Centro de Filosofia das Ciências da Universidade de Lisboa

Filosofia e Psicanálise: Sobre o Conhecimento
 

 

 

Objectivos

O grupo de trabalho promove encontros mensais entre investigadores e terapeutas de maneira a discutir tanto as incidências teóricas das práticas clínicas, como as possíveis consequências clínicas de hipóteses teóricas que dizem respeito às modalidades singulares da compreensão e do conhecimento na prática da psicanálise. Os textos escolhidos inicialmente na tradição psicanalítica foram os de Freud e os de Bion. Os do primeiro por conterem uma série de hipóteses singulares sobre a dimensão epistémica do conhecimento, e sobre o enraizamento afectivo e pulsional do mesmo, que permitem pensar de novo o estatuto das formas lógicas do juízo segundo modalidades da aceitação e da recusa, assim como a génese da crença e as condições (dialógicas) da certeza. Os do segundo porque, à sua maneira inovadora, retomam questões deixadas em aberto pelos trabalhos teóricos de Freud (e de Klein) à luz dos desenvolvimentos das ciências formais (lógica e matemática) e das ciências hermenêuticas, integrando a reflexão epistemológica nas hipóteses gerais sobre a realidade psíquica e retomando no desenvolvimento teórico da psicanálise a questão das condições do conhecimento científico. Foram assim regularmente tratadas as questões da prova, da verdade, da verificação, assim como o lugar da psicanálise no espaço desenhado pela tensão clássica entre compreender e explicar  que prolonga a diferença entre ciências naturais e ciências “do espírito” (Naturwissenschaft e Geistwissenschaft), ciências naturais e ciências humanas. Estas questões foram levadas a cabo  tendo em conta, igualmente, os argumentos oriundos da reflexão de Popper, Grunbaum e Binswanger sobre as dificuldades e os paradoxos inerentes à prática e à teoria psicanalíticas.

 

 

Equipa

 

Ana Almeida

Ana Gaspar

António Fragoso Fernandes

Nuno Miguel Proença (head)

 

 

Actividades

 

Bibliografia

 

Assoun, P.-L., Freud, la philosophie et les philosophes, Paris, PUF, 1976.

Assoun, P.-L., Introduction à l'épistémologie freudienne, Paris, Payot, 1981.

Assoun, P.L., Freud et Wittgenstein, Paris, PUF, 1988.

Bion, Learning from experience, London, Karnac Books, 1962.

Bion, «Evidence», in Clinical Seminars and Other Works, London, Karnac Books, 1994, pp.312-320.

Bion, Cogitations, London, Karnac Books, 1991.

Bion, «Sobre Alucinação», in  Estudos psicanalíticos revisados, Imago, Rio de Janeiro, 1988,, pp. 63-80.

Binswanger, «Aprendre, Comprendre, Interpréter en Psychanalyse» (1927), in Analyse existentielle et psychanalyse freudienne,  trad. Roger Lewinter, Paris, Gallimard, 1970, pp.155-172.

Binswanger, «La conception freudienne de l'homme à la lumière de l'anthropologie» (1936),in Analyse existentielle et psychanalyse freudienne, op.cit. , pp.201-237.

Castel, P.-H., «Bion Epistémologue», in Bion, La preuve et autres essais, Paris, Ithaque, 2007, pp.61-120.

Freud, «Constructions dans l'analyse», in Résultats, Idées, Problèmes - I, Paris, PUF,

Freud, «A negativa», in Obras psicológicas de Sigmund Freud, volume III, Rio de Janeiro, Imago,1969, pp. 145-150.

Freud, «Os instintos e as suas vicissitudes», Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, volume XIV, Rio de Janeiro, Imago, 1996, p.117.

Freud, «Pulsions et destin des pulsions», in Métapsychologie, Paris, Folio, pp. 11-44

Gil, F., «A prova em Freud: seminário», in Mediações, Lisboa, INCM, pp.

Gil, F., «Prova», in Modos da Evidência, Lisboa, INCM, pp.

Gil, F., Provas, Lisboa, INCM,

Grunbaum, The Foundations of Psychoanalysis: A Philosophical Critique, University of California Press, Berkeley, Los Angeles, 1984.

Grunbaum, Validation in the Clinical Theory of Psychoanalysis: A Study in the Philosophy of Psychoanalysis, International Universities Press, 1993.

Popper, Conjectures and Refutations, Routledge,

Popper, O realismo e a Ciência

Proença, N., Qu'est-ce que l'objectivation en psychanalyse? Sept lectures de Freud, Paris, L'Harmattan, 2008.