Crónica Convidada

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Afonso Duarte
Investigador de Pos-Doutoramento no Instituto de Tecnologia Química e Biológica António Xavier, Universidade NOVA de Lisboa e EGI Champion para a área das Ciências da Vida.

Computação na Cloud e na Grid: à distância de um click

Todos os dias somos inundados com informação. Seja através das redes sociais, televisão, rádio ou profissionalmente. A esta quantidade exponencial de informação é atribuído o nome genérico de Big Data. Nas disciplinas das Ciências da Vida (Biologia, Bioquímica, Química, Biotecnologia) a Big Data tornou-se incontornável, resultado dos avanços tecnológicos que nos deram acesso rápido e com alta precisão à informação genómica dos mais diversos organismos. Na mesma altura foram dados passos enormes no estudo das estruturas e dinâmica das moléculas que compõem as células. A combinação desta informação permite desenhar o que muitos chamam o “Facebook celular”. Este “Facebook celular” contém informação, a nível atómico, sobre a estrutura, dinâmica e interações de proteínas, açúcares e outras moléculas essenciais para a vida. Lendo este verdadeiro compêndio celular, temos acesso ao mecanismo de funcionamento de células e organismos, o que permite a investigadores e clínicos melhor perceber a origem de diferentes doenças e assim desenhar novos medicamentos e tratamentos.

Por volta do início do século, tornou-se evidente que para processar, armazenar e analisar esta quantidade de informação os investigadores das Ciências da Vida teriam de recorrer a computação de alta performance (High Performace Computing). Esta tecnologia permite que a informação seja analisada rapidamente e que biólogos, bioquímicos e clínicos obtenham os resultados relevantes em tempo útil. O impacto evidente da computação de alta performance levou a Comissão Europeia a financiar a criação de uma infraestrutura europeia de computação em rede, a EGI – European Grid Infrastructure (www.egi.eu).

Esta infraestrutura liga os principais centros de computação europeus, permitindo a formação de uma rede de computação (em Grid e Cloud), que está ao serviço dos investigadores Europeus de uma forma aberta e gratuita. Atualmente composta por 56 países a nível mundial a EGI fornece aos investigadores Europeus acesso a uma elevada capacidade de computação (na ordem dos 430.000 cores) e de armazenamento (170.000.000 GB).

Em paralelo a infraestrutura computacional, a EGI está a afirmar-se como um centro de troca de conhecimento nas mais diversas áreas. Para além de utilizador da EGI, sou desde o ano passado membro da equipa de EGI Champions (i.e. embaixadores temáticos da EGI – https://www.egi.eu/community/egi_champions/). Esta equipa inclui investigadores de diversas áreas que estimulam a ligação entre a EGI e as diferentes áreas de investigação. Dentro de cada área os EGI Champions colaboram diretamente com software developers e membros de outras infraestruturas Europeias, dinamizam workshops e cursos de interface entre a EGI e as diferentes áreas de investigação. Em conjunto com os National Grid Infrastructure International Liaisons (i.e. pontos de contacto nacionais) fazemos a ligação aos investigadores das mais diversas áreas que necessitem de uma forte componente computacional, sempre com o objetivo de facilitar o acesso à rede computacional e de criar uma sólida rede de conhecimento.