TEC4SEA inova para o mar
TEC4SEA é um laboratório offshore que permite testar tecnologias para o mar em ambiente real. Aberto às comunidades científica e industrial, tem localização geográfica privilegiada e uma vasta gama de competências, equipamentos e recursos disponíveis, ao serviço do crescimento azul.
Apoiar a investigação, desenvolvimento, simulação e teste de novas tecnologias para o ambiente marítimo é o objetivo desta infraestrutura de investigação pioneira na Europa e única em Portugal. Liderada pelo INESCTEC e integrada pelo Centro de Investigação Tecnológica do Algarve (CINTAL), reúne diferentes áreas científicas numa mesma estrutura de gestão e oferece um leque alargado de serviços em todas as fases do processo de desenvolvimento da tecnologia, desde a investigação fundamental à produção do protótipo e às missões de implementação no terreno.
97% de Portugal é mar. São 4 milhões de Km2 de território português, o equivalente a cerca de 91% do território terrestre da União Europeia (EU). Esta proposta de extensão da plataforma continental criou um novo espaço a explorar – o Mar-Portugal -e foi o ponto de partida para a Estratégia Nacional para o Mar 2013-2020. Em conjunto, estes eventos criaram, de acordo com Augustin Olivier, responsável do INESCTEC pela área do mar, a “motivação e timing para a criação do TEC4SEA.”
A dimensão e profundidade desta plataforma marítima do Atlântico Norte, que é sobretudo mar profundo e ultra profundo, coloca dificuldades técnicas consideráveis à capacidade nacional para explorar estes domínios subaquáticos, quer a nível científico quer a nível económico. O TEC4SEA pretende dar resposta a este desafio, ao disponibilizar múltiplos recursos em cinco áreas de atuação prioritárias: Águas Profundas, Aquacultura, Monitorização Ambiental, Segurança e Defesa.
Ao dispor dos investigadores estão laboratórios de teste nas áreas da robótica marítima, monitorização subaquática, sistemas de comunicação wireless em banda larga e sistemas acústicos, equipados com tanques de teste, câmaras anecóicas e uma infraestrutura para fabrico de equipamentos de fibra ótica.
Numa outra vertente, os programas de formação avançada em tecnologias de mar profundo reforçam a qualificação de recursos humanos, possibilitando às empresas portuguesas aumentar a sua capacidade para inovar na área da economia do mar.
A adicionar a estas duas componentes, existem vários outros serviços de apoio logístico e técnico, proporcionando aos utilizadores da infraestrutura as condições para o desenvolvimento de soluções de longo prazo para operações em águas profundas, incluindo, entre outros, a colheita inteligente de dados, manipulação segura de plataformas não-tripuladas, sensores de fibra ótica e sistemas radiológicos para medir parâmetros físicos, químicos e biológicos.
Desafiar a profundidade e a dimensão, ampliar a segurança
A conceção duma nova ferramenta para monitorização e vigilância das fronteiras da UE, capaz de recolher informação em tempo real, é o resultado esperado do projeto europeu Sunny – Smart UNmanned aerial vehicle sensor Network for detection of border crossing, desenvolvido no âmbito do TEC4SEA.
Enquanto este pretende contribuir para minorar o problema da dimensão geográfica, o projeto ICARUS – Integrated Components for Assisted Rescue and Unmanned Search operations, enquadra-se noutro dos princípios operacionais da infraestrutura: “Do it safely”; propõe-se desenvolver tecnologias não-tripuladas para localização e salvamento de pessoas em cenários de catástrofe.
O projeto TURTLE – Autonomous Support System for SubSea Operations fornece um conjunto de ferramentas para acelerar os testes de campo de novas tecnologias para sistemas de observação continuada do oceano. As soluções TURTLE são reposicionáveis, através de uma rede móvel heterogénea, constituindo-se como uma alternativa às estruturas fixas, geralmente utilizadas para amenizar os desafios da profundidade.
TEC4SEA para um crescimento azul
Estes projetos refletem o potencial da infraestrutura no âmbito da valorização económica, social e ambiental do oceano e o seu contributo para um crescimento azul, um conceito que alia desenvolvimento económico baseado no mar e sustentabilidade.
“Alcançar plenamente este objetivo é uma tarefa tecnologicamente exigente”, explica Augustin Olivier. “O grau de eficiência requerido para a exploração, o nível de conhecimento necessário para estimar os limites biológicos e ambientais e a capacidade para aumentar o primeiro sem exceder o último, exigem altos níveis de maturidade cientifica e tecnológica e uma abordagem inovadora, possíveis apenas num contexto de cooperação próxima e forte osmose entre as instituições que produzem conhecimento e as empresas diretamente envolvidas na exploração económica”.
O responsável está convicto que “esta infraestrutura faz a ponte entre a I&D e indústria, no que diz respeito a testar e validar novas soluções mais “azuis”. A existência duma infraestrutura comum acessível a instituições de investigação, empresas e utilizadores finais vai reduzir custos de desenvolvimento e agilizar a transferência de tecnologia”.