Praça do Martim Moniz terá mais espaços verdes, mas contentores mantêm-se, garante o promotor

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Sofia Cristino

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VIDA NA CIDADE

Santa Maria Maior

6 Dezembro, 2018

Depois das duras críticas feitas ao plano de renovação da zona central da Praça Martim Moniz, a concessionária Moonbrigade alterou a proposta inicial, apesar de qualificar como “defensiva” a reacção inicial dos moradores. Algumas das principais preocupações da comunidade, manifestadas na reunião de apresentação da primeira versão do projecto, eram a falta de áreas verdes e a intenção de vedar a zona à noite. A empresa garante agora que a cerca não será colocada, permitindo a circulação a qualquer hora do dia, prevendo-se ainda o alargamento dos espaços verdes. Promete-se, por isso, mais árvores, canteiros e floreiras do que as previstas no projecto inicial, “para criar zonas mais frescas e convidar as pessoas a ficarem lá”. “Queremos que seja um ponto de encontro para a população local, sem barreiras e fronteiras”, promete o promotor. O som ambiente do mercado será também controlado. Mas um dos aspectos mais criticados, a utilização de contentores, deverá manter-se. A concessionária garante estar disponível para novas alterações, caso a população manifeste tal vontade e assegura que a nova proposta é “feita a pensar nas pessoas”.

Na nova versão do projecto de requalificação da Praça Martim Moniz, apresentada na manhã desta quinta-feira (6 de Dezembro), num encontro com jornalistas convocado pela concessionária Moonbrigade, haverá mais zonas verdes, cadeiras e bancos. Vai ser possível atravessar a praça de uma ponta à outra, e o espaço poderá ser utilizado por mais pessoas sem obrigação de consumir em nenhum dos estabelecimentos, outra das inquietações dos moradores. A área da concessão será reduzida e a zona comercial ocupará 28% do espaço total da praça. “De cada lado, vamos ter uma área equivalente a dois Largos do Intendente”, garante Geoffroy Moreno, sócio da Stone Capital, que detém uma parte desta concessão, atribuída à empresa Moonbrigade,Lda. Outra das novidades será a instalação de um pórtico, com seis metros de altura, que servirá como uma “espécie de mini miradouro”. O investimento será de 3 milhões de euros e a obra arranca no início de 2019. Deverá estar concluída no próximo Verão.


A construção de um parque infantil, apoiada pelo presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, Miguel Coelho (PS), mantém-se, assim como os espaços comerciais – um restaurante com comida de todo o mundo, uma mercearia, um cabeleireiro, uma loja de discos de vinil, uma chapelaria, uma florista, um talho e uma padaria e um espaço para associações sociais do bairro, como o Centro de Inovação da Mouraria e a Cozinha Popular da Mouraria. A instalação de uma “loja dos moradores” é outra das novidades. Trata-se de um espaço próprio para os residentes do bairro e a ideia é que seja criada uma loja de revenda de produtos em segunda mão. O espaço comercial terá um mural de anúncios, onde os moradores podem afixar gratuitamente as suas mensagens, como oferta de serviços ou outros recados.

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Os frequentadores do recinto não serão obrigados a consumo mínimo

Haverá ainda um espaço para exibições rotativas, de três em três meses, e workshops de arte urbana, esculturas fixas e intervenções artísticas permanentes de criadores de renome nacional e internacional. “Quisemos recriar esta malha urbana com praças pequenas, para voltarmos a dar uma escala mais humana à praça. Acho que as pessoas reagiram um pouco na defensiva, mas vão perceber que é um projecto feito a pensar nelas”, afirma o dono da empresa, responsável por vários projectos imobiliários de luxo na capital.

 

A utilização de contentores, uma das partes do projecto mais criticada pelos moradores, mantém-se e naqueles que tiverem dois pisos poderão ser instaladas esplanadas. Como se tratam de estruturas modelares flexíveis, as mesmas serão revestidas por materiais “menos pesados”, como madeira, tal como já tinha sido proposto inicialmente. Ao todo, serão treze contentores e estes terão entre seis e 60 metros quadrados. “Antes de decidirmos utilizar contentores, fomos à procura de todos os formatos possíveis pelo mundo, e pareceu-nos a melhor opção. Têm um custo razoável que permite sustentar negócios mais pequenos, não estamos a falar de rendas como as da Avenida da Liberdade”, garante Geoffroy Moreno.

 

 

As rendas das superfícies comerciais vão variar entre 300 e dois mil euros e será criado emprego para 300 pessoas. “Queremos criar uma bolsa do emprego para que os moradores da zona se possam inscrever e vamos fazer a ponte entre os comerciantes que vão abrir negócios e os habitantes. A Rua da Palma ainda não está muito dinâmica, como outras à volta, e acreditamos que esta será uma forma de revitalizar a zona”, afirma ainda. A Moonbrigade vai recolher e tratar todo o lixo da praça para garantir “um nível de controle muito superior ao existente” e o som ambiente do mercado também será controlado, de forma a reduzir o ruído. Os restaurantes utilizarão loiça descartável biodegradável e os copos serão reutilizados. Os eventos das comunidades continuarão a ser promovidos fora da área de concessão.

 

O contrato da actual concessão foi celebrado a 9 de Maio de 2012, entre a Câmara de Lisboa e a NCS – Produção, Som e Vídeo, Lda, a qual tem sido acusada pela autarquia de estar em incumprimento, razão pela qual, aliás, decidiu renegociá-lo. Por isso, foi recentemente celebrado um novo contrato, prevendo um acordo de regularização de uma situação de dívida daquela empresa, tendo o sócio maioritário da mesma, José Filipe Rebelo Pinto, passado a integrar também a estrutura accionista da Moonbrigade. O tempo de concessão original (10 anos) foi assim prolongado por mais quatro anos, totalizando agora o mesmo 14 anos. Um período considerado “longo” por alguns dos partidos representados na vereação ( Bloco, PSD e PCP). Mas a concessionária diz existir uma explicação para tal duração. “Precisamos de algum tempo para recuperar o valor investido e acordámos com a Câmara Municipal de Lisboa (CML) mais quatro anos dos inicialmente propostos”, explica Moreno. O projecto de 2012 para a revitalização da Praça do Martim Moniz, desenvolvido em torno da instalação de quiosques, e até há poucos meses em funcionamento, não terá resultado, assume agora o empresário. “A intenção era muito boa, mas os meios eram mais limitados e não correu tão bem”, esclarece.

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