Ciência e Cientistas. Destino: escola

Ciência e Cientistas. Destino: escola

Levar ciência e cientistas para dentro da escola é o lema da iniciativa “O Mundo na Escola”. Pôr os Insetos em Ordem ou experimentar a Física que há no dia-a-dia foram duas das atividades que chegaram a mais de 80 escolas e a cerca de 100 mil crianças e jovens no âmbito deste programa itinerante, lançado em 2012 pelo Ministério da Educação e Ciência (MEC).

Dirigido a alunos do ensino básico e secundário, cada uma das quatro atividades que o compõem foi estruturada de forma a permitir a interatividade, estimular a criatividade e o desenvolvimento das capacidades para fazer Ciência. “Achámos que valia a pena dar oportunidade ao maior número possível de jovens de perceber, experimentando, como é possível e fascinante entender a razão porque muitas coisas acontecem”, explica Ana Maria Eiró, diretora do programa.

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Três critérios alicerçaram a conceção da iniciativa: melhor divulgação, rentabilização de recursos e descentralização. Pretendia-se selecionar produtos de divulgação científica de qualidade já existentes e difundi-los pelo país. A sua construção, conta-nos Ana Eiró, foi “desafiante”. Em primeiro lugar “pensámos em iniciativas de grande qualidade, que depois foi necessário adaptar a modelos itinerantes sem desvirtuar as originais”. Em todos os momentos envolver escolas, câmaras municipais, cientistas. Organizar, executar. Finalmente, e repetidamente durante dois anos letivos, fazer-se à estrada.

artigo_mundoescola_inset2Insetos em Ordem visitou dez cidades e recebeu perto de 40 mil visitantes. É uma exposição que é um jogo de pistas: os visitantes recebem um inseto e têm que percorrer um labirinto para chegar à identificação da Ordem a que ele pertence. É a versão itinerante da exposição concebida no âmbito do Ano Internacional da Biodiversidade, patente em 2011 no Museu Nacional de História Natural e da Ciência. “Absolutamente fantástica” são as palavras de Ana Eiró para caracterizar esta exposição, cujo conceito inovador foi também reconhecido pela revista Science.

artigo_mundo_fisicadia2Adaptada a partir da grande exposição baseada na obra de Rómulo de Carvalho, produzida pelo Pavilhão do Conhecimento, “A Física no dia-a-dia na escola” explica princípios da Física clássica utilizando objetos do quotidiano. Num ambiente colorido, o visitante percorre cinco divisões da casa – o quarto, a sala, o escritório, a cozinha e o jardim – para realizar 32 experiências elaboradas com material comum. A mostra esteve em 45 escolas de 18 distritos e recebeu mais de 65 mil visitantes.

Doze Grandes Aulas, em áreas tão diversas como a Matemática, Geologia, Física, Química, Biologia, Neurociências e História da Ciência dadas por cientistas, de forma dinâmica e interativa, juntaram-se às duas exposições itinerantes. A matemática e o malabarismo, por António Machiavelo ou Ácaros: feios, porcos e maus? de Sara Magalhães, são exemplos de Grandes Aulas que foram a 26 escolas de 13 distritos.

A completar a dinâmica do programa esteve o concurso Saber Porquê, que desafiou alunos do 3º ciclo do ensino básico e do secundário a responder, em suporte audiovisual, a 13 perguntas lançadas mensalmente. A apelar à curiosidade e ao esforço colaborativo de pesquisa, o concurso recebeu 101 vídeos-resposta, de entre os quais o júri selecionou dois vencedores: “Onde está a capicua de Haydn?”, da equipa do Externato Delfim Ferreira, de Vila Nova de Famalicão e “Quanto mede a espada de um jedi”, do Colégio Cedros, de Vila Nova de Gaia.

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Dois anos letivos depois é tempo de balanço. A diretora do programa considera que “superou todas as expetativas” e que “seria bom continuar a desenvolver este modelo ”. De assinalar a recetividade das escolas e as dinâmicas geradas em torno das atividades científicas, que criaram verdadeiros eventos locais. Em muitas escolas foi construído um programa mais abrangente em torno das exposições que uniu ciência e arte, a ciência de Rómulo de Carvalho e a poesia do seu homónimo, António Gedeão. Porque um cientista também pode ser poeta.

E por onde andam ciência e cientistas do mundo na escola? Uma réplica de “A física no dia-a-dia na escola” viajou para Timor para a Escola Portuguesa Ruy Cinatti, estando atualmente noutra escola de Díli. Por cá, instala-se, durante o Verão, nos Centros Ciência Viva de Porto Moniz e de Sintra. Ser biólogo por uma hora é agora possível no Museu Municipal de Arouca, onde residem, até 14 de setembro, as 50 espécies de insetos a pôr em Ordem. artigo_mundo_fisicadia3