Notícias dos investigadores e profissionais portugueses no estrangeiro
PAPS, PARSUK, ASPPA e AGRAFr. Estas siglas podem não ser familiares a todos, mas são cada vez mais conhecidas entre as comunidades de pós-graduados e investigadores portugueses nos Estados Unidos e Canadá, Reino Unido, Alemanha e França, respetivamente. Também em Portugal as associações que lhes correspondem se tornam mais conhecidas, pelo trabalho que têm realizado no estreitamento das relações entre as comunidades portuguesas no estrangeiro e os centros de investigação, as empresas e os decisores em Portugal. A FCT Newsletter falou com os seus dirigentes, para dar a conhecer o que move associações e como agem no terreno.
Todas se descrevem como associações independentes, sem fins lucrativos, que representam e defendem os interesses de investigadores, estudantes de pós-graduação e profissionais de origem Lusa, nos seus países de ação. A mais antiga é a Portuguese American Post-Graduate Society (PAPS), criada em 1998. A mais recente é a Association des Diplômés Portugais en France (AGRAFr), fundada em janeiro de 2013.
Atuam em duas vertentes: por um lado apoiar os membros das suas comunidades e projetá-las (e Portugal) no país onde se encontram; por outro lado, não descurar os laços com Portugal, mantendo a ligação aos meios académico, científico e empresarial portugueses. Apostam na troca de experiências, em encontros presenciais entre os seus associados, e entre estes e convidados das mais diversas áreas: cientistas, empresários, decisores políticos, artistas. Os encontros variam entre grandes fóruns anuais – cada uma das associações tem o seu – e pequenas iniciativas de intercâmbio.
A Associação de Pós-graduados Portugueses na Alemanha (ASPPA) organiza os bem intitulados encontros iDEm ASPPAs. São encontros informais entre a comunidade pós-graduada portuguesa na Alemanha e diversos convidados portugueses que ou residem na Alemanha ou se encontram de visita. Depois de Maria Mota (Instituto de Medicina Molecular) e Karina Xavier (Instituto Gulbenkian de Ciência), o próximo iDEm ASSPAs, já em maio, contará com a participação do embaixador de Portugal em Berlim, Luís de Almeida Sampaio. O objetivo é fazer rodar os iDEm ASSPAs por diversas cidades alemãs logo que esteja estabilizado o registo oficial dos associados no site, o que lhes permitirá identificar as cidades onde estes residem, para aí deslocar a iniciativa.
A Association des Diplômés Portugais en France (AGRAFr) organizou em março deste ano um Dialogue Café, sobre o tema “O impacto da ciência e dos cientistas na sociedade atual”. O debate, por videoconferência, desenrolou-se entre Paris e Lisboa, e contou com a participação dos cientistas Graça Raposo (Institut Curie – Paris), João Caraça (delegação em França da Fundação Calouste Gulbenkian), Miguel Prudêncio e Bruno Silva Santos (ambos do Instituto de Medicina Molecular).
Mas não só de encontros vivem estas associações. A Portuguese Association of Researchers and Students in the UK (PARSUK) abre este ano a segunda edição de um programa de estágios de verão, para estudantes de licenciatura ou mestrado em universidades portuguesas. Os associados da PARSUK responderam ao desafio de apresentar projetos de investigação de quatro semanas no seu laboratório ou departamento. Este ano o programa PARSUK Xperience oferece 14 projetos, de diversas áreas. A PARSUK atribuirá uma bolsa de €1500 ao aluno melhor classificado, esperando poder atrair apoios de patrocinadores para a atribuição de mais bolsas ainda este ano.
De uma ideia apresentada no encontro anual da PARSUK em 2012, nasceu o projeto Native Scientist, que tem como objetivo contribuir para o bom desempenho académico de alunos de língua estrangeira, através da divulgação de ciência. Estudantes de pós-graduação e investigadores visitam escolas e interagem com alunos da sua nacionalidade, na sua língua materna. Além de portugueses, o projeto inclui já pós-graduados e alunos franceses e espanhóis.
Também a PAPS planeia implementar um programa de intercâmbio de alunos no verão, em 2015. Numa primeira fase, pretendem dar oportunidade para um ou dois alunos portugueses desenvolverem um projeto de investigação numa universidade americana. Esperam, com este programa, dar a conhecer a realidade social, cultural e científica dos Estados Unidos.
As associações conhecem-se bem, e trabalham em conjunto. A organização do fórum anual dos Graduados Portugueses no Estrangeiro (GraPE) é um bom exemplo dessa colaboração. A importância do diálogo entre as associações é reconhecida por todas, nomeadamente para a reflexão sobre uma futura plataforma de convergência das várias associações espalhadas pelo mundo fora. O diálogo, inclusivamente com associações de investigadores em Portugal, é igualmente importante para a tomada de posições conjuntas sobre temas que afetam as suas comunidades.
Quanto a desafios, todas indicam o aumento do número de associados e subsequente aumento de responsabilidade das associações em dar resposta às necessidades e expectativas das suas comunidades. PAPS, PARSUK, ASPPA e AGRAFr perspetivam crescimentos nos próximos anos. Esperam continuar a ser aglomeradores dos interesses dos estudantes, investigadores e graduados portugueses no estrangeiro, e fazer a ponte com os colegas, líderes e decisores por cá.