Lojas da Rua do Carmo vão sustentar o funcionamento da cafetaria dos Terraços
As dificuldades em rentabilizar a cafetaria e a respectiva esplanada situada nos Terraços do Carmo motivaram a adjudicação da sua exploração conjunta com as duas lojas a abrir nos números 79 e 83 da Rua do Carmo. O Corvo apurou que esta foi a forma encontrada pela Câmara Municipal de Lisboa (CML) para contornar a aparente falta de interesse comercial no espaço situado nas traseiras das ruínas do Convento do Carmo, integrado no arranjo paisagístico inaugurado em Junho do ano passado. Para isso muito estarão a contribuir as limitações impostas aos adjudicatários para fazerem obras no local projectado por Siza Vieira.
No início de Abril passado, a autarquia anunciou a realização de uma hasta pública, a 12 de maio (quinta-feira), que prevê o arrendamento conjunto da referida cafetaria e de duas lojas detidas pelo município – com as propostas a poderem ser entregues em carta fechada até à véspera. O contrato a celebrar por um período de cinco anos, e que prevê também a gestão e manutenção do balneário público e do elevador que ligará a Rua do Carmo aos Terraços, será celebrado com quem oferecer o valor mais elevado de renda mensal à câmara e demonstre ser capaz de explorar os espaços. O valor base da licitação é de € 4.480,00.
Quem vencer o concurso terá de proceder, então, à exploração simultânea da cafetaria e do par de lojas a abrir na comercialmente muito valorizada Rua do Carmo. Esta terá sido a fórmula encontrada pelos serviços de gestão patrimonial da CML para contornar as aparentes dificuldades de rentabilização da cafetaria e esplanadas. Uma realidade que estará a ser sentida pela Pastelaria Versailles, que se encontra a explorar o espaço, a título provisório, desde o início do Outono passado. Apesar da vista extraordinária sobre o Castelo de São Jorge, o Elevador de Santa Justa e a Baixa, não têm sido muitos os que têm procurado o estabelecimento, situado junto às traseiras do quartel da GNR. Na verdade, na maior parte das vezes, está vazio.
Para a reduzida atração de clientela da cafetaria e respectiva esplanada, situadas num recanto dos Terraços do Carmo, estará a contribuir uma certa rigidez na oferta. O facto de não ser ali possível realizar qualquer obra de adaptação que altere o projecto original de Siza Vieira – arquitecto responsável pela reabilitação do Chiado, que concebeu o espaço público que garante a ligação das ruas do Carmo e Garret ao Largo do Carmo e fez surgir um novo miradouro na cidade – leva a que se revele quase impossível instalar diversos equipamentos de cozinha e, assim, garantir um leque de escolhas mais alargado.
Quando ali instalaram a extensão da conhecida pastelaria situada na Avenida da República, os gerentes da Versailles teriam a intenção de, em pouco tempo, poderem começar a oferecer também refeições mais substanciais, isto é, almoços e jantares. Mas as condicionantes do local tê-los-ão demovido de tal ideia. O caderno de encargos da hasta pública que agora se vai realizar – e que virá dar resposta à, há muito aguardada, inauguração do elevador – fala expressamente na concessão do espaço como sendo de “cafetaria/pastelaria”.
Mesmo a esplanada ali existente se tem revelado pouco atractiva, apesar do excelente enquadramento paisagístico. Durante os meses de Outono e Inverno, os responsáveis da Versailles quiseram instalar uma cobertura para proteger os clientes da chuva, mas a pretensão ter-lhes-á sido negada pelos serviços camarários, com o argumento de que iria desvirtuar a criação de Siza Vieira. O arquitecto terá dado ordens expressas para que o sombreamento e protecção da esplanada sejam feitos apenas com recurso a um coberto vegetal. O problema é que os dois arbustos que o garantirão foram plantados há muito pouco tempo, pelo que nem tão cedo cumprirão tais funções.