A Comunicação de Ciência em congresso “bottom-up”
Envolver os públicos (com ênfase no “s” do plural), envolver os cientistas e envolver os media, foram os três grandes temas do 1º Congresso de Comunicação de Ciência em Portugal – SciComPt 2013. Ao longo de dois dias cheios e intensos, 21 comunicadores de ciência e/ou investigadores apresentaram os seus projetos oralmente, e mais 46 em formato poster (105 trabalhos foram submetidos, e mais de 270 pessoas inscreveram-se no congresso). As apresentações cobriram praticamente todas as áreas científicas – refutando aqueles que dizem que há ciência impossível de comunicar – e uma grande variedade de projetos – desde palestras e visitas, a arte e multimédia.
O ambiente que se sentiu no Pavilhão do Conhecimento e os comentários recebidos via redes sociais sugerem que o congresso conseguiu, como se propunha, “estreitar e enriquecer a relação” entre os membros da comunidade de comunicadores de ciência em Portugal, abrir as portas à criação de laços, individuais e institucionais, que levem a uma maior cooperação, partilha de boas práticas e maior rentabilização de recursos, e ainda a uma reflexão crítica sobre a comunicação de ciência em Portugal. Neste sentido, é interessante que a organização tenha escolhido o verbo “envolver” e não “comunicar com” ou “divulgar para”, trazendo implícito uma vontade de refletir sobre projetos de comunicação de ciência no futuro, que transformem o que é muitas vezes uma comunicação unidirecional numa verdadeira conversa e diálogo, com participação – e envolvimento – de todas as partes.
O papel e o futuro dos comunicadores de ciência também foi debatido, em três “unconferences” propostas pelos participantes: a formação em comunicação de ciência, o financiamento e a importância dos gabinetes de comunicação nas instituições científicas. O crescimento das atividades de comunicação de ciência em Portugal, nos últimos anos, tem contribuído para o reconhecimento, pelo cidadãos, da importância da investigação científica – dos cientistas e das instituições – no progresso económico e social do País. Há que manter o investimento (material e imaterial) que tem sido feito – em pessoas e em projetos – de uma forma que responda às necessidades da comunidade de I&D e também da sociedade. A FCT foi muitas vezes referida no congresso como um ator chave neste processo. De facto, a FCT continua a reconhecer a importância da promoção da cultura científica para a evolução do sistema de investigação e inovação, e considera que a comunicação de ciência deve ser uma componente essencial do funcionamento das instituições de investigação científica.