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Newsletter 9 – Crónica Convidada
Intervalo Para o Conhecimento
![[FOTO] Frederico Duarte](https://arquivo.pt/wayback/20200714102019im_/http://newsletter2.fct.pt/wp-content/uploads/2013/03/Cronista_FredericoDuarte.jpg)
Frederico Duarte Investigador em DesignCoordenador do projeto Intervalo para o Conhecimento
Para além do ensino da prática, as faculdades e escolas superiores de arte, arquitectura e design em Portugal têm vindo a dedicar-se cada vez mais à investigação teórica nos múltiplos domínios das artes e das artes aplicadas, sobretudo após a atribulada aplicação do Tratado de Bolonha. Mas e o que é feito deste conhecimento adquirido, produzido e mais tarde depositado pelos seus estudantes e estudiosos em bibliotecas e repositórios digitais?
O ciclo Intervalo Para o Conhecimento pretende responder a esta e outras perguntas. Como? Convidando criadores e investigadores nas áreas das artes e do projecto a (re)apresentar as suas teses fora do contexto académico, num lugar aberto à partilha e debate de ideias. Que seja também um ponto de encontro entre pares, faça parte da rotina de alunos e professores e se torne num destino tanto para especialistas como para curiosos.
Quando em 2013 a direcção da Sociedade Nacional de Belas-Artes nos convidou (a mim e ao Nuno Faria) a pensar num conjunto de exposições e programas públicos que recolocasse a instituição no centro da produção, divulgação e formação artística em Lisboa, apercebemo-nos que a SNBA é esse lugar há mais de um século, e que a sua pequena e acolhedora biblioteca oferece o contexto que procurávamos.
Desde Setembro de 2013 mais de 50 mestres e doutores já apresentaram as sua teses em áreas tão diversas como o desenho e a arquitectura, a história do design e a teoria da arte, o urbanismo e a publicidade, a fotografia e a escultura, a publicidade e a curadoria. Não há processo de selecção: é só escolher um dia livre no calendário de apresentações (disponível em snba.pt) e reservar a sua. As sessões ocorrem às segundas e terças-feiras, das 19h às 20h. Aos 20/30 minutos de apresentação seguem-se 20/30 minutos de conversa com o público; por muito pouco que este seja – entre o mínimo (2) e a lotação mais que esgotada (74), a média encontra-se nas 18 pessoas – há sempre conversa e às vezes uma verdadeira discussão.
Uma sala cheia não de teses esquecidas, mas de gente ávida em partilhar o que sabe e descobrir o que não conhece. Haverá melhor destino para uma biblioteca?