Da investigação ao mercado
Um passo mais perto da sociedade, é para onde o investigador Henrique Veiga-Fernandes, do Instituto de Medicina Molecular (IMM) quer levar os resultados da sua investigação. Conta, para isso, com um financiamento complementar do European Research Council (ERC) para o desenvolvimento de uma tecnologia para multiplicação de células da medula óssea.
A investigação de fronteira apoiada pelo ERC gera muitas vezes oportunidades de aplicação comercial. Lançado em 2011, o programa “Proof of Concept” foi concebido para estimular a transferência de conhecimento e a inovação, assegurando a maximização das excelentes ideias dos investigadores que apoia.
Henrique Veiga-Fernandes é um dos 33 investigadores ERC selecionados em 2013. Cada um terá doze meses e até 150.000 Euros de financiamento para desenvolver uma prova de conceito que permita demonstrar que determinada ideia é aplicável, tem potencial para ser utilizada em maior ou menor escala e para ser comercializada.
O ponto de partida do projeto StemCell2Max é a demonstração do enorme potencial de um conjunto de fatores de crescimento que atuam no sistema nervoso para estimular a multiplicação das células estaminais da medula óssea.
Estas células são largamente usadas em investigação e no desenvolvimento de tratamentos para doenças de células sanguíneas e outras doenças como o VIH e a esclerose múltipla. O transplante de células estaminais da medula óssea, com capacidade de se diferenciarem em glóbulos brancos, glóbulos vermelhos e plaquetas é também uma importante opção terapêutica para muitos tipos de leucemia e mieloma múltiplo.
Até agora, as técnicas laboratoriais de cultura não têm conseguido produzir células em quantidade suficiente mantendo intactas as suas propriedades; no decurso do processo, muitas delas perdem a capacidade de auto-renovação contínua e o potencial de diferenciação – as características base das células estaminais.
A limitada capacidade de multiplicação das células estaminais da medula óssea, que constituiu um grande constrangimento à sua utilização em tratamento e investigação, tonando-as excessivamente dispendiosas e ineficientes, poderá agora, ser ultrapassada.
A preparar a prova de conceito para apresentar a investidores de risco ou empresas que possam investir na nova tecnologia, Henrique Veiga-Fernandes considera que a mesma “terá um profundo impacto em investigação e saúde” através de “dois produtos que podem penetrar ambos os mercados”.
Por seu turno, enquanto mais 33 investigadores dos 140 já apoiados por este programa iniciam o teste ao potencial comercial da sua investigação, o ERC recebeu, até ao passado dia 3 de outubro, as candidaturas à segunda fase da edição 2013 do concurso “Proof of Concept”. De acordo com o calendário do concurso, os resultados serão conhecidos até final do mês de dezembro.