minho. Em coordenação com o ADB, uniformizamos os critérios eletrónicos de reprodução de material documental assim como as respetivas normas de classificação.

O ADhum visa disponibilizar espécies documentais várias relacionadas com a história e memória da instituição universitária bem como materiais relevantes para a história da região e das cidades onde a instituição se integra. Incorpora, analogamente, materiais de suporte à investigação.

Nota biográfica:

Márcia Carolina Oliveira

Doutorada em Ciências da Documentação e Informação pela Universidade de Évora. Investigadora do Projeto “História da Universidade do Minho: da criação ao presente. Dinâmicas sociohistoricas e expansão da rede universitária portuguesa”. Membro integrado do CITCEM e membro colaborador do CEHFCi. Áreas de Interesse: História das Instituições, História do Livro e da Leitura e Bibliotecas.

Fátima Moura Ferreira

Professora Auxiliar do Departamento de História da Universidade do Minho, e membro integrado do CITCEM. Coordenadora do Projeto Interdisciplinar “História da Universidade do Minho: da criação ao presente. Dinâmicas sociohistoricas e expansão da rede universitária portuguesa”. Contemporanista. Áreas de interesse: saberes e poderes; agentes e instituições.

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Título da comunicação: O Arquivo de Botânica da Universidade de Coimbra, Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra.

Resumo:

Pretende-se apresentar a documentação/informação pertencente ao Arquivo de Botânica da Universidade de Coimbra (ABUC), assim como um conjunto de reflexões teóricas e metodológicas que têm acompanhado o trabalho de classificação, descrição, preservação e difusão da informação.

Situado cronologicamente entre os séculos XIX e XX, o ABUC engloba documentação/informação textual, fotográfica e fílmica.

O Arquivo de Botânica inclui documentação/informação do Jardim Botânico da UC (fundado em 1772 aquando da Reforma Pombalina da Universidade de Coimbra), do Herbário da Universidade de Coimbra (internacionalmente identificado pela sigla COI e o segundo maior da Península Ibérica, logo a seguir ao de Madrid), do Index Seminum (o mais antigo banco de sementes em Portugal), sendo que parte da documentação relativa ao Jardim Botânico encontra-se no Arquivo da Universidade de Coimbra. Paralelamente encontram-se no Departamento de Ciências da Vida da Universidade de Coimbra o Arquivo da Sociedade Broteriana (a primeira sociedade científica botânica em Portugal, fundada em 1880 por Júlio Henriques) e o Arquivo Pessoal e Familiar do Visconde de Vila Maior. Grande parte desta documentação/informação que encontra-se ainda inédita.

A apresentação focará os seguintes aspetos:

a) Dificuldades de ter uma visão sistémica do Arquivo de Botânica no Arquivo da Universidade de Coimbra; diversas alterações legislativas dedicadas ao Ensino Superior e mudanças orgânicas; constituição de coleções documentais nos anos 60 do século XX e a dificuldade de separação entre o pessoal e o institucional, o público e o privado e a dificuldade em restaurar os princípios da proveniência e da ordem original.

b) Descrição ao nível de inventário, elaboração de catálogos, índices e Tesauro de Botânica;

c) Necessidades de preservação, digitalização e reacondicionamento, sobretudo do arquivo fotográfico;

d) A disponibilização e o acesso à informação, hoje já parcialmente na Biblioteca Digital de Botânica, mas em breve através da plataforma ICA-AtoM, assim como a elaboração de um sítio próprio de divulgação da história da botânica da UC.

Nota biográfica:

Ana Margarida Dias da Silva

Nasceu em Coimbra onde se licenciou em História, variante de História da Arte pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra em 2003. Em 2006 terminou o Curso de Especialização em Ciências Documentação, ramo Arquivo pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Atualmente é aluna do 2º ano do Mestrado em Ciência da Informação e Documentação – especialização em Arquivística, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

Desempenha funções de técnica superior de arquivo desde 2004, ano em que realizou o estágio profissional no Arquivo da Universidade de Coimbra (01-07-2004 a 31-03-2005), onde também foi bolseira da Universidade (30-11-2005 a 30-11-2006) e integrou o Projeto “POS Conhecimento – Digitalizar para divulgar e preservar o conhecimento” (16-02-2007 a 30-06-2008). Foi bolseira de investigação do projeto “Prices, Wages and Rents in Portugal (1500-1900)”, coordenado pelo professor Jaime Reis, do Instituto de Ciências Sociais (1-09-2008 a 30-11-2010). Integrou o projeto “Recuperar o passado para o futuro: o acervo documental do antigo Mosteiro de Santa Clara-a-Nova” da Confraria da Rainha Santa Isabel (17-01-2011 a 17-06-2011).

Desde 2010 é responsável pelo arquivo da V. Ordem Terceira de S. Francisco da Cidade de Coimbra, tendo realizado uma exposição documental por ocasião do 352º aniversário da instituição e elaborado o projeto de candidatura aos apoios da Fundação Calouste Gulbenkian, integrando a equipa que viu a candidatura aprovada em Julho de 2012.

Trabalhou em regime de prestação de serviços no Arquivo de Botânica da Universidade de Coimbra (3-10-2011 a 29-06-2012), encontrando-se novamente no mesmo regime (Fevereiro- Outubro de 2013).

M. Teresa Gonçalves

Professora Auxiliar da Universidade de Coimbra, leciona no Departamento de Ciências da Vida da mesma Universidade e é investigadora do Centro de Ecologia Funcional. Tem participado, como coordenadora e colaboradora, em projetos sobre a ecologia de fungos micorrízicos, a sua área de investigação. Mais recentemente tem estado envolvida em projetos de História da Ciência dedicados ao acervo do Arquivo Botânica da Universidade de Coimbra.

 

António Carmo Gouveia

Doutorou-se em Eco­lo­gia pela Uni­ver­si­dade de Coim­bra, com tra­ba­lho em eco­lo­gia do mon­tado. Mais recen­te­mente, divide a sua inves­ti­ga­ção entre a eco­lo­gia de plan­tas inva­so­ras e a his­tó­ria da ciên­cia, como inves­ti­ga­dor no Cen­tro de Eco­lo­gia Fun­ci­o­nal da UC. Foi inves­ti­ga­dor visi­tante na Uni­ver­si­dade de Stan­ford e no CSIC-Doñana, em Sevi­lha. Neste momento, coor­dena o pro­jecto ”No trilho dos Naturalistas”, série docu­men­tal em qua­tro epi­só­dios que irão con­tar a his­tó­ria da botâ­nica em Por­tu­gal, prin­ci­pal­mente na sua liga­ção às anti­gas coló­nias em África, um per­curso indis­so­ciá­vel da Uni­ver­si­dade de Coim­bra.

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Título da comunicação: Os Arquivos Universitários: uma fonte para o estudo da formação profissional de arquivistas e bibliotecários em Portugal, Mestre em CID pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

Resumo:

A formação de arquivistas e bibliotecários, que inicialmente começou por ser obtida pela via da prática quotidiana e da experiência obtida em instituições, como as Bibliotecas e Arquivos Nacionais ou em escolas e associações profissionais tende, a partir da segunda metade do século XIX, a institucionalizar-se no meio universitário, ainda que limitada a algumas disciplinas integradas noutros cursos.

No seguimento dessa tendência, em Portugal, por decreto de 29 de Dezembro de 1887, foi criado o Curso Superior de Bibliotecário-Arquivista (CBA) e integrado no Curso Superior de Letras, a primeira formação de nível superior destinada à preparação técnica de bibliotecários e arquivistas. Com a criação da Universidade de Lisboa, em 1911 o curso passa definitivamente para a esfera universitária, dando-se a equiparação das cadeiras do curso às da Faculdade de Letras então criada.

Reestruturado e regulamentado ao longo da Primeira República e da Ditadura Militar, será transferido para a Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, em 1935 onde permaneceu durante cerca de meio século até à década de 80, como a única estrutura formativa de bibliotecários e arquivistas, em Portugal que habilitava ao desempenho dessas funções em arquivos e bibliotecas do Estado.

A extinção do CBA (1982) e a criação dos Cursos de Especialização em Ciências Documentais (CECD) em Coimbra (1982), Lisboa (1983) e Porto (1985) permitiu um alargamento da oferta formativa e uma “pulverização” deste tipo de formação, tanto em instituições de ensino superior público, como privado. No limar do novo milénio deu-se o aparecimento da primeira licenciatura (Faculdade de Letras da Universidade do Porto) e, mais recentemente, no contexto do processo de Bolonha, a adaptação dos antigos CECD a cursos de Mestrado e o aparecimento dos primeiros cursos de Doutoramento.

A consciência da necessidade de conhecer a realidade vigente nos Arquivos Universitários, tem despertado o interessente não só de profissionais da área, como de investigadores no que respeita ao tratamento técnico da documentação e nas potencialidades de estudo que estes encerram.

Um desses temas é o estudo da formação profissional superior de arquivistas e bibliotecários, que ao longo de mais de 125 anos, tem vindo a ser ministrada nas Universidades portuguesas e da qual resultou a produção de informação de natureza diversa, mas de inegável importância para o estudo desta temática.

Nesse sentido, é propósito desta comunicação, partilhar a experiência de contacto com um Arquivo Universitário, no âmbito da realização da dissertação de mestrado em Ciências da Informação e da Documentação, nomeadamente o Arquivo da Universidade de Coimbra e abordar a importância e as potencialidades dos Arquivos Universitários, enquanto fontes de informação para o estudo da formação profissional no campo das Ciências da Informação e da Documentação, em Portugal.

Nota biográfica:

Diogo António Correia Vivas

Nasceu em Veiros (c. de Estremoz), em 1983. É licenciado em História (2005) e Pós-Graduado em História Contemporânea (2010), pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e Mestre em Ciências da Informação e da Documentação (área de especialização: Arquivística), pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (2013), com a dissertação intitulada: Mário Alberto Nunes Costa: a acção arquivística e bibliotecária. Presentemente é Bolseiro de Investigação da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), no Museu da Presidência da República no âmbito do Projecto Investigação Biográfica António José de Almeida. Os seus interesses incluem a história da Arquivística, a história da formação no campo das Ciências da Informação e da Documentação e no âmbito das políticas de informação e documentação, em Portugal.

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Título da comunicação: Tabelas genéricas de seleção de documentação do ensino superior e respetivos contextos de produção – exemplo francês, espanhol e britânico, Instituto Politécnico de Leiria.

Resumo:

A participação baseia-se na descrição sumária de três tabelas de seleção transversais para a documentação do ensino superior, produzidas a partir de três cenários organizativos europeus (exemplo francês, espanhol e britânico). Estas formas diferentes de trabalho conjunto (cooperação ministerial; colaboração de uma organização sem fins lucrativos, especializada na assessoria ao ensino superior com arquivistas e ex-dirigentes académicos e associação de arquivistas universitários) originaram tabelas que não são de cumprimento obrigatório, mas cujos parâmetros de avaliação comuns, são eficazes para instituições com pouco recursos.

No caso francês, uma ação conjunta ministerial (Ministério da Educação e Ministério da Cultura), coordenada pelos Arquivos de França, produziu um documento legal, uma instrução do seu Departamento da Politica Arquivística e da Coordenação Interministerial, Instruction Culture DAF DPACI/RES/2005/003 de 22.02.2005, dirigida às reitorias, inspeções de ensino, estabelecimentos de ensino superior, escolas secundárias, centros de formação, entre outros. Neste caso, a responsabilidade das recomendações é centralizada e abrange todo o ensino, incluindo o ensino superior.

No Reino Unido, a Joint Information Systems Committee (JISC) faz assessoria no âmbito da investigação e ensino superior, fornecendo serviços de gestão de informação e tecnologias de informação e comunicação, há cerca de 15 anos. Esta organização, sem fins lucrativos, iniciou a sua prestação de serviços na área da tecnologia digital, nomeadamente, no apoio a projetos de digitalização, na gestão de grande volume de dados para investigação e de plataformas digitais. A JISC gere e financia um conjunto de 84 projetos, com serviços de assessoria, sendo financiada pelo HECFE (Higher Education Funding Council for England), uma entidade privada que distribui os fundos governamentais do Ministério das Universidades e Ciência e do Secretário de Estado da Economia. Em 2007, a JISC elaborou, em conjunto com especialistas da área, um plano de classificação com funções e atividades – Higher Education Institutions Business Classification Scheme e uma tabela de seleção – Higher Education Institutions Records Retention Schedule (RSS), com prazos de conservação referente à estrutura das atividades do plano de classificação.

O ensino superior espanhol, inicialmente similar ao sistema diferenciado francês, sofreu uma lenta transformação, no século XX. As universidades absorveram as Escuelas Técnicas e colégios de ensino técnico, tornando-se num modelo unitário, como o britânico. Em 1994, cinco universidades geograficamente afastadas do centro de Madrid (Andaluzia, Canárias, Castela-Leão, Valência, Galiza) criaram uma associação de reitores de universidades – Conferencia de Rectores de las Universidades Españolas (CRUE). Esta estrutura possibilitou o nascimento de uma associação de arquivistas universitários – Conferencia de Archiveros de las Universidades Españolas (CAU), que realiza projetos conjuntos para melhorar o património documental universitário. O grupo de trabalho de identificação e avaliação de séries trabalha a partir de um modelo descritivo comum, onde o arquivista de cada universidade escolhe uma série e apresenta prazos de conservação e destino final, posteriormente reavaliados pelo grupo.

O sistema binário nacional é impulsionado pela ação de duas forças, o CRUP (Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas) e CCISP (Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos), podendo a crescente escassez de alunos e respetiva diminuição de capacidade económica, eventualmente, aumentar uma dinâmica competitiva. O regime jurídico das instituições do ensino superior (Lei 62/2007) promoveu padrões de organização interna semelhantes, promovendo a centralização de serviços e com exceção dos doutoramentos e dos cursos de especialização tecnológica, a documentação é semelhante, uma vez que ambas as instituições desenvolvem investigação e emitem certificação relativa aos cursos de 1º e 2º ciclo e pós-graduações.

Qual o contexto organizativo que poderá produzir uma tabela com prazos de retenção e destino final, agregada a um plano de classificação para o ensino superior, à semelhança do plano de classificação para a administração local, para os níveis 3º e 4º da Macroestrutura Funcional? Não havendo, como em Espanha, uma estrutura única que facilite a comunicação para os arquivistas da área, que cenário poderá despoletar as dinâmicas de cooperação entre arquivistas do ensino superior? Poderemos encontrar em organizações já existentes, um espirito propulsor para uma dinâmica colaborativa, à semelhança do JISC ou o impulso inicial só poderá ser levado a cabo por instâncias superiores (Ministério de Educação e DGLAB), não necessariamente tão formal, como no caso francês, tendo em conta as limitações de meios? Como poderemos cruzar os aspetos destes cenários organizativos, adaptando de forma original estas hipóteses de cooperação à realidade nacional, com o objetivo de encontrar um simples ponto de partida para um debate conjunto?

Nota biográfica:

Elsa Bento

Elsa Cristina Bento é arquivista na Divisão de Expediente, Arquivo e Reprografia (DEAR) dos Serviços Centrais, do Instituto Politécnico de Leiria, desde 2011. Participou nos projetos de avaliação dos fundos do Instituto de Participações do Estado (IPE) e do Instituto Regulador e Orientador dos Mercados Agrícolas (IROMA), no projeto de reestruturação do arquivo técnico da ANA – Aeroportos de Portugal para a empresa de gestão documental Clickdoc, colaborou na elaboração de uma Macroestrutura Temática para as “áreas-meio” do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental (CHLO), para a empresa Bsafe e participou do processo de descrição da documentação da Santa Casa de Misericórdia de Sintra.

Antes de ingressar na área de arquivo, trabalhou como jornalista, após conclusão do curso de formação em jornalismo, no Centro Protocolar de Formação de Jornalistas (CENJOR), para os jornais Independente e Público, assim como para a produtora Panavídeo, onde foi responsável pela realização do documentário “Vamos Jogar no Totobola”, entre outros, na década de noventa. Escreveu o livro infanto-juvenil “A turma do planeta azul” para a editora Impala e o guião para o videoclip infantil “Euro da Malta” para exibição no canal Panda.

Na área do ensino e formação, trabalhou como professora da disciplina Técnicas Jornalísticas, na Escola Profissional de Comunicação e Imagem (EPCI) e como formadora dos módulos de Metodologia do Projeto e Escrita Multimédia para a Forino e Citeforma.

Após uma vivência de dois anos em Marrocos, realizou uma pós-graduação em Estudos Orientais, na Faculdade de Ciências Humanas (FCH) da Universidade Católica, assim como estudou árabe, durante dois anos, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) da Universidade Nova de Lisboa (UNL).

Na FCSH-UNL concluiu uma licenciatura em Filosofia/Variante História das Ideias, tendo realizado, posteriormente, o mestrado em Ciências da Informação e Documentação (CID) também na mesma universidade, sobre o tema “Pontos fortes e pontos fracos da metodologia da DGARQ (Direção-Geral de Arquivos) para avaliação da documentação acumulada – o caso do jornal O Século”. Atualmente está a frequentar o doutoramento em Ciências da Documentação, na Facultad de Ciencias de la Documentacion da Universidad Complutense de Madrid, tendo como objetivo de trabalho o ensino superior, com o tema “A gestão documental nos arquivos do ensino superior português – levantamento de normas, recomendações e técnicas utilizadas na criação de documentos”.

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Título da comunicação: Novos desafios para a gestão da informação de arquivo em instituições do Ensino superior, Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas.

Resumo:

A comunicação apresenta alguns dados sobre a situação dos arquivos das entidades do ensino superior a partir do diagnóstico realizado no âmbito da Medida 15 da Resolução do Conselho de Ministros n.º 12/2012, salientando os principais fatores que condicionam a gestão da informação e a constituição de uma memória organizacional coerente. Efetua-se uma análise das políticas, recursos e instrumentos utilizados nos processos de gestão e tratamento da informação. Num segundo momento, destacam-se as propostas metodológicas da Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB) para potenciar uma qualificação dos sistemas de arquivo, particularmente as que garantem a interoperabilidade entre os diferentes sistemas de informação existentes e envolvem uma dinâmica colaborativa e de partilha de conhecimento.

Nota biográfica:

Pedro Penteado

É Diretor de Serviços de Arquivística e Normalização da Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e Bibliotecas. Assistente convidado do Mestrado em Ciências da Informação e da Documentação da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

Alexandra Lourenço

É Chefe de Divisão de Normalização e Apoio à Administração da Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e Bibliotecas. Assistente convidada do Mestrado em Ciências da Informação e da Documentação da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

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Título da comunicação: Sistemas de informação / Arquivo na era pós-custodial: o caso da Universidade de Coimbra, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.

Resumo:

No actual quadro da Sociedade da Informação, as instituições universitárias, estabelecimentos produtores/receptores de um vasto património arquivístico de inestimável interesse, por este constituir a memória indispensável ao trabalho histórico do ensino superior, da investigação científica e do desenvolvimento técnico, são confrontadas com numerosos desafios. O enfoque que tantas vezes se coloca, de forma generalizada e premente, no apetrechamento tecnológico e os problemas que neste domínio assomam excedem as questões lineares de maior ou menor rapidez no processamento e no acesso à informação.

Só tendo presente que a gestão da informação nas organizações é de relevância indiscutível e que, nesta mesma vertente, assume peso/valor decisivo o estudo diacrónico da estrutura orgânicofuncional da entidade, será possível alcançar o conhecimento integral do arquivo na sua dimensão sistémica e compreender a relação plena dos produtores da informação com o seu próprio s. i.. Neste plano, para otimizar o funcionamento do referido sistema, é de capital importância implementar medidas regulares de gestão como é a avaliação da informação. Nas instituições universitárias públicas, esta necessidade torna-se ainda mais aguda e crítica para uma real transparência administrativa e para a promoção do direito de acesso aos documentos, quer na sua fase activa pelos serviços quer na sua fase definitiva por parte de investigadores e cidadãos, em geral, perseguindo a excelência qualitativa do serviço público de verdadeira qualidade.

É no contexto geral exposto que apresentamos o caso do arquivo da administração da Universidade de Coimbra, atualmente objeto de acentuada tendência centralizadora dos serviços (administrativos, académicos, gestão financeira e patrimonial, etc.) e que se preconiza, para ele, o princípio essencial do controlo racional e disciplinado de toda a cadeia informacional, desde a produção, circulação, armazenamento até ao tratamento da informação.

Emergem, assim, urgentes a necessidade de tomar medidas de fundo quanto à gestão e à preservação da memória institucional, e o reconhecimento essencial de que os arquivistas, como gestores de informação e de s.i., desempenham um papel imprescindível neste processo organizacional, fundamental para o conhecimento do arquivo (s.i), enquanto recurso essencial para a gestão estratégica e prospetiva das instituições universitárias.

Nota biográfica:

Liliana Isabel Esteves Gomes

Assistente Convidada, desde 2007, da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC) – Departamento de Filosofia, Comunicação e Informação.

Mestrado em Ciências da Documentação e Informação, especialidade de arquivística, pela Faculdade de Letras, Universidade de Lisboa; Licenciada em História e pós-graduada em Ciências Documentais, opção de Arquivo e de Biblioteca e Documentação, pela FLUC; Tem desenvolvido a sua atividade profissional e de docência nas áreas da História, das Ciências Documentais e da Ciência da Informação, tendo também exercido funções como arquivista no Arquivo (AUC) e na administração da Universidade de Coimbra.

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