Câmara de Lisboa estuda banir autocarros de dois pisos nas faixas BUS da Av. da Liberdade
A Câmara Municipal de Lisboa (CML) está a avaliar as condições de conservação das árvores da Avenida da Liberdade, em particular as situadas junto às faixas de rodagem, a fim de tomar as medidas necessárias para que se evitem acidentes semelhantes ao que feriu uma dúzia de turistas, na semana passada. Dessa avaliação resultará a decisão dos serviços camarários por uma de duas medidas: ou a poda dos exemplares que possam representar perigo para o fluxo rodoviário ou a proibição de circulação de autocarros de dois pisos nas faixas BUS, aquelas que mais próximas estão das árvores. A decisão foi anunciada pelo presidente da autarquia, Fernando Medina (PS), durante a última reunião do executivo camarário, realizada na tarde desta quarta-feira (28 de fevereiro). O autarca reafirmou ainda a intenção de a câmara reassumir a gestão do arvoredo no Eixo Central, entre o Marquês de Pombal e Entrecampos.
A resposta de Medina surgiu após o executivo ter sido instado, tanto pelo PCP como pelo CDS-PP, a esclarecer quem, realmente, era o responsável pela gestão das árvores da avenida, Câmara de Lisboa ou Junta de Freguesia de Santo António – uma dúvida levantada após as declarações contraditórias sobre o assunto, ocorridas na sequência do acidente com um autocarro turístico. E tanto o presidente da CML como, antes dele, o vereador da Estrutura Verde, José Sá Fernandes, frisaram que “não existem dúvidas” quanto a tal assunto: era à junta, de acordo com que havia ficado estabelecido aquando da transferência de competências do município para as juntas, em março de 2014. “A Avenida da Liberdade é uma via estruturante, mas o auto de transferência é inequívoco: a gestão das árvores passou para a junta de freguesia”, disse Sá Fernandes, que logo depois teve a ajuda de Medina na reiteração de tal convicção.
O vereador responsável pela administração dos espaços verdes da cidade informou que, apesar da passagem de responsabilidades para a tutela da junta liderada pelo PSD, está a trabalhar em conjunto com esta para encontrar a melhor forma de lidar com o arvoredo na Avenida da Liberdade. “Estamos a analisar a situação dos troncos das árvores e liguei ao presidente da junta, para que isto fosse feito em articulação com ele. Porque, independentemente das árvores serem deste ou daquele, acho que devemos tomar as medidas preventivas necessárias para o efeito”, afirmou José Sá Fernandes, que, há cerca de um ano, também durante uma reunião pública de vereação, a 22 fevereiro de 2017, anunciara um acordo com a junta para que a CML voltasse a ter a tutela da manutenção dos espaços verdes naquela artéria, se bem que por um período de dois anos. Algo que, veio a perceber-se depois do acidente com o autocarro da Carristur, não tinha sucedido. É que, nesse mesmo dia, o presidente da câmara tornava público o regresso da responsabilidade camarária.
Na reunião desta quarta-feira, Fernando Medina voltou a frisar o seu entendimento de que a tutela dos espaços verdes da principal artéria da capital tem sido, nos últimos anos, da junta. “No auto de transferência consta a verba que a junta recebia em relação à situação do arvoredo, sobre isso não há dúvida”, disse Medina, antes de avançar com o que poderá acontecer, a partir de agora: “A avaliação que foi pedida é para saber se, em relação às restantes árvores, estão em condições. E depois, uma de duas: ou uma intervenção de poda sobre as árvores, resolvendo o problema; ou, se, no caso limite a isso formos obrigados, para evitar o abate de árvores em casos em que se possam manter saudáveis, uma limitação à circulação de autocarros de dois andares nos corredores, para evitar que acidentes daquela natureza voltem a ocorrer”.
O presidente da Câmara de Lisboa disse ainda, durante esta intervenção, que a edilidade se prepara para reassumir a gestão das áreas verdes, arvoredo incluído, do Eixo Central, entre o Marquês de Pombal e Entrecampos. Fernando Medina considerou “impraticável” o actual modelo de manutenção das árvores naquele eixo, cujas responsabilidades são divididas por três juntas de freguesia.