[IMAGE] ALMA by night © ESO

ESO reconhece competências do CAAUL para o telescópio ALMA

Inaugurado em 2013, ALMA, o acrónimo para Atacama Large Millimeter/submillimeter Array, é o mais poderoso radiotelescópio do mundo. O Centro de Astronomia e Astrofísica da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (CAAUL) identificou-o como uma infraestrutura essencial para a sua investigação, capacitou-se para o seu uso e alcançou recentemente esse reconhecimento por parte do Observatório Europeu do Sul (ESO): é, desde maio deste ano, um Centro de Competências para o ALMA. Com a recente fusão CAAUL-CAUP passa a ser o Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) a integrar a rede de apoio à utilização do ALMA.

Com um alcance de 13 mil milhões de anos-luz, ALMA é o revolucionário telescópio das origens: tem capacidade para estudar em detalhe a formação de planetas, estrelas e galáxias e os processos químicos que se julgam estar na base da própria Vida. É também o projeto mais global na área da Astronomia, ao nascer da parceria entre a Europa, a América do Norte (EUA e Canadá), a Ásia Oriental (Japão e Taiwan) e o Chile.

Incentivar a comunidade científica na área a utilizá-lo é uma das tarefas do IA enquanto Centro de Competências para o ALMA. Ao integrar uma rede europeia de instituições que apoiam a sua utilização, participa, ainda, na validação de dados recolhidos pelo telescópio antes da sua disponibilização aos cientistas e apoia o teste de programas de processamento de dados.

“Tínhamos já as portas abertas para o ALMA”, relata José Afonso, coordenador do CAAUL e do recém-formado IA, “graças a Portugal ser membro do ESO”, uma das entidades que o construíram e gerem. Este reconhecimento “vem trazer mais recursos para uma melhor utilização do ALMA a nível europeu” e garantir “que Portugal atravessa essas portas e continua a fazer a melhor ciência a nível internacional.”

Os astrónomos e astrofísicos a trabalhar em Portugal encontram no CAAUL e agora no IA, o acompanhamento na exploração do potencial do ALMA para a resolução de problemas astrofísicos e na identificação de estratégias específicas de observação com o ALMA. A submissão de propostas para tempo de observação, a realização de observações com o ALMA ou o processamento e interpretação dos dados ALMA são atividades igualmente apoiadas.

Wide-angle view of the ALMA correlator

© ESO

Observatório ALMA: 66 olhos postos no Espaço

Instalado a mais de 5000 metros de altitude, no planalto de Chajnantor, no deserto de Atacama, no Chile, o Observatório ALMA é uma rede de 66 antenas parabólicas com diâmetros entre 7 a 12 metros, móveis, capazes de captar, com máxima precisão ondas de rádio de cumprimento milimétrico e submilimétrico. Funciona como um único, gigantesco telescópio equivalente a uma antena com até 16 Km de diâmetro.

Dez vezes mais preciso que o telescópio espacial Hubble, o ALMA consegue perscrutar o Universo com uma resolução e sensibilidade sem precedentes, ao combinar por interferometria os sinais recebidos por cada uma das suas antenas e produzindo a partir daqueles imagens de alta resolução dos objetos de observação.

Os dados recebidos são processados por um dos mais potentes supercomputadores do mundo que, com 134 milhões de processadores, faz 17 mil biliões de operações por segundo.

Investigar as origens cósmicas com ALMA

A promessa aquando da inauguração era que “revelasse, pela primeira vez, os detalhes da formação de estrelas, planetas, galáxias, e até mesmo a formação dos compostos que se julgam estar na base da própria Vida”. Tem estado a ser cumprida.

José Afonso refere alguns desses avanços que contaram já com a participação de investigadores portugueses: “Temos já vários resultados importantes para a compreensão da formação e evolução de galáxias no Universo distante – quando este tinha menos de metade da sua idade atual. Conseguimos, por exemplo, observar e estudar em detalhe uma colisão de galáxias – uma colisão que, curiosamente, é vista através de uma outra galáxia mais próxima que atua como uma lente gravitacional, distorcendo mas também amplificando a luz. O ALMA foi essencial para perceber a dinâmica nesta colisão gigantesca”.

Outras observações com o ALMA permitiram determinar a quantidade de gás em galáxias semelhantes à nossa Via-Láctea nesse mesmo Universo distante, algo que é fundamental para perceber com que rapidez se formam as estrelas ao longo da história do Universo.

© ESO/NASA/ESA/W. M. Keck Observatory

© ESO/NASA/ESA/W. M. Keck Observatory