Grupo de mães quer restringir acesso de cães ao novo Jardim da Cerca da Graça

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Samuel Alemão

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AMBIENTE

São Vicente

18 Maio, 2015


Embora não se conheça ainda a data precisa para a inauguração, a expectativa em relação à há muito aguardada abertura do Jardim da Cerca da Graça é elevada. Depois de, há pouco mais de dois meses, ter surgido um abaixo-assinado solicitando a criação de acessos directos a partir do bairro da Graça ao novo espaço verde de 1,7 hectares, é agora lançado um outro para limitar o acesso de cães aquele espaço.

Surgida pela iniciativa de um grupo de mães residentes naquela zona, a petição, dirigida à presidente da Assembleia Municipal de Lisboa, Helena Roseta, solicita que aquele espaço público  – cuja abertura deverá acontecer nas próximas semanas, de acordo com as previsões da Câmara Municipal de Lisboa – seja um lugar limpo e seguro, onde as peticionárias possam “levar tranquilamente” os seus filhos a passear e a brincar.

“O problema dos dejectos dos cães é uma praga que assola não só as ruas da Graça, mas quase toda a cidade de Lisboa. A responsabilidade de cada dono apanhar o cocó do seu cão tem-se revelado claramente ineficaz e, por isso, a grande maioria dos pais e os moradores vivem com a preocupação constante de não pisar ou mesmo de evitar que uma criança pegue ou ingira um cocó”, dizem as autoras da petição. Razão pela qual pedem a adopção de uma de duas medidas: ou a construção de uma área confinada para aqueles animais ou que pura e simplesmente os mesmos sejam banidos de todo recinto.

Uma proposta que, dizem, nasce da constatação de que a insalubridade causada pela falta de zelo dos donos dos cachorros “acontece também, e sobretudo, em todos os jardins e parques infantis da zona da Graça, prejudicando o direito das crianças terem espaços higienicamente adequados às suas necessidades”. Pedem então que a autarquia escolha uma das suas duas propostas, “de maneira a proteger pelo menos um local deste bairro dos dejectos dos animais”.

Assim, sugerem que “que apenas uma entrada do novo Jardim da Cerca da Graça seja aberta aos animais e ali construída uma área dedicada aos cães, vedando o acesso deles a toda a área restante do parque (à semelhança das principais cidades europeias e do parque de cães que já existe, e muito bem, no Jardim do Campo Grande)”. “Ou, na impossibilidade de se construir um parque especial para os cães, que seja então expressamente proibido e vedado o acesso aos animais em toda a área do jardim e do parque da Cerca da Graça”, indicam ainda as munícipes da Graça.

Como medidas adicionais, as autoras da petição pedem que seja colocada sinalética bem visível com as normas de utilização do parque para os detentores de animais de companhia e que “seja garantido o cumprimento das mesmas normas através de controlos constantes e aplicação de coimas”. “Se não se limitar o acesso dos animais ao novo Jardim da Cerca da Graça, este transformar-se-á no enésimo depósito de excrementos da cidade, causando dano aos utentes e às crianças da zona”, consideram.

Questionada pelo Corvo sobre se as autoras da petição não temem ser vistas como pessoas que não gostam de animais, uma delas, Valentina, diz: “O problema não são os animais. Os dejectos até poderiam ser de humanos ou de extraterrestres. São sempre dejectos! Esta poderia ser uma boa oportunidade para a CML criar um jardim diferente, onde as crianças pudessem brincar livremente e os donos passear com os seus cães de uma forma responsável”. Valentina, que tem um filho de dois anos e meio, admite que, se as medidas propostas não forem aplicadas, terá de frequentar o jardim “da mesma forma, mas com muito incómodo”.

* Texto actualizado às 14h50 de 18 de Maio, com declarações de uma das peticionárias.

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