Passadeiras perigosas da Dom João V continuam à espera dos semáforos
Os peões que, com maior ou menor frequência, atravessam a inclinada Rua Dom João V, situada entre o Largo do Rato e a zona das Amoreiras, há muito que aguardam medidas concretas de reforço da segurança. Elas devem chegar em breve, através do reforço da sinalização horizontal e vertical, na qual se inclui a colocação de semáforos, diz o presidente da Junta de Freguesia de Campo de Ourique. Trata-se, porém, da reiteração de uma promessa feita há um ano e meio, quando o autarca também foi interpelado por O Corvo sobre a mesma questão.
“O assunto não está esquecido, temos estado a trabalhar nele com a Câmara de Lisboa, apesar desta não ser uma competência nossa”, afirma Pedro Cegonho (PS), em resposta às perguntas sobre o porquê de nada ter sido feito para resolver o problema, desde que O Corvo escreveu sobre a insegurança naquela rua, em Setembro de 2015. As mudanças no terreno estão para breve, assegura, sem adiantar datas. Neste momento, está em elaboração um “projecto integrado de execução de medidas de acalmia de tráfego”, garante o autarca.
Há ano e meio, quando interrogado sobre a situação de grande perigosidade para as pessoas que atravessavam a artéria – e em especial para aquela que se situa junto ao Largo do Rato, onde uma mulher havia sido atropelada mortalmente uns meses antes -, o presidente da junta assegurava estar já a tratar da questão. Nessa altura, explicava que a autarquia estava a trabalhar para “reforçar a segurança de peões, através do exercício das competências de manutenção e repintura de passadeiras e demais sinalização”.
Sobre aquele atravessamento em concreto, dizia ter alertado a Direcção Municipal de Mobilidade e Transportes, da Câmara Municipal de Lisboa, para a “necessidade de reforço de segurança daquelas passadeiras, pois é aquela entidade que possuí os recursos técnicos adequados para efectuar essa avaliação e propostas para o local, seja através da colocação de sinalização semafórica, seja através da colocação de lombas ou através da sobre-elevação da(s) passadeiras”, acrescentou na altura o presidente da junta de Campo de Ourique.
Uma resposta que, passados 18 meses, não difere muito daquela agora enviada, após nova interpelação de O Corvo. Por escrito, Pedro Cegonho diz que “está a ser elaborado um projeto integrado de execução de medidas de acalmia de tráfego, com vista ao aumento da segurança dos peões, não apenas na referida passadeira mas, ao longo de todo o eixo viário da Rua D. João V”. A iniciativa do projecto, diz, partiu da junta por si liderada, estando o mesmo a ser coordenado pela Direcção Municipal de Mobilidade e Transportes (DMMT) da Câmara Municipal de Lisboa (CML).
A concretização do projecto de melhoria das condições de segurança, afirma o autarca, passa por um “reforço imediato da sinalização vertical assim como, à semelhança do que acontece anualmente, a manutenção adequada das marcações horizontais”. “Por nosso pedido, as medidas serão reforçadas com sinalização semafórica junto das passadeiras, assim como a adaptação dos cruzamentos adjacentes a montante e jusante desta zona”, explica. Um trabalho a executar pela referida DMMT em colaboração com a Equipa do Plano de Acessibilidade Pedonal da câmara.
Na mesma resposta escrita, o presidente da junta reforça que, “apesar de se tratar formalmente de uma competência do Município, a Junta de Freguesia de Campo de Ourique tem tido constantes e permanentes diligências, junto dos serviços municipais, para que se encontre uma solução segura e acessível para a mobilidade confortável nesta via”. A mesma solução, que passará pela colocação de semáforos, deverá ser aplicada no eixo da Rua Dom João V compreendido entre o Rato e o cruzamento com a Rua Silva Carvalho.
Isso inclui as duas mais perigosas passadeiras daquela via, a que se situa na zona do cruzamento com a Rua Custódio Vieira e a que está perto do Largo do Rato. Na semana passada, junto a esta, O Corvo pôde constatar a manutenção da situação de perigo, tal como a havia encontrado em Setembro de 2015. “O problema maior é com os carros que vão a subir, saídos do Rato, e começam logo a acelerar. Como isto é em curva, a maior parte dos condutores fica supreendida com os peões”, diz Diogo Souto, gerente da loja de motos situada em frente à passadeira.
Diagnóstico que coincide com o de Filipe Correia, funcionário da loja de instrumentos musicais, siuada ao lado. “Quem vem de baixo, muitas vezes, não quer parar para não perder o embalo e ter de meter nova mudança”, explica.