Projeto inova com cortiça no capacete

Projeto inova com cortiça no capacete

Um novo material para revestimento de capacetes foi desenvolvido por Ricardo Sousa e a sua equipa, na Universidade de Aveiro. Com maior capacidade de absorção de energia, a inovadora camada protetora, à base de cortiça, já suscitou o interesse de um fabricante nacional que se prepara para fazer os primeiros protótipos industriais.

Consumidores cada vez mais exigentes, a crescente competição entre marcas no campo da segurança dos capacetes de proteção e normas para os testes de absorção de impacto cada vez mais rigorosas enformam a necessidade de criar novas soluções para sistemas individuais de proteção de cabeça.

Foi a esta necessidade que a equipa do GRIDS, Centro de Tecnologia Mecânica e
Automação da Universidade de Aveiro tentou dar resposta. O estudo, financiado pela FCT, centrou-se na procura de soluções inovadoras para capacetes rodoviários, de desporto e militares. Três anos de testes comparativos e simulações para análise de deformações e tensões durante o impacto devolveram a solução agora proposta pela equipa.

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Fábio Fernandes (à esquerda) e Ricardo Sousa, investigador principal (à direita), da equipa de investigação

Testada e patenteada, é composta por “excertos de micro aglomerado de cortiça inseridos numa matriz de esferovite com as distâncias e tamanhos dos dois materiais devidamente estudados”, esclarece Ricardo Sousa, adiantando que a fórmula “não só absorve muito melhor o impacto do que a esferovite pura, como mantém a capacidade de absorver impactos mesmo quando ocorrem vários seguidos”.

ArtigoCapacete_P1150502A maioria das camadas de proteção dos capacetes é feita de materiais sintéticos, normalmente esferovite, que, como explica o investigador “tem a vantagem de ser barato e leve” mas, por outro lado, “tem a grande desvantagem, quando sofre um primeiro impacto, de se deformar permanentemente perdendo capacidade de reabsorção de energia”.

A cortiça, matéria-prima nacional, natural, 100% biodegradável e reciclável agora adicionada à fórmula supera esta insuficiência do esferovite ao revelar maior capacidade de absorção de energia para uma gama mais ampla de velocidades de impacto, e ao retornar praticamente à sua forma original após o impacto, aumentando assim a eficiência dos sistemas de proteção em caso de impactos múltiplos, situação comum em caso de acidentes.

ArtigoCapacete_Crealab_v02.Still002A cortiça apresenta, contudo uma grande desvantagem: o peso. Misturar a matéria-prima do sobreiro com a esferovite foi, pois, a opção encontrada para manter o equilíbrio entre a capacidade de absorção e a leveza do revestimento.

Embora potencialmente mais caros, os capacetes com o novo revestimento oferecem proteção extra em atividades de alta competição, para as quais a segurança “não tem preço”. Militares, pilotos de motociclismo e fórmula 1 e profissionais do ciclismo e hipismo podem, em breve, experimentar o inovador capacete, cuja produção está prevista já para 2014.