Mercado do Rato vai receber alunos de escolas em obras, nova escola básica e centro de apoio a vítimas de violência

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Sofia Cristino

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Santo António

10 Abril, 2019

Alguns alunos das escolas básicas encerradas para obras de requalificação, no centro de Lisboa, vão ter aulas em monoblocos escolares no antigo Mercado do Rato. Esta utilização do espaço será temporária, uma vez que o município quer instalar ali um Centro de Atendimento a Mulheres Vítimas de Violência Doméstica e uma escola básica do primeiro ciclo. De acordo com o pelouro da Educação, este espaço “tem muito potencial para albergar serviços públicos da cidade” e é necessária “uma reconversão a uma escala mais humana”. Os monoblocos serão colocados no mesmo sítio para onde esteve planeada a construção de um parque de estacionamento automóvel da Empresa de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa (EMEL).

Os alunos das escolas básicas encerradas para obras, no centro de Lisboa, vão ter aulas em monoblocos escolares no antigo Mercado do Rato. A Câmara Municipal de Lisboa (CML) está a estudar “uma intervenção integrada para este espaço, no sentido de implementar, pelo menos, dois equipamentos”, um Centro de Atendimento a Mulheres Vítimas de Violência Doméstica e uma escola básica do primeiro ciclo. Durante a fase de planeamento, porém, o sítio poderá acolher em contentores os alunos de escolas fechadas para obras, garante a O Corvo fonte oficial do gabinete do vereador da Educação, Manuel Grilo (BE).

Há pouco mais de uma semana, a autarquia anunciou o encerramento das escolas São Sebastião da Pedreira, na freguesia das Avenidas Novas, e do Vale de Alcântara, na freguesia de Alcântara. A decisão, anunciada em reunião pública do executivo camarário (27 de Março), surgiu depois de serem conhecidas as conclusões preliminares de duas vistorias feitas pelo Laboratório Nacional de Engenharia (LNEC) aos edifícios onde estão instaladas as escolas. Os 166 alunos dos dois estabelecimentos de ensino vão concluir este ano lectivo nas escolas Marquesa de Alorna e Manuel da Maia, respectivamente. Antes de voltarem para as antigas escolas, que poderão ser reconstruídas de raiz, alguns alunos serão instalados provisoriamente nos contentores.

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O Marcado do Rato deixou de ter actividade comercial regular em 2013

O Mercado do Rato, situado no início da Rua Alexandre Herculano, a poucas dezenas de metros do Marquês de Pombal, foi ainda sugerido para albergar os alunos da Escola Básica Luísa Ducla Soares – encerrada há mais de dois anos para obras. O presidente da Junta de Freguesia de Santo António, Vasco Morgado (PSD), garante a O Corvo que os alunos da Ducla Soares – agora instalados provisoriamente nas escolas Maria Barroso e Gaivotas – também poderão ter aulas nos monoblocos que irão ser instalados no mercado que cessou a sua actividade regular em 2013.


Os estudantes do jardim-de-infância e da escola primária Ducla Soares estão a ter aulas nas escolas básicas Gaivotas e Maria Barroso desde Setembro de 2016, altura em que a escola encerrou para obras de requalificação. A empreitada só avançou, porém, no final do ano passado, a 14 de Dezembro. Tal atraso levou o presidente da Junta de Freguesia de Santo António a pensar em sítios alternativos para instalar os alunos. “Sugeri ao vereador da Educação deslocar as crianças da Ducla Soares para aquele espaço . Tivemos essa confirmação há cerca de dois ou três meses. Será sempre provisório, porque as obras desta escola já estão a andar”, diz Vasco Morgado.

 

O autarca explica que, após várias reuniões com o Ministério da Educação, concluíram que os alunos não poderiam continuar a ter aulas temporariamente em escolas sem capacidade para albergar todos. “As crianças que já lá estavam deixaram de ter condições, e as que foram para lá não têm condições. São cem alunos divididos por duas escolas, Gaivotas e Maria Barroso, e há muitas limitações do espaço físico. Os contentores, hoje em dia, não são maus, têm ar condicionado e melhores condições”, diz. O gabinete do vereador da Educação desmente, contudo, esta possibilidade. A hipótese poderá ter estado em cima da mesa, admite, mas, neste momento, está fora de questão. “Poderá receber alunos de outras escolas, mas não será o caso da Ducla Soares, uma vez que, se forem cumpridos os prazos do empreiteiro, reabrirá já em 2020”, garante o pelouro da Educação.

 

 

Os monoblocos do Mercado do Rato serão colocados no mesmo sítio para onde esteve planeada a construção de um silo automóvel da Empresa de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa (EMEL). Em reunião camarária, em Dezembro de 2014, a Câmara de Lisboa aprovou a cedência deste terreno para a construção de um parque de estacionamento. De acordo com uma notícia de Dezembro de 2014 do jornal Público, a proposta implicou a cedência gratuita de um direito de superfície municipal, avaliado em cerca de um milhão de euros. E terá sido aprovada com os votos favoráveis do PS, do PCP e do movimento Cidadãos por Lisboa (eleitos nas listas socialistas) e os votos contra do PSD e do CDS-PP.

 

Os lugares de estacionamento no Mercado do Rato também chegaram a constar do Plano de Urbanização da Avenida da Liberdade e Zona Envolvente (PUALZE). Uma fonte oficial da EMEL garante a O Corvo, porém, que tal projecto não irá mesmo avançar. “A câmara deu-nos indicações para revertermos o terreno. Já não vamos construir o parque de estacionamento ali e sabemos que querem instalar ali escolas”, informa a empresa municipal de parqueamento.

 

O antigo mercado, onde se encontra apenas em funcionamento uma loja solidária – com artigos usados ou doados –, também já foi palco de alguns eventos esporádicos de cariz social. Depois de anos de impasse quanto ao destino daquela infra-estrutura, fonte do gabinete do vereador da Educação admite que tratar-se de “um espaço público com muito potencial para albergar serviços públicos da cidade”. “No entanto, necessita hoje de uma reconversão para uma escala mais humana”, diz a mesma fonte, em resposta escrita.

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