Junta de Santo António e CML declaram guerra aos graffiti na Calçada do Lavra

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Samuel Alemão

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CULTURA

Santo António

22 Março, 2016


Após a reportagem do Corvo sobre o cenário caótico causado pela actividade ilegal dos graffiters naquela zona, junta e câmara decidiram banir qualquer pintura. Foi decretada tolerância zero para com o graffiti. E qualquer nova mancha colorida será apagada de imediato. A vigilância será assegurada pela Polícia Municipal. “É um bocado como com as crianças: se não se sabem portar bem, são castigadas”, diz Vasco Morgado, presidente da Junta de Santo António. Mas já há paredes grafitadas depois de pintadas de novo.

A Calçada do Lavra e as escadarias que fazem a sua ligação ao Jardim do Torel foram consideradas pelas autoridades, desde a semana passada, uma zona interdita ao graffiti. Equipas de uma empresa especializada na remoção de pinturas com aerossol estão, desde a última quarta-feira (16 de março), a proceder ao apagamento de todas as superfícies preenchidas por uma anárquica profusão de cores. A onerosa operação, que é paga a meias pela Junta de Freguesia de Santo António e pela Câmara Municipal de Lisboa (CML), não deverá, contudo, ter resultados garantidos. É que há paredes já grafitadas de novo, após as primeiras acções de limpeza.

Oficialmente, contudo, a proibição é total. A partir de agora, nem sequer é possível responder aos laivos de criatividade na área que lhes estava destinada, e que havia para o efeito sido instituída pela antiga Junta de Freguesia de São José, em 2011, após um acordo com uma marca de aerossóis. “Esta é uma medida correctiva. É um bocado como com as crianças: se não se sabem portar bem, são castigadas. Vamos ter ali uma intervenção total, sem abertura de excepções. De cada vez que se fizer um risco ou uma pintura numa parede, nós iremos logo limpar”, assegura ao Corvo o presidente da Junta de Freguesia de Santo António, Vasco Morgado (PSD).

O autarca reconheceu que a situação que ali estava criada, surgida de uma iniciativa por si lançada enquanto presidente da junta de São José – integrada na nova freguesia de Santo António, em Outubro de 2013 -, estava fora de controlo. “Infelizmente, não há respeito. Existe uma grande falta de civismo e as pessoas que fazem este género de acções e vandalizam o espaço público sentem-se impunes, porque há uma efectiva falta de fiscalização”, afirma o presidente da junta, fazendo notar que “isto só vai lá quando doer no bolso” dos prevaricadores. É que, a partir de agora, “a Polícia Municipal vai lá estar todos os dias, durante uns tempos”, para tentar evitar que as pinturas se repitam.

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Parede que já havia sido limpa voltou a ser grafitada, no dia seguinte.

O que não se assemelha como uma tarefa fácil. Logo no dia seguinte ao começo da intervenção de higienização, foi grafitada de novo uma das paredes pintadas de fresco pelos funcionários da empresa contratada pela junta e pela câmara municipal – que chegaram a acordo para terminar com a existência da área de livre uso por parte dos artistas urbanos. “Não é fácil e ainda vai demorar um pouco, mas as pessoas vão-se habituar as ver as paredes limpas. Mas o segredo é atacar logo que haja um risco”, explica Vasco Morgado, naquilo que qualifica de uma “tentativa de defesa do património” – a junta e a CML asseguram também a pintura das fachadas dos rés-do-chão dos prédios afectados.

“As pessoas nem imaginam o dinheiro que se gasta com esta operações de limpeza. Até para a Câmara de Lisboa é caríssimo”, diz o autarca sobre a tentativa de restabelecer o aspecto original do espaço público daquela zona da cidade, que assegura a ligação entre a Colina de Santana e a Avenida da Liberdade. Operação na qual está também empenhada a Junta de Freguesia de Arroios – comparativamente, muito menos afectada, pois a escadarias situam-se em Santo António, sendo a fronteira entre ambas as freguesias estabelecida pela Calçada do Lavra. Também a Carris despende, com muita frequência, quantias avultadas para repintar de amarelo o ascensor do Lavra.

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