Falta de acessos directos ao novo jardim da Graça está a preocupar moradores

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Samuel Alemão

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AMBIENTE

São Vicente

13 Março, 2015


Ainda não está aberto, mas já merece reparos. O novo Jardim da Cerca da Graça, espaço verde de 1,7 hectares que se encontra em fase de acabamento e com abertura prevista ao público nesta Primavera, não deverá ter nenhum acesso directo a partir do bairro da Graça. E isso está a causar preocupação junto de uma comunidade bastante envelhecida, que há muito espera a inauguração do maior parque verde no coração de Lisboa, e onde existe uma grande carência de jardins e espaços públicos de qualidade. Tal sentimento foi transmitido numa carta enviada, na semana passada, à Câmara Municipal de Lisboa (CML) pela Futura Comissão de Moradores e Comerciantes do Bairro da Graça.

O novo jardim, cujos trabalhos se arrastaram durante dois anos – e cuja abertura chegou a ser anunciada pela CML para as vésperas das últimas eleições autárquicas, em Setembro de 2013 -, terá três entradas, mas nenhuma delas será localizada junto da zona central do bairro, o Largo da Graça. Um arruamento que se afirma como fundamental, não só porque será alvo de uma intervenção de requalificação pela câmara no âmbito do Programa “Uma Praça em Cada Bairro”, mas também por ser o destino do funicular que a autarquia planeia construir para ligar a Mouraria à Graça. É a relação entre os três projectos que, segundo os representantes dos moradores e dos comerciantes, estará em causa e motivou a carta enviada à câmara a 5 de Março.

“Se não existirem acessos pela Graça através do Miradouro Sofia de Mello Breyner (vulgarmente conhecido por Miradouro da Graça) e pela Rua Damasceno Monteiro, sobretudo para as pessoas mais idosas e com dificuldade de locomoção, mais vale mudar o nome para Jardim da Cerca da Mouraria, porque não vai ter muita utilidade para a população do Bairro da Graça”, diz a missiva a que O Corvo teve acesso, e na qual são feitas diversas sugestões. As críticas surgem porque, alertam os subscritores da carta, por um lado, a Graça “ainda é o bairro mais idoso de Lisboa, e, por outro, não está previsto qualquer acesso directo que as pessoas possam usar naturalmente no dia-a-dia”.

As portas de entrada no novo parque urbano estarão localizadas na Rua dos Lagares (Mouraria), Calçada do Monte e Caracol da Graça. “Pedir às pessoas para subir à Graça pelo elevador, atravessar o Largo da Graça, virar na Rua Damasceno Monteiro – onde actualmente nem sequer existe passeio do lado esquerdo e do lado direito o passeio é ocupado pelo estacionamento selvagem -, virar à esquerda na Calçada do Monte, descer a rua para, finalmente, entrar no Jardim a meio da descida (600 metros), parece-nos improvável e condenado ao insucesso e o jardim necessita de fruição de pessoas para ser um espaço seguro e cuidado”, diz o texto. E acrescenta: “Pedir às pessoas para subir no elevador e voltar a descer para entrar a meio das escadinhas do Caracol da Graça também não faz qualquer sentido”.

Para contrariar o que consideram como defeitos, os representantes dos moradores e dos comerciantes pedem que seja criada uma entrada no jardim “pela mesma cota do miradouro da Igreja da Graça, nomeadamente para permitir o acesso a pessoas com mobilidade reduzida, através da abertura de acesso ao Jardim da Cerca da Graça através do muro junto à igreja no Miradouro Sophia Mello Andresen”. Isto porque, entendem, o corredor entre o miradouro e a Rua Damasceno Monteiro “não é mais do que um depósito de entulho da GNR”. “São cerca de 100 metros em linha recta do que deveria ser a via de acesso principal ao Jardim da Cerca da Graça e a via de circulação entre a Rua Damasceno Monteiro e o Miradouro”, afirmam.

A acrescentar a esta nova passagem, aponta-se para a abertura de uma entrada no novo parque no muro da Rua Damasceno Monteiro, junto à Calçada do Monte – antes da descida, no local onde estão actualmente localizados os contentores da obra do Jardim da Cerca da Graça. Para que a acessibilidade ao parque seja mesmo eficaz, os membros da Futura Comissão de Moradores e Comerciantes da Graça dizem ser essencial proteger os passeios e as passadeiras da Rua Damasceno Monteiro, até ao Largo da Graça, “para que os peões possam circular em segurança dos dois lados da via (de um dos lados nem sequer existe passeio e do outro o passeio é diariamente submerso pelo estacionamento selvagem)”.

O documento enviado à CML faz ainda uma lista de sugestões para um melhor funcionamento do Jardim da Cerca da Graça, relacionadas com informação e sinalética (“é importante colocar sinalética a sinalizar os acessos ao Jardim da Cerca da Graça por todo o bairro”), segurança e limpeza (“limitar o acesso dos animais ou limitar o acesso a uma área específica, para que o Jardim não se transforme no depósito dos cocós da Graça”) e ainda equipamentos (“instalação de casas de banho, para que o jardim não se transforme numa casa de banho pública”).

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