Alojamento local é “tragédia” e “praga” nos bairros históricos, diz presidente de junta

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Samuel Alemão

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URBANISMO

Santa Maria Maior

23 Março, 2017

O presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, Miguel Coelho (PS), volta a pedir medidas legais para travar o processo de esvaziamento demográfico dos bairros do centro histórico de Lisboa por parte das classes mais desfavorecidas, consequência da revolução turística em curso. A multiplicação da oferta do alojamento local está a matar comunidades como as de Alfama e da Mouraria, diz. O autarca, que nos últimos meses tem vindo a intensificar uma pública discordância com o presidente da Câmara Municipal de Lisboa sobre a melhor forma de lidar com o fenómeno, diz que “não há que ter medo das palavras quando se vê o que está acontecer um pouco por todo o lado como uma praga”. E para combatê-la há que tomar medidas concretas, possivelmente através de mudanças nos regulamentos, defende.

“Os culpados não são os turistas, os culpados são os portugueses que querem alugar casas a turistas”, disse o presidente da junta, ao final da tarde desta quarta-feira (22 de março), durante a cerimónia de inauguração de um painel de fotografia sobre mosaico, de autoria da artista inglesa Camila Watson e feito como homenagem às pessoas da Mouraria. A obra, denominada “Canto de Sol”, foi colocada numa parede do Centro de Inovação da Mouraria (CIM), na Travessa dos Lagares. E fica de frente para o prédio com número 25 da Rua dos Lagares que, há poucas semanas, foi notícia por todos os seus inquilinos terem recebido uma ordem colectiva de despejo, cujo intuito será o de dar espaço para novos apartamentos turísticos. O processo, entretanto, mereceu o interesse da CML e poderá não ser concretizado. Mas o presidente da junta de Santa Maria Maior promete estar vigilante.




“A junta estará sempre do seu lado”, disse, quando se referiu aos residentes deste prédio ameaçado de ser engolido pela onda turística – e já depois de um deles, Carla Pinheiro, se ter manifestado revoltada com o que “está a acontecer não apenas aqui no bairro, como em toda a Baixa e noutro sítios”. “Estamos a mobilizar todos os recursos que temos, vamos tentar resistir o máximo que pudermos, aqui e noutros locais, para evitarmos esta tragédia em curso”, disse Miguel Coelho, alertando para a forte possibilidade de, muito em breve, surgirem situações análogas à que se está a viver no edifício da Rua dos Lagares. Há, neste momento, um caso que o preocupa na Rua das Farinhas, confessou – embora a natureza contratual dos arrendamentos seja algo distinta.

Questionado, logo de seguida, por O Corvo, sobre o teor das palavras que acabara de proferir, Miguel Coelho disse que “é errado fazer um discurso anti-turista, mas importa fazer discursos sobre a necessidade da sustentabilidade do turismo”. “E isso só acontece com as pessoas que aqui moram”, defende. Durante a cerimónia, o eleito socialista já frisara a importância vital de manter ali os moradores tradicionais destes bairros do centro da capital, que qualificou como “pessoas com história, pessoas autênticas”. “O que seria da Mouraria se viessem cá os turistas e não encontrassem as pessoas que são os seus moradores?”, perguntou, ante o aplauso de algumas dezenas de pessoas, moradores e não só.

Ao Corvo, e à semelhança do que fez numa recente reunião pública, o autarca voltou a defender a adopção de medidas legais que impeçam o surgimento de alojamento local em prédios em que os moradores se oponham a tal. Mas também deseja que sejam criados mecanismos que impeçam a concentração do negócio do alojamento local, “que está a favorecer bancos e grandes especuladores”. “Aqui na freguesia, os investimentos neste negócio estão nas mãos de três ou quatro entidades”, afirma. Admitindo a dificuldade em alterar as leis, Miguel Coelho sugere que as restrições por si sugeridas possam ser conseguidas através de mudanças nos regulamentos. “É um assunto que temos que estudar”, diz.

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COMENTÁRIOS

  • Responder

    medina&costa,empreendimentos turisticos salgados

  • mascarenhas
    Responder

    Gostaria de saber onde foi ele buscar a informação de que o investimento em alojamento local na freguesia está concentrado em 2 ou 3 entidades. Eu investi as minhas poupanças num estúdio em alfama e conheço muito mais gente como eu, que tem um trabalho, mais ou menos precário, que complementa os seus rendimentos com esta actividade. Ah, e a maior parte das pessoas que conheço investiu na renovação de apartamentos em prédios que antes estavam abandonados.

    • Jorge
      Responder

      Porque há empresas e investidores a comprar prédios inteiros. Eu conheço uma empresa dessas, com 9 prédios em Lisboa para alugar a turistas.
      Mas o que interessa aqui é as coisas serem equilibradas, porque de facto há bairros debaixo de uma pressão turística enorme e que estão a perder moradores e o comércio local.
      Porque é que não pode existir alguma moderação?

    • Júlio Gonçalves
      Responder

      Você ainda se preocupa em esclarecer as mentiras deste palerma? É uma triste figura do PS, que nunca fez mais nada na vida do que carreirismo politico, tipo lambe botas, dentro do partido. Tenho pena e entristecem-me as figurinhas pequeninas que enxameiam os partidos do poder. Lisboa merece mais e melhor!

  • Aninhas Mateus
    Responder

    O presidente só diz isto pq não lhe toca a ele ou a um familiar ter um AL aí p discurso era diferente.

    • Miguel Madeira
      Responder

      Que mentalidade tão mesquinha e egoísta. Os presidentes têm que olhar para o bem do povo e não para o bem da carteira dos familiares.

    • Vitor Sabino
      Responder

      Miguel Madeira deveria ser assim, mas não é…

    • Aninhas Mateus
      Responder

      Loooool como se os presidentes fossem assim. Diga lá o que está acontecer de errado?? N conheço ninguém que tenha sido expulso de casa para se montar um AL.

      • Tiago
        Responder

        Pois eu conheço vários. Generalizar é o mal das pessoas. Dizer que não conhece não quer dizer que não exista.

      • Ana GONÇALVES
        Responder

        Não seja mentirosa! Arrendamento local acaba com o verdadeiro arrendamento. E sim, já houve muitos inquilinos obrigados a sair das casas por culpa deste tipo de negócio de fuga ao Fisco.

    • Miguel Madeira
      Responder

      Aninhas Mateus eu conheço vários, eu próprio estou em vias disso. Tem que se começar a dar com a plebe.

    • Aninhas Mateus
      Responder

      Eu não sou da nobreza. Mas já lhe disseram que o querem meter fora p fazer AL? Não acho que isso seja correto mas tb não acho que devemos mandar nos senhorios a casa é deles.

    • Júlio Gonçalves
      Responder

      Sim, mas felizmente a familia da coordenadora autárquica do partido tem e não segue as ideias deste palerma.

  • Rui Ribeiro
    Responder

    E eu que julgava que a tragedia e praga nesta freguesia era o lixo a céu aberto que a junta de freguesia está para resolver há anos.
    Basta o senhor presidente visitar o cruzamento da Rua dos Lagares e da Rua das Olarias para ver um verdadeiro hino à higiene urbana.
    Convém é que a visita não seja depois da passagem das equipas de limpeza como acontece quando o senhor presidente anda nas ruas há procura de problemas que não sejam da sua responsabilidade.

  • Ana Rita Sá Pimentel
    Responder

    O melhor é deixar os prédios abandonados e a cair…

    • Miguel Madeira
      Responder

      A lei das rendas de 2012 acabou com as rendas baixas do antigamente. Esse argumento não tem razão de ser.

    • Ana Rita Sá Pimentel
      Responder

      só pode estar a brincar…os meus patrões têm rendas que passaram de 7,50/10,00€ para pouco mais de €100,00€; quer fazer obras estruturais com esse valor? e quando os moradores se recusam até a sair para se fazerem obras básicas??

      • Tiago
        Responder

        Existem acordos com a câmara municipal de Lisboa para conseguir um apoio da câmara para reabilitação dos prédios quando existem casos de moradores com rendas baixas. Mas por isso dar trabalho e porque os senhorios preferirem em mandar embora os arrendatários para rentabilizar o prédio, o argumento é sempre esse. Só se conhece a verdade pela metade, porque dá mais jeito. Ana Rita Sá Pimenta, informe-se melhor.

        • ana
          Responder

          estou informada obrigada…
          os apoios das Câmaras (Lisboa, Sintra e/ou Cascais) não dão nem para renovar a canalização/electricidade de prédios arrendados com rendas inferiores a €20,00 nos últimos 50 anos que, com as actualizações e, dada a idade da maioria dos inquilinos, se não forem obras do bolso do senhorio, que não das rendas, há muito tinham soterrado os arrendatários…informe-se o sr melhor que disso tenho eu todos os dias!
          e não sou Pimenta, sou Pimentel 🙂

  • Fernando Arroz
    Responder

    Impressionante como “todos” agora defendem este comércio que é o AL.
    Sim, é um facto que é melhor que ver os prédios a cair, mas isso é um discurso “fraco” e não pode nem deve ser usado como “única” solução.
    Renovação não pode ser sinónimo de descaraterização e esvaziamento de de residentes….
    Caramba, há que implementar regras e limites como acontece em qualquer tipo de comércio onde há impostos diferenciados, horários, contingentes…
    Criem-se mais hotéis e seus derivados. Isso cria emprego e baixa das tarifas!
    Caramba 2… Não se pode por ao serviço dos “camones” aquilo que de mais tradicional e pitoresco Lisboa possui! Ninguém pensa nisto? 🙁

    • Catarina de Macedo
      Responder

      Apoiado!

  • Armando Viegas Lopes Lopes
    Responder

    Bem, na zona de S. Bento e demais.

  • Ávila
    Responder

    Vamos já criar uma reserva de indígenas “tradicionais” e “pitorescos” no centro de Lisboa, para a cidade não perder a sua “identidade”. Será que ninguém vê o quão ridículo isto é? Querem criar um parque temático com senhores de bigodes e mercearias de bairro subsidiadas, para turista ver?Uma cidade é um ser vivo e dinâmico. Alfama está cara e desinteressante? Mudem-se para Xabregas/Beato, que é o que vai bombar nos próximos anos. Sei do que falo, comprei casa no Intendente no final dos anos 90, quando NINGUÉM queria ir para lá. Agora que uns quantos como eu investiram lá, sofreram na pele as tentativas de assaltos, o consumo de cavalo a céu aberto, e o bairro se tornou prazenteiro e atraente, qualquer badameco se acha no direito de comprar ou arrendar lá uma casa ao preço de há 10 anos. Porque “viver no centro de Lisboa é um direito humano! Tão importante como o acesso à água potável!”.
    Já não há pachorra.

    • Ana GONÇALVES
      Responder

      Nada disso! Melhor mesmo são as lojas dos chineses, indianos, paquistaneses…é só escolher o melhor produto.

  • Maia Elbling
    Responder

    meu prédio vai ser despejado 5 famílias incluído a minha para se fazer um roomhostel e nada podemos fazer…

    • Maria Pardelhas
      Responder

      Então conta lá quanto é que cada inquilino (contrato de arrendamento vitalicio) recebe para sair.

  • Vitor Ramos
    Responder

    E vem aí nova bolha imobiliária, basta ver a vergonha de ver apartamentos T1 a + de 450.000 mil euros sem contar com os alugueres ilegais e as casas não estarem sequer isoladas a nível acústico!

    • ana
      Responder

      quanto custa remodelar/reconstruir um prédio antigo?
      achava que investiam nas obras se não houvesse retorno financeiro?

      • Ana GONÇALVES
        Responder

        Um prédio não é um hotel. As rendas subiram drásticamente e a maior parte dos senhorios alugam sem sequer um contrato de arrendamento. A fuga ao Fisco é enorme. Nos hotéis isto não acontece.
        A continuar assim qualquer dia começam a rebentar bombas nos prédios.

  • Miguel Madeira
    Responder

    Finalmente um politico que diz as coisas como elas são. Da esquerda à direita tudo mama com isto do A_, por isso é que não se vêm os políticos a bramar contra essa praga.

  • Sergio Ferreira Silva
    Responder

    corram com os turistas de Lisboa

    • Gaspar Hötel
      Responder

      Tontinho

    • Sergio Ferreira Silva
      Responder

      Gaspar Hötel se você perdesse a sua casa para que fosse feito um hotel para ainda encher mais Lisboa de turistas pensava de outra forma

      • Catarina de Macedo
        Responder

        É verdade que a tendência pode ser essa. Mas como disse e bem o presidente da junta o mal não são os turistas mas sim os portugueses que querem fazer dinheiro com o turismo e que para isso espezinho os outros portugueses se preciso. Quantas vezes não me aconteceu em esplanadas os empregados atenderem primeiro estrangeiros que chegaram depois de mim ao local e ainda me tratarem com pouca educação quando eu avisei que já lá estava antes. A culpa não é dos estrangeiros mas dos portugueses que se querem tornar nos serviçais dos turistas pelo dinheiro. Só falta levarem-nos ao colo…

      • RuiPedro
        Responder

        Aí está um dos erros. Como pode perder a casa se a casa é arrendada?
        Dentro dos limites do direito, o senhorio é o proprietário do imóvel, e tanto há a possibilidade de o inquilino sair do imóvel quando quer e maltratar o imóvel enquanto lá está, porque a justiça não obriga os inquilinos a se portarem bem e a cumprir com os contratos, também o proprietário, pode, dentro da lei, dispor do seu património e dar-lhe o uso que entender e se for caso disso, cancelar contratos existentes pagando as devidas indemnizações.
        Os inquilinos julgam sempre que têm direito a dispor dos imóveis dos outros porque pagam alguma coisa. Se pagarem rendas decentes e actuais não há senhorio que os queira pôr fora, agora, inquilinos de rendas “actualizadas” depois de décadas de congelamento e degradação do imóvel?!?

        • Ana GONÇALVES
          Responder

          A justiça só não pune os inquilinos se a casa estiver alugada sem contrato de arrendamento. Informe-se melhor e leia o que o Balcão do Arrendamento tem a dizer nestes casos.

    • ana
      Responder

      e o País vive de quê???
      acha que há mais algum negócio a salvar o País da falência???

      • Ana GONÇALVES
        Responder

        Por causa de haver tantos negócios é que a corrupção se instala. É por isso mesmo que o país não tem salvação.

  • Vera Marreiros
    Responder

    E na área da Braamcamp, Rosa Araújo, Alexandre Herculano, toda esta área até Campo de Ourique está completamente a “saque”. De um dia para o outro vêem-se prédios completamente vazios, em obras, para depois serem vendidos ou alugados por preços completamente obscenos para nós portugueses. Será que querem expulsar os portugueses para a periferia e ficar com a cidade só para os próceres estrangeiros e portugueses? os portugueses de “terceira” apenas servem para pagar impostos. Enquanto a lei dos arrendamentos não for revista, os senhorios fazem o que querem e bem entendem, levaram anos a receber rendas irrisórias, mas agora é “fartar vilanagem”.

    • Miguel Madeira
      Responder

      A resposta é sim. A ideia é deixar Lisboa para as elites. gentrificação é um nome bonito para fidalguização.

      • Catarina de Macedo
        Responder

        Verdade. E depois acham que o comum mortal português não tem direito a viver lá porque agora a zona é chique e tem de se pagar fortunas para lá viver. Esquecem-se é que as pessoas já viviam lá antes, e agora são forçadas a sair, e que aquelas que se foram embora antes da onda do turismo também tinham saído por causa dos preços do imobiliário. Acusam as pessoas de não terem vindo morar para Lisboa antes e que votaram os prédios ao abandono. A questão é mesmo essa. Os proprietários é que deixavam os prédios sem qualquer intervenção cobrando ainda rendas que não serviam para muita gente nem para o estado em que os edifícios se encontravam. Não foram os moradores que votaram os prédios ao abandono mas sim os proprietários. Se Lisboa esteve vazia foi precisamente graças a eles. É normal que muitas pessoas tenham fugido. Agora que finalmente estão a pôr tudo num brinco, já se ofendem por as pessoas quererem lá morar como se isso anormal. Acho que é lógico não querer morar em prédios a cair de podre e preferir morar em prédios reabilitados não? Não compreendo a indignação de uns. O problema é que agora os prédios não são reabilitados para a larga maioria.

  • Ana Rita Sá Pimentel
    Responder

    Espero que não corram com os turistas de Lisboa nem de outro lado algum do País…são a única área de negócio que impede a falência de todos nos; quantos de vós querem ir cavar para viver?

    • Fernando Arroz
      Responder

      Oh mulher eu até defendo que a av.ª da Liberdade deveria ser transformada em pista de aeroporto e as ruas e construções adjacentes transformadas em hangares…
      Boa? Que tal? 😀

    • Luiz de Sá Pereira
      Responder

      Sintético e lacónico.
      Obrigado!

  • Vera Marreiros
    Responder

    Oh. E não “cavamos” todos os dias vontade para seguir em frente?

  • Colin Mateus Marques
    Responder

    Quando se mistura a falta de mundo dum parolo com a falta de visão de negócio de um esquerdista dá nisto.

    • Júlio Gonçalves
      Responder

      Boa!

  • Ana
    Responder

    Quando começar a construção da Mesquita no Martim Moniz quero ver quem quer comprar alguma coisa sabendo que irá ter uma bomba relógio ao pé!

  • Ginka
    Responder

    Falta ouvir os outros lados da questão… e não apenas o do político.

  • Pedro G
    Responder

    Mas será que estas pessoas estão convencidas que alguém irá investir em recuperar algo a cair para ganhar rendas miseráveis e estar mais de 50 anos para recuperar o investimento? Por será que a cidade que é na cidade de Lisboa que continua a existir maior quantidade de edificios em ruinas e abandonados? Cortem o investimento e voltamos aos anos 80 e 90, com tudo a ficar aos poucos abandonado.
    Mas isto é a tipica conversa de quem só olha para o seu buraquinho e quer lá saber do dinheiro dos outros desde que o próprio quer estar bem. Em qualquer capital, nas zonas centrais, o preço das imóveis bem como as rendas são sempre mais elevadas. Mas o típico tuga, quer bom, bem localizado e barato.
    Acho que vou também começar a exigir que as casas na Quinta da Marinha custem 50000€ e a renda seja de 300€ pois também tenho direito de viver numa casa à beira mar e no meio do campo!!!
    Façam como os outros, lutem e invistam o vosso dinheiro em vez de andar a gastar em coisas voláteis. Mas infelizmente é mais fácil cobiçar os outros e tentar tira-lhes as coisas do que procurar ser igual ou melhor!!

    • Catarina de Macedo
      Responder

      Rendas miseráveis? O que afastou muitos de Lisboa antes da onda do turismo foi precisamente as rendas elevadas que cobravam para as pessoas morarem em prédios a cair de podre. Os proprietários é que condenaram Lisboa a ser um deserto. Não é preciso cobrar rendas milionárias, que é o que fazem agora, para terem retorno. O que os move é mesmo a ganância de conseguirem mais e mais. Se puderem cobrar 1 milhão por um T0 acredite que vão cobrar, e aliás cada vez estão mais próximos disso. Os proprietários não queriam era gastar dinheiro a reabilitar prédios e queriam continuar a cobrar rendas como se eles estivesse impecáveis. Rapidamente as pessoas começaram a sair de Lisboa por causa disso. Mas agora como perceberam que os turistas não pagam fortunas para ficar em prédios miseráveis, lá começaram a reabilitar e a aproveitaram para aumentar ainda mais os preços. Não, não é injusto exigir morar em Lisboa com preços acessíveis aos portugueses. Primeiro porque Lisboa é a capital de Portugal e o que é aqui é feito deve ter em conta a realidade portuguesa e não a realidade dos bolsos dos que vêm cá dormir durante uma semana. A ganância dos proprietários não justifica a desertificação da capital mais antiga da Europa, daqueles que sempre aqui moraram, os portugueses.

  • Pedro G
    Responder

    Mas será que estas pessoas estão convencidas que alguém irá investir em recuperar algo a cair para ganhar rendas miseráveis e estar mais de 50 anos para recuperar o investimento? Por será que a cidade que é na cidade de Lisboa que continua a existir maior quantidade de edificios em ruinas e abandonados? Cortem o investimento e voltamos aos anos 80 e 90, com tudo a ficar aos poucos abandonado.
    Mas isto é a tipica conversa de quem só olha para o seu buraquinho e quer lá saber do dinheiro dos outros desde que o próprio esteja bem. Em qualquer capital, nas zonas centrais, o preço das imóveis bem como as rendas são sempre mais elevadas. Mas o típico tuga, quer bom, bem localizado e barato.
    Acho que vou também começar a exigir que as casas na Quinta da Marinha custem 50000€ e a renda seja de 300€ pois também tenho direito de viver numa casa à beira mar e no meio do campo!!!
    Façam como os outros, lutem e invistam o vosso dinheiro em vez de andar a gastar em coisas voláteis. Mas infelizmente é mais fácil cobiçar os outros e tentar tira-lhes as coisas do que procurar ser igual ou melhor!!

    • Jorge
      Responder

      Não podia ter dito melhor!

      Quanto ao tema do artigo: Trágico era o parque habitacional de Lisboa há uns bons anos atrás – a cair aos pedaços! Quem é que ainda se lembra da Baixa assombrada que ninguém com um palmo de testa tinha a coragem de atravessar a pé. Já para não falar dos restantes bairros..

      Abençoado investimento!

  • Gerardo Lima
    Responder

    bom mesmo são os prédios devolutos, melhor ainda os de herança indivisa, que nem imi pagam

    • Júlio Gonçalves
      Responder

      E também os da SCML, abandonados e não utilizados e a não pagar IMI.

  • Matheus Bernasconi Puertas
    Responder

    Se não houver moradores não há votos e não haverá autarquia… sem povo não há presidente de junta. É uma questão de mutua sobrevivência.

  • Samuel Lagarto
    Responder

    Saudações! A quem estiver interessado, somos uma empresa que faz a gestão, à medida e sustentável, do seu imóvel de Alojamento Local.

    https://www.facebook.com/becodojasmim/

  • MRDF
    Responder

    Eu gostava era de ouvir estes presidentezecos a insurgirem-se contra os hoteis que tomam de uma assentada posse de quarteirões inteiros, mas contra estes…..moita carrasco, que são grandes e fazem falta para sustentar as campanhas eleitorais, não é? É mais fácil cair em cima do alojamento local, que são pequeninos! Agora é que se lhes deu a preocupação, quando estava tudo a cair, cheio de lixo, droga e prostituição, andavam calados e fingiam que não viam!!!

    • Júlio Gonçalves
      Responder

      Dizem eles que defendem os pequenos empresários e os pequenos investidores.
      A este nunca ouvi falar da situação do Memo hotel, junto ás Portas do Sol. Será que a rua onde está instalado oferece segurança para os moradores e hóspedes? Será que tem acesso a um carro de bombeiros em caso de incêndio?

  • Vitor Marques
    Responder

    Situação provocada pela Lei das Rendas de 2012 da autoria de Assunção Cristas/CDS. Os portugueses não tem disponibilidade financeira para arrendar uma casa.

    • Luiz
      Responder

      Apoiado! E candidata-se esta Senhora a Presidente da Câmara…
      Vamos a ver quantos “empresários” “investidores” “resilientes” de “competitividade” existem moradores na cidade.

    • Júlio Gonçalves
      Responder

      Os idosos e deficientes estão protegidos, não podem ser despejados. Agora a mama dos arrendamentos passarem de pais para filhos e depois para netos, isso acabou. Era uma injustiça.

  • Dora Nogueira
    Responder

    Eu tbm considero o esvaziamento demográfico trágico para a cidade e os amigos meus que estão neste momento a ficar sem casa para viver também mas o sr é pouco inteligente nas afirmações . As causas são globais . Raios ! Claro q deve haver regulamentação para q pelo menos com 600 ou 700 os habitantes de Lisboa possam permanecer na sua cidade , é necessária regulamentação urgente p estas pessoas , ja para nao falar dos idosos , mas andar a culpar este e aquele sem pensar nas causas todas é pobre . Ops. ! Se calhar a pobreza é uma das razoes !

  • Dora Nogueira
    Responder

    A lei das rendas também é uma das razoes . Mas também como estava era insustentável e daqui a 10 Anos estava tudo no chão e cheio de mamarrachos

  • Dora Nogueira
    Responder

    A ver pelos comentários nao é só o presidente da junta q é pobre nas razoes . É esquerdistas é cristas, é culpar tudo e todos. Se calhar temos q mudar primeiro dentro de casa e talvez as coisas melhorem um pouco . Aliás em tudo é a única coisa q podemos fazer . E dar valor ao que temos pois nunca demos …

  • Ana Nogueira
    Responder

    O investimento que o AL tem feito revitalizou os Bairros degradados, o de Santa Maria Maior, é um deles.
    É importante, manter um controlo no sentido de ter os edifícios com residentes e turistas, essa é a essência do alojamento local.
    A promoção da nossa cultura, através da convivência com os locais.
    Agora dizer que os turistas ou o AL, são uma praga……..um tanto bizarro.
    Eu mando desinfestar o meu pátio, regularmente, para me ver livre das baratas americanas que circulam na rua, e que resultam da falta de higiene na cidade, ausência de caixotes adequados, ausência de limpeza do coletor municipal, uma tristeza… o senhor presidente da junta deveria abrir os olhos e ver as pragas que o lixo causa. Isso sim é um problema grave!

    • Júlio Gonçalves
      Responder

      O senhor presidente da junta manda os carros do lixo imundos e a cheirar mal, para o Chiado, ás 4 horas da tarde, em hora de ponta e com as ruas cheias de turistas, a retirar o lixo dos caixotes. “Ganda” presidente! Isto ê que é dar bom nome á cidade! Os turistas que de lixem! Que aguentem cheiro! E é se quiserem! Má nada!

  • Elza Roxana Álvares Saldanha
    Responder

    Como assim ?
    Alugar quartos ou apartamentos a turistas é coisa que existe em todos os locais turísticos. Sabe se que a muitos países literalmente vivem do turismo como a Itália. Portugal tem muito a ganhar. Não entendi o lado ruim… faltam turistas?

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