[IMAGEM] Destaque Artigo - Starting Grants ERC

ERC atribui cinco Starting Grants para Portugal

Ideias pioneiras, investigação de ponta e excelência científica são qualidades certificadas pelo Conselho Europeu de Investigação (ERC) nos investigadores que reconhece. Em Portugal, os projetos apresentados por cinco jovens promissores cientistas mereceram, este ano, a prestigiada chancela das ERC Starting Grants.

Quatro portugueses e um suíço juntam-se agora aos 18 investigadores já distinguidos em Portugal entre 2007 e 2012, num ano em que as candidaturas apresentadas ao concurso ERC Starting Grants aumentaram em 50% e a taxa de aprovação foi inferior a 10%.

Nos próximos cinco anos, instituições e centros de investigação de Aveiro, Coimbra, Porto e Lisboa acolhem estes cinco cientistas que desenvolvem investigação de ponta em áreas de fronteira. Se multiplicarmos por cinco o valor unitário de cada bolsa, a Ciência que se faz em Portugal será nutrida com mais de € 7 milhões.

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Carla Fernandes

Blackbox é o primeiro projeto na área da Linguística Cognitiva, em intersecção com as artes performativas e os media digitais, que recebe esta prestigiada chancela em Portugal. Carla Fernandes, a investigadora do Centro de Linguística da Universidade Nova de Lisboa (FCSH-CLUNL) que o concebeu, foi reconhecida com uma Starting Grant e um financiamento de € 1.4 milhões pela sua abordagem inovadora e transdisciplinar à compreensão dos processos mentais e de tomada de decisão dos criadores no decurso da composição de uma performance artística.

“Será que os artistas que trabalham sistematicamente com corpos humanos em movimento no espaço, em conjugação com a linguagem verbal, possuirão realmente esquemas mentais diferentes de um matemático, por exemplo?…” Esta é, como conta a investigadora, a questão de partida deste projeto, que se propõe analisar e descodificar os processos complexos de “tradução” de estruturas conceptuais e linguísticas subjacentes ao trabalho de vários coreógrafos contemporâneos, nos bastidores dos seus ensaios, para corpos e/ou objetos em movimento.

Os resultados serão compilados numa plataforma digital colaborativa de acesso público, a construir de raiz, fazendo uso das potencialidades mais inovadoras de web-design, tecnologia 3D e anotação de vídeo em tempo real. Esta será uma ferramenta digital de apoio à composição criativa com crescente interesse para as comunidades globais de artistas performativos e investigadores em ciências cognitivas e computacionais.

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Mara Freire

O desenvolvimento de uma nova tecnologia, mas na área dos biofármacos, é a proposta de Mara Freire, investigadora do Centro de Investigação em Materiais Cerâmicos e Compósitos (CICECO) da Universidade de Aveiro (UA).

O surgimento de microrganismos resistentes a antibióticos e de doenças que não respondem a terapias convencionais determinam a necessidade de procurar alternativas aos fármacos convencionais. Os biofármacos, entre os quais se encontram os anticorpos, poderão ser uma alternativa auspiciosa, desde que reduzidos os custos de produção que condicionam, ainda, a sua aplicação em larga escala.

O financiamento atribuído pelo ERC ao projeto IgYPurTech será aplicado na conceção de uma plataforma sustentável para a purificação de IgY, um anticorpo produzido em elevada quantidade pelas aves e que existe na gema de ovo, de modo a que se atinjam os padrões de pureza necessários à indústria farmacêutica, a um preço competitivo.

No domínio das Ciências da Vida e da Saúde, mais duas ideias pioneiras são o ponto de partida dos projetos de Reto Gassmann, do Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC) e de Marta Moita da Fundação Champalimaud (FC).

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Marta Moita

Marta Moita empenhar-se-á em averiguar como é que o cérebro deteta, e usa, o sinal de alarme dado pelos outros, pelo ambiente social, para desencadear um comportamento de defesa num determinado individuo. O mecanismo neural na base do medo é o principal enfoque do seu projeto, C.o.C.O, que poderá contribuir para a compreensão e possível tratamento de doenças neurológicas e psiquiátricas.

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Reto Gassmann (© Luís Guita)

Reto Gassmann, por sua vez, está concentrado em compreender o funcionamento da proteína dineína, um “motor celular”, envolvida em vários processos de transporte dentro das células, incluindo o movimento dos cromossomas durante o processo de divisão celular. O conhecimento mais aprofundado sobre os mecanismos que regulam quando e onde esta proteína é produzida e atua, possibilitará a identificação de algumas das alterações que permitem às células cancerígenas segregarem informação genética incorreta.

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Ana Cristina Santos

INTIMATE é outro projeto com o cunho de excelência do ERC. Reconhecendo uma pluralidade de modelos familiares e relacionais, Ana Cristina Santos, investigadora do Centro de Estudos Sociais (CES), debruça-se sobre temas inovadores de cidadania íntima LGBT – Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgéneros, com o objetivo de produzir recomendações para implementação de políticas sociais mais inclusivas. Para tal, propõe-se realizar estudos comparativos sobre conjugalidade lésbica, poliamor, procriação medicamente assistida, ‘barrigas de aluguer’, redes de cuidado entre pessoas transgénero e coabitação entre amigos, em Portugal, Espanha e Itália, países próximos que apresentam realidades muito distintas.