Informática paralisa videovigilância no Bairro Alto

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Samuel Alemão

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Misericórdia

30 Janeiro, 2014

Problemas relacionados com o sistema informático escolhido para monitorizar a rede são a razão do atraso no início do funcionamento da videovigilância no Bairro Alto. A informação é dada pelas relações públicas da direcção nacional da Polícia de Segurança Pública (PSP), a força que tutelará a operação do sistema, tanto a partir da esquadra ali instalada, como do centro operacional de comando, no Parque das Nações. As cerca de três dezenas de câmaras foram instaladas no bairro, no início do verão passado, mas continuam à espera de ver justificada a sua utilidade. E sem uma data concreta para que tal venha a suceder. Apesar de a Câmara Municipal de Lisboa (CML) prometer que haverá novidades “em breve”.

 

“A informação que temos é de que os atrasos estão relacionados com o sistema informático, que vai garantir o funcionamento do sistema de videovigilância – mais concretamente, ao nível do software -, contratualizado pela autarquia”, explica ao Corvo o comissário Paulo Flor, porta-voz da direcção nacional da PSP. “Depois disso, ainda teremos de garantir um pequeno período de formação dos agentes da polícia que trabalharão com o equipamento”, explica o responsável pela força da autoridade, dizendo que tal situação “não depende nem da PSP, nem do Ministério da Administração Interna (MAI)”. Paulo Flor faz votos para que o problema “esteja resolvido para breve”. Resta esperar, mais um pouco.


 

Como, de resto, tem acontecido nos últimos oito meses. O que tem deixado descontentes população, comerciantes e autarcas da zona. A presidente da nova Junta de Freguesia da Misericórdia, na qual se inscreve o Bairro Alto, tem demonstrado, por diversas vezes, o seu desagrado junto da câmara municipal. A socialista Carla Madeira confessa “não entender as razões” de tal delonga. “Já devia estar a funcionar há muito”, diz, sugerindo que a resolução da questão estará dependente do MAI. Ora, os próprios responsáveis da PSP alijam tal responsabilidade e apontam na direcção da CML. A autarquia liderada por António Costa, todavia, escusa-se, por agora, em dar explicações. Elas virão “em breve”, garante uma assessora do presidente da câmara.

 

Certo é que a demora e a ausência de explicações estão a deixar impacientes os membros da comunidade. “Isto é caricato. Foi feito um investimento de 300 mil euros, numa altura destas, de enorme crise, e agora temos ali aquilo parado. É um desperdício enorme”, critica Luís Paisana, da Associação de Moradores do Bairro Alto. O dirigente associativo diz que o sistema será imprescindível como elemento dissausivo das muitas rixas e assaltos que acontecem, “sobretudo no verão”. Farto de ver as câmaras instaladas e também a sinalética avisando a sua presença, Luís Paisana garante que até “há já algumas pessoas que julgam que o sistema está a funcionar”. 

 

Também a Hilário Castro, presidente da Associação de Comerciantes do Bairro Alto, faz impressão “ver um sistema tão caro parado”. Qualificando a videovigilância como “fundamental” para garantir a segurança das pessoas e seus bens – quer vivam, trabalhem ou frequentem o bairro -, Hilário diz estar “evidentemente, descontente” por ver “burocracias” a bloquear o início do funcionamento. “Se a parte mais complicada foi ultrapassada, ao gastar-se este dinheiro, numa época de crise, mas também conseguindo a difícil autorização da Comissão Nacional de Protecção de Dados, não se percebe que agora tudo emperre. O que mais nos custa é não haver uma palavra a explicar a razão”, critica.

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