Ver Lisboa do alto da Torre Galp
“(…) Recorda a primeira vez que olhou para lá dos vidros das janelas do andar alto para onde foi morar, ainda adolescente, na zona oriental da cidade. À sua frente estendia-se o Deserto Vermelho – a chaminé maldita e a labareda gigante, o sistema de vasos comunicantes da fábrica sem paredes, os segmentos a tracejado da iluminação fluorescente, o rio ao fundo e o som dos foguetes das festas na outra banda. Desperta, pressente o presente fugaz. O cenário muda constantemente ao ritmo do pânico do progresso. Em breve, terá de pagar para ver as estrelas do alto da chaminé maldita derradeiramente transformada no mirante da Nova Cidade. (…)”
Este é um excerto de um texto autobiográfico que a fotógrafa Paula Ferreira começou a escrever em 1997, no decorrer das obras da Expo 98. A antiga torre da fábrica tem origem em 1939, com o início da produção da refinaria de Cabo Ruivo, e situa-se na actual freguesia do Parque das Nações. Durante o tempo da exposição universal, deram-lhe o nome de Porta do Mar, entrada Sul.
Passadas quase duas décadas, Paula Ferreira teve oportunidade de subir ao último patamar daquela que é agora conhecida como Torre Galp, num miradouro a 75 metros de altura do chão, e apreciar uma vista panorâmica sem pagar. A visita ao alto da estrutura aconteceu no passado sábado (1 de outubro) e foi organizada pela associação A Cidade Imaginada Parque das Nações (ACIPN). O Corvo mostra aqui o que se poder ver desde lá de cima.