Um novo espaço verde de acesso público no lugar do planeado parque de estacionamento com 86 lugares, a construir num terreno de 8000 metros quadrados de propriedade municipal. Esta é a proposta pela qual se bate um conjunto de cidadãos das freguesias da Penha de França e de Arroios, entre as quais se divide a encosta denominada de Caracol da Penha, onde começaram, há poucos dias, a ser feitos os preparativos para instalar um parqueamento a explorar pela Empresa Municipal de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa (EMEL). Trata-se de uma parcela semi-abandonada no meio de tecido urbano, mas de uma grande riqueza vegetal.

 

Em vez do estacionamento – que contará ainda com um parque infantil, uma creche, um quiosque e miradouro com esplanada -, o grupo de moradores propõe um jardim com um campo de jogos multiusos, hortas, miradouro, quiosque com esplanada e um bosque. Alegam que o terreno “possui mais de 25 árvores de espécies variadas (incluindo lódãos, zambujeiros, pinheiros, cactos), das quais 11 são de fruto (ameixeiras, amendoeiras, figueiras, abacateiros, nespereiras, bananeiras, oliveiras) e três são árvores de grande porte (pinheiro, eucalipto)”. Alegam ainda que existe um “considerável espaço de horta e de arbustos/bosque”.

 

“Por estas características, este espaço constitui já um grande pulmão verde desta zona de Lisboa”, consideram esses moradores. Por isso, decidiram mobilizar-se através do Movimento Pelo Jardim do Caracol da Penha e apresentaram uma proposta ao Orçamento Participativo de Lisboa 2016 para a criação de um novo jardim público naquele lugar. E resolveram convidar a restante população a conhecer o seu projecto, durante a tarde (16h-20h) deste sábado (9 de julho).

 

A apresentação terá lugar no Espaço Roundabout.LX, centro de arte experimental situado na Rua Cidade de Cardiff, 54B, ao cima das escadarias da Rua Cidade de Liverpool. O programa prevê a apresentação pública do movimento, a discussão do mesmo e a partilha de propostas, a apresentação do sítio do movimento, o lançamento de uma petição, exposições de fotografia, vídeo e som e ainda música “por vários artistas do bairro e amigos”.

 

O apelo à mobilização tem sido feito, nos últimos dias, através das redes sociais e de um folheto colado nas paredes e mobiliário urbano das duas freguesias. “Sabe que existe um jardim à porta de sua casa?”, pergunta-se nesse documento, no qual se explica que o terreno em causa “tem mais de 8.000 m2 (e pertence à CML)”; “possui várias dezenas de árvores, muitas de fruto”; “poderá ser um verdadeiro jardim público, com espaços de convívio para todos”; “ter equipamentos desportivos e de brincadeira, para os mais novo” e “poderá ser um corredor verde pedonal entre a Avenida Almirante Reis/Rua Marques da Silva e a Rua Cidade de Cardiff”.

 

Ideias que sintetizam a proposta apresentada ao Orçamento Participativo de Lisboa 2016 e na qual se refere que “este terreno, presentemente sem qualquer utilização, pode responder à enorme carência de espaços verdes fechados com infraestruturas lúdicas e desportivas no centro da cidade, nomeadamente nestas duas grandes freguesias residenciais do centro da cidade de Lisboa”. “Pelas suas características únicas, pode tornar-se um dos principais jardins que servem a população da cidade de Lisboa. As freguesias de Arroios e Penha de França, cheias de vida, têm cerca de 60.000 habitantes e possuem um tecido social muito diversificado, também a nível etário, com idosos e muitas famílias com crianças e adolescentes”, alega-se.

 

Na apresentação dessa proposta, é lembrado que o espaço faz fronteira com duas escolas, uma com todos os graus de ensino e uma creche, e possui mais de 10 escolas e jardins-escola num raio de 500 metros. “Verifica-se que tanto a freguesia da Penha de França como a de Arroios não possuem um jardim público com estas características: muito arborizado, fechado e sem trânsito automóvel, permitindo um usufruto seguro e com grande qualidade, também ambiental”, diz o texto, antes de defender que “a concretização desta proposta constituiria um enorme incremento na qualidade de vida dos moradores destas duas freguesias, mas não só”.

 

As presidentes de junta de freguesia da Penha de França, Sofia de Oliveira Dias (PS), e de Arroios, Margarida Martins (PS), já se manifestaram publicamente a favor do projecto de estacionamento a explorar pela EMEL. Em declarações recentes ao Diário de Notícias, ambas referiram a importância de “requalificar” aquele espaço e de dar resposta às necessidades de estacionamento sentidas pelos residentes daquela área.

 

Texto: Samuel Alemão

 

  • Responder

    Lisboa: cada vez menos transportes públicos e cada vez mas estacionamentos para carro, ao revés do resto do mundo.

    • Vasco
      Responder

      Carros para os lisboetas que aí moram.

  • Ines C. Paulo
    Responder

    Menos carros por favor.

  • Joaquim Xavier Lopes
    Responder

    Parabéns a este grupo de municipes que estão em contraciclo com a cultura do automovel.

    Enquanto as obras no Eixo Central, uma das zonas mais bem servidas de trasnportes publicos e parques de estacionamento de Lisboa, geram protestos pela perca de cerca de uma centena de lugares de estacionamento aqui pede-se que em vez dum parque de estacionamento se construa um jardim publico.

  • Paulo Ramos
    Responder

    Mas o jardim público não enche os bolsos de ‘fotocópias”

  • Isabel Barreiros
    Responder

    E um crime o k vão fazer façam os parques fora da cidade e criem boas redes de transportes mas isso de facto não dá dinheiro.

  • Responder

    as arvores não rendem multas

  • Fernando Sousa
    Responder

    Parabéns pela iniciativa deste grupo de municipes.

  • Pedro Marques
    Responder

    Mais bicicletas na cidade e menos carros; mais ciclovias ; mais transportes públicos ecológicos, que também possam transportar pessoas com bicicletas. Enfim, olhem mais para as outras capitais da Europa.

  • John da silva
    Responder

    Concordo com o jardim mas também com o estacionamento. Porque não haver uma parcela para estacionamentos? O espaço para estacionamentos é cada vez menor em virtude da intervenção escabrosa da emel. No bairro de inglaterra e no ex/bairro das colónias( toda a gente ainda o conhece assim), com o intuito de fazer «coisinhas bonitas» muitos lugares que poderiam ser de estacionamento deixaram de o ser. O que fazemos? Mandamos os carros fora? As pessoas que não moram em Lisboa e que trabalham em Lisboa é que devem deixar o carro em casa. Conheço o espaço, tive a oportunidade de o visitar quando ainda era uma propriedade privada á coisa de 20 anos. Como morador defendo o melhor dos 2 mundos e a criação também de um parque de estacionamento, bem como de um espaço de jardim.

  • Vasco
    Responder

    Os logradouros dessa zona da cidade estão cheios de barracões, cimento e anexos feitos pelos próprios moradores. Onde estão as árvores e as plantas que tanto dizem apreciar?

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