China e Portugal fortalecem cooperação científica
O primeiro Centro de Inovação Conjunto, recentemente inaugurado na Universidade de Zhejiang, materializa a intensificação da cooperação científica bilateral entre Portugal e a República Popular da China. O concurso piloto, na área dos Materiais Avançados, foi lançado no início de abril.
A Universidade de Zhejiang foi palco da inauguração do Centro “virtual” de Inovação Conjunto em Materiais Avançados, no passado dia 28 de fevereiro, por altura da visita oficial de Nuno Crato, Ministro da Educação e Ciência, à China. Miguel Seabra, Presidente da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e representantes de universidades, centros de investigação e empresas integraram a comitiva portuguesa.
O concurso-piloto para projetos colaborativos nas áreas dos Biomateriais, Nanotecnologias e Nanomateriais, Materiais Sustentáveis e Materiais para a Energia, lançado no passado dia 3 de abril, marca o início das atividades desta nova plataforma de cooperação sino-portuguesa co-coordenada pela FCT e direcionada para a transferência de tecnologia.
“A China representa uma imensidão de oportunidades para Portugal”, acentua José Fernando Mendes, investigador da Universidade de Aveiro e coordenador do Steering Commitee da iniciativa; “Tendo em conta que a área dos materiais é uma área científica já bastante consolidada (…), as oportunidades que podem advir desta colaboração para as instituições e empresas nacionais são particularmente relevantes, sobretudo na atual conjuntura económica”.
O ambiente em que se insere a Universidade de Zhejiang, coordenadora do Centro Conjunto pela parte chinesa, é por si só ilustrativo das assimetrias entre os dois países e das oportunidades que pode oferecer a Portugal esta colaboração. Com 5 campus, cerca de 2700 estudantes estrangeiros, mais de 22000 estudantes de licenciatura e 21000 de doutoramento e um parque tecnológico de cerca 113 Km2, o “Zhejiang Future Sci-Tech City”, em construção na sua proximidade, é a primeira do ranking das universidades chinesas em alguns critérios de excelência, nomeadamente, o número de patentes, com 2244 registadas em 2012.
Num contexto propício à inovação, o Centro Conjunto pretende contribuir, a médio prazo, para estabelecer ou reforçar parcerias com vincada capacidade de liderança internacional e para a constituição de consórcios sólidos e competitivos na captação de financiamentos europeus. A identificação de oportunidades de negócio para as empresas portuguesas, quer por via da transferência de tecnologia, quer por via de aplicações industriais, é outro dos retornos esperados desta parceria.
O conhecimento, a erudição, a ciência têm desempenhado um papel preponderante nas relações entre os dois países, com um longo historial de cooperação. O Memorando de Entendimento (MoU) para a Cooperação em Ciência, Tecnologia e Inovação firmado entre Portugal e a China em junho de 2012, por altura da visita do Ministro da Ciência e Tecnologia da China a Portugal, cuja concretização foi encetada com a inauguração do Centro Conjunto, resulta do empenho bilateral na intensificação da cooperação já existente e a aposta numa vertente de ID&I.
Desde 1993 que a FCT mantem um acordo bilateral com a China- O Acordo de Cooperação Científica- no âmbito do qual foram já apoiados 101 projetos de investigação colaborativos multidisciplinares, em concurso trienais. O Centro pretende potenciar os resultados desta cooperação científica preexistente, intensificando agora a componente de transferência de tecnologia (desenvolvimento de produtos de inovação, patentes e exploração comercial).
A criação de Centros de Inovação e de Incubação Conjuntos em áreas estratégicas, designadamente, as Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC), Energias Renováveis, Tecnologias Limpas e de Baixo Teor Carbónico, Nanotecnologias, Materiais Avançados e Biotecnologia estão previstas no Memorando sino-português assinado em 2012. “Espera-se, portanto, que o Centro de Inovação Conjunto em Materiais Avançados seja apenas o primeiro de vários centros de inovação conjuntos de sucesso”, ambiciona o coordenador do Steering Committee.
Criados os canais de comunicação privilegiados com várias universidades e institutos chineses, é pois, a altura certa para a mobilização das equipas portuguesas, no sentido de aglutinar diferentes valências em consórcios competitivos. Conforme aconselha José Fernando Mendes “Não devemos/podemos perder esta oportunidade!”.