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Programa de Transferência de Tecnologia financia primeiros projetos

Um sistema informático que testa a capacidade de detetar e responder a falhas de equipamentos, e um veículo não tripulado equipado com um sistema de processamento de sinal utilizado em sistemas de navegação por satélite. Estes são os dois projetos Demonstradores selecionados para financiamento na primeira avaliação realizada pela Iniciativa Nacional de Transferência de Tecnologia Espacial (PTTI). Financiado pela Agência Espacial Europeia (ESA) e implementado pelo Instituto Pedro Nunes, em Coimbra, é apoiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) através do seu Gabinete do Espaço. Os projetos aprovados, com duração de seis meses cada, foram apresentados pela Critical Software e DEIMOS Engenharia, duas empresas com provas dadas na indústria espacial.

A Critical Software pretende estender a aplicação do seu sistema csXception®, utilizado já pela NASA, ESA e pela Agência Japonesa de Exploração Aerospacial (JAXA), ao sector automóvel. csXception® é um sistema informático que deteta fraquezas em sistemas e equipamentos críticos, dando feedback para correções ou até para um novo desenho. Funciona injetando falhas nos sistemas, monitorizando em seguida a ativação de erros e a resposta do sistema. O Demonstrador aprovado pelo PTTI será uma demonstração não só tecnológica, mas também financeira, um vez que a injeção de falhas deve ser tecnologicamente exequível e também economicamente viável.

[FOTO] PROGRAMA NACIONAL DE TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA ESPACIAL

© DEIMOS Engenharia

A DEIMOS Engenharia propõe-se demonstrar o desempenho do seu sistema de navegação inovador, que conjuga o potencial do futuro sistema Galileo (o GPS Europeu) com uma arquitetura de processamento de sinal pioneira (baseada no sinal AltBOC), para conseguir precisões atualmente inatingíveis com equipamentos de baixo custo. Para isso, irá instalar o seu sistema a bordo de um veículo aéreo não tripulado (UAV – Unmanned Aerial Vehicle, em inglês) da empresa UAVision e analisar o seu desempenho em meios urbanos – um ambiente particularmente hostil para sistemas de navegação por satélite – realçando a sua aplicabilidade à inspeção de infraestruturas em locais de difícil acesso (como prédios, geradores eólicos, cabos de eletricidade) e à vigilância, entre muitas outras aplicações para as quais a facilidade de acesso, de utilização e o baixo custo de operação inerentes ao uso de UAVs tragam mais-valias.

[FOTO] © ESA - P. Carril 2009

© ESA – P. Carril 2009

No âmbito do concurso da iniciativa PTTI para financiamento de projetos, está prevista uma segunda avaliação, também dirigida a empresas portuguesas que trabalhem e desenvolvam tecnologias na área espacial, bem como a universidades e aos seus laboratórios de investigação, mas não exclusivamente. O prazo de submissão de candidaturas termina a 1 de março de 2013.

A experiência da ESA em transferência de tecnologia (TT) é vasta, com mais de 200 tecnologias espaciais transferidas e a criação de várias start-ups europeias com projeção em mercados internacionais. No âmbito do seu Programa de Transferência de Tecnologia, a ESA disponibiliza uma lista exaustiva de tecnologias espaciais que poderão ser o ponto de partida de futuras TT. A ESA apoia também a criação de programas de estímulo à TT nos países membros. O PTTI cumpre essa missão em Portugal: visa reforçar a competitividade da indústria espacial portuguesa e promover a inovação tecnológica, apoiando e facilitando a transferência de tecnologia espacial já disponível para sectores não espaciais, a nível internacional.

[FOTO] © ESA - A. Van Der Geest

© ESA – A. Van Der Geest

Portugal é Estado-Membro da ESA desde novembro de 2000. Um estudo de impacto sobre a participação de Portugal na ESA indica que cerca de 60 empresas e perto de 20 universidades portuguesas desenvolveram já projetos com a Agência Espacial Europeia, num total de contratos para Portugal que ultrapassam os 90 milhões de euros. De acordo com este estudo, por cada um milhão de euros investido nestes programas é gerado um retorno de pelo menos dois milhões de euros para o sector espacial português. Este nível de retorno foi factor de motivação para Portugal manter a sua contribuição para a ESA e a participação em diversos programas de subscrição opcional da Agência, na última Conferência Ministerial da ESA, em novembro último. Entre os países em maiores dificuldades económicas do sul da Europa, Portugal manteve a sua contribuição para os programas opcionais da ESA quando comparada com a Conferência Ministerial de 2008, em condições económicas equivalentes (a Grécia não subscreveu novos programas opcionais na ESA e a Espanha cortou significativamente a sua contribuição opcional).