Os desafios e sucessos do acesso ao conhecimento científico
A semana de 20 de outubro ficou marcada pela celebração do acesso ao conhecimento científico. Assinalou-se a semana internacional do acesso aberto – um evento global com atividades à escala local que assinala a promoção e divulgação do acesso livre e sem custos ao conhecimento científico. Por cá, a semana foi escolhida para a realização de duas importantes reuniões de consórcios de bibliotecas: a 17ª reunião do ICOLC – International Coalition of Library Consortia, e o Dia da b-on, assinalando o 10ª aniversário da Biblioteca do Conhecimento Online nacional.
Através de assinaturas negociadas a nível nacional, com as mais importantes editoras, a b-on permite aos investigadores em centros de investigação e instituições de ensino superior de todo o país o acesso ilimitado e permanente a textos integrais de milhares de periódicos científicos e e-books online. Segundo João Nuno Ferreira, diretor da unidade FCCN, a b-on, “Tornou-se um serviço de referência para o sistema científico nacional. Alterou a forma como os investigadores acedem à informação científica de ponta, que é produzida em todo o mundo.”
Durante este dia de celebração do aniversário, e na presença de gestores de repositórios e bibliotecários, José Fernandes, um dos fundadores da b-on, traçou o caminho percorrido nos últimos 10 anos, desde os primeiros passos em 2003, passando pelo ano marcante de 2004 – quando a b-on começou a operar com a disponibilização de conteúdos pela primeira editora – até aos dias de hoje, em que a b-on disponibiliza mais de 20 000 e-journals, 26 000 e-books e perto de 9 500 Proceedings. Em 2013, o número de visitas ao portal ascendeu as 650 mil, foram efetuadas acima de 3,7 milhões de buscas e superados 9 milhões de downloads.
Ambos os responsáveis salientaram o papel crucial dos bibliotecários, tanto na divulgação da b-on nos primeiros anos, como hoje. Durante a fase de crescimento e implantação, os bibliotecários foram atores importantes na divulgação da b-on, e na organização de ações de formação para tirar o melhor partido do que a biblioteca online tem para oferecer aos investigadores. Atualmente, e como referiu João Nuno Ferreira, “os serviços bibliotecários têm um papel cada vez mais central nos centros de investigação, pela crescente necessidade de produção de índices bibliométricos associados à investigação científica.”
O aumento exponencial de dados e informação e o acesso aberto foram identificados como dois dos grandes desafios para o correto armazenamento, tratamento, curadoria e disponibilização do conhecimento científico. São desafios que reforçam a necessidade de bibliotecas trabalharem em conjunto; uma necessidade sentida a nível internacional e a que a organização informal ICOLC vem dando resposta há quase 20 anos. Na sua intervenção, Tom Saville, fundador e grande dinamizador do ICOLC, descreveu as bibliotecas como “agentes que se situam entre os investigadores (produtores do conhecimento) e as editoras científicas, podendo dar voz a cada um destes grupos.”
Organizadas pela unidade da Computação Científica Nacional (FCCN) da FCT, na Biblioteca Nacional, a reunião ICOLC contou com 109 participantes de todo o mundo, e o dia da b-on reuniu 57 profissionais da gestão de bibliotecas e de informação nacionais.