Corte e poda de árvores em várias zonas de Lisboa indigna moradores e activistas
As vozes de protesto multiplicam-se em vários locais de Lisboa contra a metodologia de gestão do arvoredo adoptada pela câmara municipal e juntas de freguesia, que inclui o frequente abate de exemplares ou podas consideradas demasiado agressivas para os mesmos. A manhã (8h) desta segunda-feira (24 de outubro) tem prevista uma acção de contestação, junto aos números 35 e 37 do jardim do Campo Grande, contra o corte de árvores planeado pela autarquia no âmbito do projecto de reordenamento do espaço público da zona de Entrecampos. Um grupo de moradores e utilizadores frequentes da zona e a Plataforma em Defesa das Árvores farão um cordão humano para tentar evitar que sejam “cortadas cerca de 30 árvores adultas”. Ao mesmo tempo, há fortes críticas à poda feita, neste fim-de-semana, a uma emblemática árvore do Largo do Limoeiro.
“Acreditamos que devem ser os projectos a adaptar-se às pré-existências – sobretudo tratando-se de seres vivos que proporcionam benefícios à vida humana – e não o contrário”, afirmam os organizadores da manifestação que pretende evitar que sejam derrubadas várias tílias e uma tipuana de grande porte, num espaço verde sujeito a uma remodelação – incluindo o sistema de rega – há pouco mais de dois anos e situado “numa das vias mais poluídas de Lisboa”. O corte dessas árvores e a eliminação da área verde, dizem os organizadores da acção de protesto, levará ao surgimento naquele lugar de “um punhado de lugares de estacionamento”. Na página dedicada à manifestação, criada no Facebook, apela-se a que as pessoas apareçam pelas 8 horas, garantindo assim que o cordão estará formado “quando os trabalhadores da obra entrarem ao serviço”.
Operação de poda no Largo do Limoeiro (foto: Plataforma em Defesa das Árvores)
Os membros da Plataforma em Defesa das Árvores – colectivo que congrega diversos cidadãos e entidades como o Fórum Cidadania LX, o Geota, Associação Lisboa Verde ou a Plataforma por Monsanto – criticam também a poda feita, na madrugada de domingo, a um bem conhecido exemplar da espécie bela-sombra (também designada como ombú), existente no Largo do Limoeiro, junto ao Centro de Estudos Judiciários. Classificada como árvore de interesse público, a árvore com mais de um século foi sujeita a uma intervenção de corte de algumas pernadas, realizada por técnicos às ordens da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, a qual os membros do colectivo consideram desnecessária e até “bárbara”. “Numa noite de chuva, porquê? Porque não fazer manutenção ao longo do dia? É 1h30 e ainda se ouvem as serras!”, desabafou ao Corvo um integrante da plataforma residente na área.