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Talentos reforçam Ciência em Portugal

São cientistas, altamente qualificados, a desenvolver investigação científica de ponta em diversos domínios do conhecimento. Eugen Radu, Ana Salomé Veiga, Nuno Santos e Carla Silva são quatro dos cento e cinquenta e cinco Investigadores FCT selecionados em 2012, num processo de avaliação exigente.

Fragmentos das suas histórias esboçam o panorama do “brain circulation” e preenchem a tela dum programa concebido para obter um duplo efeito: atrair e, simultaneamente, manter em Portugal os mais promissores cientistas. O efeito esperado? A sustentabilidade e competitividade da Ciência que se faz em Portugal.

[FOTO] Eugen Radu

Eugen Radu

A hipótese de que o Universo tem mais do que quatro dimensões é o ponto de partida da investigação de Eugen Radu, um físico polaco que decidiu responder ao desafio da FCT e trocar as atuais funções na Universidade de Oldenburg na Alemanha por uma carreira de investigação independente, de nível internacional, na Universidade de Aveiro.

A escolha de Portugal não foi, segundo o cientista, incidental “Sabia que a minha carreira como investigador independente beneficiaria bastante da colaboração sistemática com o grupo de investigação do Departamento de Física da Universidade de Aveiro”.

A existência de centros de excelência em áreas de ponta, o acesso aos mais avançados equipamentos científicos, o volume de financiamento da investigação e a possibilidade de independência e autonomia são condições essenciais para atrair investigadores. Estas condições são o resultado dum processo cumulativo de investimento estratégico, integrado e perseverante em Investigação, Desenvolvimento e Inovação (ID&I).

O interesse demonstrado por cientistas estrangeiros de 45 nacionalidades que se candidataram ao concurso Investigador FCT em 2012, perfazendo cerca de 24% do total de candidaturas apresentadas, indicia o grau de maturidade da Ciência que se faz em Portugal. Eugen Radu refere estar “impressionado com a oportunidade criada para que cientistas de outros países trabalhem numa instituição portuguesa, bem como com a transparência e exigência do processo de seleção em todas as fases”.

A desenvolver investigação nas áreas da astrofísica, energia e transportes e biomedicina, Nuno Santos, Carla Silva e Ana Salomé, decidiram (e conseguiram!), aos invés, fixar-se em Portugal nos próximos cinco anos. Embora em diferentes fases de carreira, partilham a opinião de que “sem este tipo de Programa é muito difícil para a maior parte dos investigadores ficar em Portugal, uma vez que as oportunidades de vínculo (…) são escassas”.

[FOTO] Nuno Santos

Nuno Santos

Nuno Santos que, com a sua equipa do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP), procura e explora planetas extra-solares, acumula uma Bolsa do European Research Council (ERC) com a posição de Advanced Grant, o mais avançado dos três níveis de senioridade do Programa Investigador FCT que considera “uma abordagem inteligente ao problema do brain-drain” e que, portanto, espera que “continue por muitos anos!”.

[FOTO] Carla Silva

Carla Silva

É no Laboratório Associado de Energia, Transportes e Aeronaútica (LAETA) que Carla Silva se dedica, diariamente, ao estudo dos sistemas alternativos de propulsão de carros puramente elétricos, híbridos Plug-in ou com pilha de combustível a hidrogénio. A abordagem transdisciplinar que adotou permite dar resposta a questões relacionadas com a introdução massiva de veículos alternativos no mercado, num momento em que é emergente a redução das emissões de gases de efeito de estufa (GEE). Um dos aspetos potencialmente facilitadores deste processo, salientados pela investigadora é “a criação duma classificação ambiental, de A a G, à semelhança do que já acontece para (…) os eletrodomésticos ou casas, poderia fazer com que carros mais eficientes e menos poluentes fossem mais “apetecíveis” para o consumidor.

[FOTO] Ana Salomé veiga

Ana Salomé Veiga

Ana Salomé, por sua vez, evidencia “a oportunidade de continuar a trabalhar na área de péptidos (pequenas proteínas) antimicrobianos” ao referir-se ao concurso IF, no âmbito do qual obteve uma Starting Grant. Explica a investigadora que “ao contrário dos antibióticos convencionais, estes péptidos geralmente atuam ao nível da membrana das bactérias, fazendo com que o desenvolvimento de resistência se torne mais difícil. Este trabalho de investigação pretende desenvolver novos péptidos anti-microbianos com elevada atividade contra bactérias resistentes, mesmo quando estas se agrupam para se protegerem, formando biofilmes.”

As carreiras científicas de todos estes investigadores confluem agora no desejo de desenvolver investigação em Portugal. Eugen que já desenvolveu investigação na Irlanda, em França e na Alemanha, Carla que fez o pós-doutoramento na Universidade do Michigan e Ana Salomé no National Cancer Institute, nos EUA, e Nuno Santos que fez o doutoramento na Universidade de Genebra, estão agora a fazer Ciência em Portugal.

impressionado com a oportunidade criada para que cientistas de outros países trabalhem numa instituição portuguesa, bem como com a transparência e exigência do processo de seleção em todas as fases.

Embora intrínsecos à própria atividade científica, estes fluxos migratórios tem efeitos opostos nos países de origem e de destino. Se, por um lado, deixam um espaço vazio, por vezes insubstituível, nos primeiros, enriquecem, indiscutivelmente, os segundos. A manutenção do equilíbrio entre as partidas e as chegadas é, pois, essencial para a criação de massa crítica, exigindo respostas à altura, das políticas científicas nacionais.

É isso que, numa abordagem complementar, pretende o Programa Investigador FCT: prevenir o brain-drain e estimular o brain-gain. Um novo concurso em 2013 assegurará aproximadamente mais 200 talentos para a Ciência feita em Portugal.