De “Aha!” a valor de mercado

De “Aha!” a valor de mercado

Por Silvia Castro (Programa MIT Portugal)

Ao longo de um semestre, a iniciativa Bio-Innovation teams promove entre alunos de doutoramento do Programa MIT Portugal uma experiência prática de projetos de Bioengenharia orientados para o mercado. Baseada numa iniciativa similar do MIT, iTeams, a Bio-Innovation teams foi desenvolvida e adaptada à realidade Portuguesa, tendo como ponto de partida a investigação atualmente a decorrer nos laboratórios nacionais. Uma iniciativa da área de Bioengenharia, é parte integrante da estratégia do Programa para a promoção da inovação e empreendedorismo no mundo académico.

Apoiados pela equipa de docentes que organiza esta iniciativa, os estudantes contactam diretamente com outros investigadores, potenciais consumidores, parceiros, investidores, mentores e empreendedores. Analisam a tecnologia sob vários pontos de vista: quais as suas aplicações; qual o mercado para cada uma dessas aplicações; quais os fatores que a diferenciam dos restantes competidores no mercado; a possibilidade de passar da tecnologia desenvolvida nos laboratórios para aplicação duma forma rápida; e quem poderá ajudar os investigadores a fazer essa transição.

A partir deste estudo prévio, os estudantes elaboram um conjunto de recomendações que são apresentadas aos investigadores. Estas sugestões podem passar pela criação duma empresa, submissão duma patente, licenciamento a outra companhia para comercialização da tecnologia, estabelecer parcerias para o seu desenvolvimento, ou então podem sugerir que se trabalhe mais no seu progresso antes de se analisar de novo uma estratégia para comercialização.

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Este ano os estudantes de doutoramento analisaram tecnologias desenvolvidos nos laboratórios de quatro universidades. Na Universidade do Minho o projeto DOPANUR: Bioadhesive inspired by Nature, estuda o desenvolvimento de uma terapia celular para o tratamento da degeneração macular da retina relacionada à idade, e o biomaterial alvo do projeto Guidelet: One product, full periodontal guided regeneration permitirá, através duma dupla camada bioativa, a regeneração de tecido afetado pela doença periodontal.

Na Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra os investigadores do projeto InnoVscent: natural innovation debruçam-se sobre a palmilha 100% natural que pode ser adaptada a vários tipos de sapatos com a vantagem de eliminar bactérias e fungos.

RASI: Life in your hands, do Insituto Superior Técnico, pretende criar um novo algoritmo que analisa permanentemente dados enviados por pacemakers de doentes cardiovasculares de modo a prever novas ocorrências e um tratamento atempado.

Na Universidade Nova de Lisboa, os investigadores do projeto Dendream: new generation health solutions desenvolvem polímeros que, incorporados em tecidos, libertam um análogo da Vitamina D para o tratamento da psoríase, uma doença crónica autoimune.

Em Julho os estudantes apresentaram as suas propostas, aos investigadores e mentores.  O objetivo principal é o desenvolvimento duma estratégia de comercialização e a partir das recomendações elaboradas nas edições anteriores (de 2008 a 2012), os estudantes de doutoramento já participaram na submissão de patentes, submeteram os projetos que elaboram na Bio-Innovation teams a competições de empreendedorismo e participaram no processo de criação de novas empresas. Está aberto o caminho para os estudantes deste ano seguirem percursos semelhantes.

A Bio-Innovation teams tem vindo a contribuir para a criação dum ecossistema universitário de inovação, ao estimular a reflexão sobre as aplicações da investigação realizadas nas mais diversas universidades portuguesa, promovendo também o espírito empreendedor na nova geração de investigadores.

A iniciativa Bio-Innovation teams está a cargo de Isabel Rocha (Dep. Engenharia Biológica – Universidade do Minho), Lígia Rodrigues (Dep. Engenharia Biológica – Universidade do Minho), Duarte Miguel Prazeres (Dep. Bioengenharia – Instituto Superior Técnico), Frederico Ferreira (Dep. Bioengenharia – Instituto Superior Técnico), Fernanda Llussá (Faculdade de Ciências e Tecnologia – Universidade Nova de Lisboa) e João Nuno Moreira (Centro de Neurociências e Biologia Celular – Universidade de Coimbra).
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