Carros estacionados destroem passeio da Rua Angelina Vidal, reabilitada em 2013

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Samuel Alemão

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21 Março, 2017


A cena na Rua Angelina Vidal, que liga os Anjos à Graça, não é muito diferente das que se foram tornando banais um pouco por toda a cidade de Lisboa, nas últimas décadas. Carros em cima do passeio. Quadro existente, muitas vezes, com a complacência de moradores e das autoridades – embora tal prática até já tenha sido mais tolerada. No caso da artéria situada na fronteira das freguesias da Penha de França e de São Vicente, a atitude é, há muito, vista como uma forma de dar resposta, se bem que informal, às necessidade de estacionamento dos moradores. Algo agudizado pelas obras de reabilitação da rua, feitas no verão de 2013, quando passou apenas a ser possível fazê-lo no sentido ascendente, do lado de São Vicente. No lado oposto, os pilaretes entretanto colocados reservam aos peões o passeio requalificado.

Antes das obras, terminadas há pouco mais de três anos e meio, também o passeio descendente, situado na freguesia da Penha de França, era parcialmente ocupado pelo rodado dos automóveis. A grande empreitada ali realizada naquela altura compreendeu, não apenas a repavimentação da artéria coincidente com parte do trajecto do eléctrico 28, mas também a reconstrução dos passeios. Nela, optou-se por uma nova solução de calcetamento – entretanto, aplicada em vários locais da capital – pensada para um maior conforto de quem anda a pé em arruamentos com grande declives, com a colocação de piso com características anti-derrapantes, recorrendo a dois tipos distintos de pedra. Um trabalho que, poucos anos volvidos, começa a ser destruído pelo desgaste dos pneus dos automóveis – isto para além de os veículos comprometerem seriamente a mobilidade dos peões.

Há poucas semanas, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML) fez uma firme defesa da utilização dos pilaretes em vários sítios da cidade, como forma de preservar as áreas reservadas à circulação de peões. “É impossível termos soluções adequadas, quando estamos confrontados com baixos níveis de civismo. A colocação de pilaretes junto a passadeiras é intencional e tem acontecido em várias zonas da cidade, infelizmente, devido à falta de civismo dos automobilistas”, disse Fernando Medina, numa reunião pública do executivo camarário, a 22 de Fevereiro, em resposta a Carlos Moura, vereador do PCP, que criticava a adopção de tal solução numa zona de Campolide recentemente requalificada, por os pilaretes poderem ser naquele local um obstáculo para as pessoas com mobilidade reduzida. “Não conheço nenhuma grande capital europeia que tenha o número de pilaretes que tem Lisboa. E isto só resulta da falta de respeito pelo espaço público dos automobilistas. Enquanto não houver uma mudança cultural, não se vai mudar isto. Não é possível imaginar que, para cada automobilista, há um polícia”, afirmou, na altura, o presidente da câmara.

*  Texto editado às 10h46: Clarifica a posição do vereador do PCP Carlos Moura sobre a questão dos pilaretes.

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