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Programa AAL: a inovar para um envelhecimento ativo

Até 2030 estima-se um aumento de cerca de 40% do número de pessoas com idades entre os 65 e os 80 anos. Em resposta aos desafios demográficos duma população europeia a envelhecer a passos largos, vinte e dois países, em parceria com a Comissão Europeia, criaram, em 2008, o Programa Ambient Assisted Living (AAL JP). A participação de Portugal é coordenada e cofinanciada pela FCT.

Doze equipas de investigação de instituições portuguesas participam nos consórcios de nove projetos colaborativos a desenvolver produtos e serviços para envelhecer bem em casa, na comunidade e no trabalho, através da utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC).

Para melhorar a qualidade de vida da população sénior e promover o envelhecimento ativo foram mobilizados mais de 600 milhões de euros, entre 2008 e 2013, aplicados no financiamento dos 130 projetos selecionados em seis concursos competitivos abertos no mesmo período.

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Estes projetos “têm permitido colocar em contacto os diferentes “atores” que participam na “cadeia de valor” do envelhecimento, nomeadamente os utilizadores, os centros de investigação, as empresas, os cuidadores e as autoridades”, refere António Cunha, Diretor do Laboratório de Automática e Sistemas do Instituto Pedro Nunes (IPN), instituição participante em três projetos AAL, atualmente em diferentes fases de realização.

Considera que “a iniciativa pode posicionar o velho continente como uma região competitiva na área do envelhecimento saudável, através da oferta de serviços de qualidade aos seus cidadãos (e turistas), bem como através da exportação de produtos e serviços de base tecnológica transacionáveis para o mercado global”.

Para tal contribui a fórmula do AAL JP que junta à componente colaborativa intersectorial, uma forte orientação para o mercado e a exigência de grande proximidade com os utilizadores finais e prestadores de serviços no desenvolvimento dos projetos, como facilitadores da transferência de conhecimento nesta área.

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Persistem, no entanto, desafios que as aplicações e tecnologias resultantes destes projetos enfrentam até à sua comercialização. O maior está relacionado, segundo António Cunha, com a dificuldade de estabelecer uma proposta de valor clara e com benefícios económicos para o cuidador ou utilizador. De facto, “O critério “benefício económico” é o que mais pesa durante o processo de adoção de novas soluções, por parte dos prestadores de cuidados. Transformar benefícios sociais em benefícios económicos não é um processo linear”.

Recentemente divulgados, os resultados de um dos projetos em que o IPN participa, o Co-Living, “refletem as sinergias que foram criadas, uma vez que o sistema implementado se foca nas necessidades dos utilizadores do sistema e não nos “caprichos” técnicos, que normalmente têm pouca aplicação prática”, afirma Jorge Dias, coordenador do projeto, mencionando “o esforço exemplar de aproximação” para colmatar a dificuldade de comunicação entre os parceiros (técnica versus saúde/social), aumentando assim a probabilidade de sucesso na comercialização.

O projeto obteve boa aceitação por parte dos participantes nos testes piloto, que consideraram “o sistema muito útil para a criação de novas relações de amizade e partilha de atividades de interesse comum”. Trata-se de uma Comunidade Colaborativa Social Virtual que, ao estimular a interação social, pretende evitar ou reduzir o risco de deterioração psicossocial e de exclusão social.

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Com mais dois projetos em curso no âmbito do AAL JP, António Cunha aponta como razões para a boa taxa de sucesso por parte do IPN, a ligação formal à Universidade de Coimbra, que permite elevar a qualidade das propostas do ponto de vista técnico e científico, a grande proximidade dos seus laboratórios de investigação aplicada e incubadora de empresas ao tecido empresarial e utilizadores finais (um ativo diferenciador nos consórcios atuais, onde é imperativo obter resultados aceites pelo mercado) e a qualidade percebida sobre o trabalho realizado pelo IPN nas calls anteriores, que tem permitido reforçar a rede europeia de contactos, essencial para conseguir manter a participação no programa AAL JP.

A este conjunto de razões não é certamente alheia a participação em redes e iniciativas paralelas como a European Innovation Partnership on Active and Healthy Ageing (EIP-AHA) e a Ageing@Coimbra que contribuem para ampliar e potenciar os objetivos do AAL JP.