Lisboa vai ter novos bebedouros que permitem encher garrafas reutilizáveis e assim reduzir o uso do plástico

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Samuel Alemão

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Cidade de Lisboa

16 Abril, 2019

Se se confirmar, pode ser o fim da garganta seca para muitos. Depois do anúncio da proibição da venda de copos descartáveis, a partir do próximo ano, a câmara municipal promete investir em bebedouros públicos preparados para abastecer cantis e garrafas reutilizáveis. Numa primeira fase, enquadrada pela comemoração do “Lisboa Capital Verde Europeia 2020”, a nova geração de equipamentos será colocada em três dezenas dos mais movimentados pontos da cidade. Antes disso, a autarquia diz que vai proceder à reparação de bebedouros e apostar na colocação, em diversos jardins e zonas de recreio, de novos equipamentos que permitam também a utilização por animais de companhia.

O cenário em muitos espaços verdes da capital costuma, salvo excepções, ser algo desanimador. A cada vez que se procura um bebedouro, é bem provável que esteja inoperacional, devido a avaria ou a vandalismo, ou condições de funcionamento deficientes, a ponto de desincentivar o seu uso. Mas agora a Câmara Municipal de Lisboa (CML) promete mudar tal estado de coisas e, à boleia da comemoração do “Lisboa Capital Verde Europeia 2020”, encetar uma pequena revolução nos pontos de distribuição gratuita de água disponíveis para a população. Este ano, estão previstas diversas acções de reabilitação dos equipamentos e ainda a aquisição de novos modelos de bebedouros, dando resposta às necessidade não apenas de humanos como dos seus animais de estimação. Mas, para além disso, a câmara está também a desenvolver, em parceria com a Empresa Pública das Águas Livres (EPAL), um novo modelo de bebedouros públicos que tornarão mais fácil o enchimento de cantis e garrafas, ajudando assim a combater a utilização de embalagens descartáveis, sobretudo de plástico.

Os planos da autarquia são revelados num memorando assinado por José Sá Fernandes, vereador com o pelouro do Ambiente, em resposta um requerimento apresentado pelo Partido Ecologista “Os Verdes” (PEV), no mês passado, na Assembleia Municipal de Lisboa (AML), no qual se punha em causa o funcionamento do sistema de bebedouros da cidade. Recordando que, já em Maio de 2016, a assembleia havia aprovado por unanimidade uma recomendação apresentada pela mesma força política em que se pedia à CML que fizesse um levantamento da cobertura e do estado de funcionamento destes equipamentos, em particular junto a espaços de jogo e recreio, o documento entregue há poucas semanas pelo PEV voltava a insistir na necessidade de a câmara prestar informação sobre a matéria. Nos considerandos, o requerimento sublinhava a “notória escassez de bebedouros, chafarizes e outros tipos de fontanários disponíveis em espaço público”, mas também o facto de que diversas estruturas do género existentes se apresentam inoperacionais, por se encontrarem desligados ou com botões avariados.

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Muitos dos bebedouros da cidade estão desactivados ou apresentam um funcionamento deficiente

Tias falhas serão, todavia, superadas em breve, garante agora Sá Fernandes, na resposta ao requerimento dos ecologistas. O vereador assegura que a CML está prestes a adquirir “um conjunto de bebedouros para responder às necessidades de reposição de falhas em parques e jardins, cujos modelos respondem às recomendações inclusivas da AML, quer para pessoas, quer para animais”. A instalar, numa primeira fase, durante este ano, os equipamentos terão na sua maioria a dupla valência de poderem assegurar o fornecimento de água a pessoas e também a animais, em particular cães. O modelo misto, com um bebedouro superior para os humanos e um junto ao solo para os bichos, terá 26 unidades colocadas, em sítios como Avenida da Liberdade, Rio Seco (Ajuda), Parque da Bela Vista, Parque Urbano dos Olivais, Parque Urbano da Quinta das Flores ou na Ciclovia Ribeirinha, em locais como Santa Apolónia, Doca de Santo Amaro ou a Estação Fluvial de Belém. Prevê-se ainda colocação de quatro novos bebedouros simples para pessoas (dois no Rio Seco; um no Jardim Amália, no topo do Parque Eduardo VII; e outro no Parque da Bela Vista) e dois para animais (um no jardim da Torre de Belém e outro na Ribeira das Naus). Além disso, proceder-se-á à adaptação e colocação de mais de uma dúzia de bebedouros para uso dos animais.


 

Em paralelo a este investimento para suprir as necessidades básicas, a Câmara de Lisboa garante estar também a trabalhar no desenvolvimento de um equipamento específico que “acumula a função de bebedouro com o de permitir encher garrafas/cantis”. Algo que a autarquia lisboeta diz estar “englobado numa estratégia climática, quer ao nível do aumento da resiliência das populações às ondas de calor, quer ao nível da mitigação com redução da necessidade de produzir resíduos descartáveis. A iniciativa, em parceria com a EPAL e integrada na iniciativa “Lisboa Capital Verde Europeia 2020”, decorrerá numa primeira fase em três dezenas de localizações com grande acumulação de potenciais utilizadores. Entre elas contam-se Cais do Sodré, Ribeira das Naus, Mosteiro dos Jerónimos, Gare do Oriente, Santa Apolónia, Parque das Nações, Campo Grande, Entrecampos, Campo Pequeno, Saldanha, Picoas, Avenida da Liberdade, Martim Moniz, Largo do Rato, terminal do metropolitano da Pontinha, Rossio, Marquês de Pombal, Rua Augusta, Castelo de São Jorge ou o Largo Camões.

 

 

A Câmara de Lisboa anunciou, a 10 de Janeiro deste ano, durante a apresentação de um vasto pacote de medidas para combater a proliferação do lixo e melhorar a higiene urbana, que pretende proibir a comercialização de bebidas em copos de plástico descartáveis no início do próximo ano, quando começar o “Lisboa Capital Verde Europeia 2020”. A revelação ocorreu um ano depois de se terem ficado a conhecer os primeiros planos da autarquia para o fazer, confirmados a O Corvo pelo gabinete do então vice-presidente da autarquia, Duarte Cordeiro. Lembrando que a CML tem em vigor, desde 2016, um Plano Municipal de Gestão de Resíduos, a referida fonte assumia, a 3 de Janeiro de 2018, que o município se encontrava já a trabalhar com a administração central “de forma a encontrar soluções” para a erradicação dos copos de plástico na venda de bebidas na capital portuguesa. Algo que deverá acontecer, então, no próximo ano, e que entretanto tem ajudado a proliferar projectos de criação de recipientes reutilizáveis.

 

Um dos mais visíveis tem sido protagonizado pela EPAL, parceira da Câmara de Lisboa na promoção da nova geração de bebedouros públicos. Depois de ter lançado uma primeira geração de garrafas reutilizáveis feitas de plástico, para encher com água da torneira, a Fill Forever (1,5 euros) – mas também a exclusiva Lisbon Soul, desenhada pelo arquitecto Álvaro Siza Vieira, e a Lisbon Tap Water Bottle, produzida pelo Depósito da Marinha Grande -, a empresa pública anunciou, em Março passado, um novo modelo de cantil de barro, designado de “garrafa COOL”. Feita em barro, em três versões (barro vermelho com serigrafia em preto, barro vermelho com serigrafia em azul, e barro negro), a COOL tem uma capacidade de 9,5 decilitros, custa 50 euros e pode ser comprada no Museu da Água da EPAL, na Mãe d’Água das Amoreiras e nas lojas da empresa.

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