Viver a chegada da Primavera em Monsanto
PORTFÓLIO
Paula Ferreira
Fotografias
AMBIENTE
Ajuda
Alcântara
Belém
São Domingos de Benfica
1 Abril, 2019
Uma dúzia de percursos pedestres, dos quais dois têm ligação directa à cidade, podem bem servir como chave para a descoberta ou a redescoberta de um dos mais preciosos tesouros de Lisboa. Agora que a Primavera chegou, e com as suas temperaturas amenas, todos os motivos são bons para aproveitar o tempo livre no Parque Florestal de Monsanto, onde são muitos e diversos os motivos de interesse. O maior dos quais será, na verdade, a sensação de apaziguamento e de comunhão com a natureza num contexto territorial eminentemente urbano.
Resultante sobretudo do impulso dado por Duarte Pacheco (ministro da Obras Públicas em 1932 e presidente da Câmara Municipal de Lisboa em 1938), este território com cerca de 900 hectares, integrado num ecossistema temperado (características mediterrânicas e atlânticas), apresenta uma grande variedade de flora e fauna. Algo verdadeiramente admirável, se se tiver em conta que nos 30 do século passado, aquando da decisão de criar o parque, este era um território com vegetação pouco expressiva.
Com cerca de 230 metros de altitude, e estendendo-se desde a ribeira de Alcântara até ao rio Tejo, a Serra de Monsanto caracterizava-se como um local algo inóspito e ventoso, no momento em que o Estado decidiu colocar em marcha os planos de arborização dos quais havia referência desde 1868. No início do século XX, esta elevação geológica era um local de pastoreio e de grande actividade de moagem, havendo referência à existência de 82 moinhos por essa altura. Ao mesmo tempo, existiam muitas pedreiras, de onde se havia extraído calcário e basalto que alimentara a grande dinâmica de construção de edifícios na capital portuguesa, durante os anos do Fontismo.
Tirando algumas quintas em Benfica e a Tapada da Ajuda, o arvoredo era pouco expressivo. Cenário que mudou primeiro, nos anos 40, com a plantação sobretudo de árvores de sombra, onde pontificavam os Cedros do Bussaco (Cupressus lusitanica), o Pinheiro Manso (Pinus pinea) e o Pinheiro de Alepo (Pinus halepensis), e depois, na década seguinte, com a introdução de espécies com relevância ecológica, como os Sobreiros (Quercus suber), as Azinheiras (Quercus rotundifolia) e Carvalhos Cerquinhos (Quercus faginea). Alterações que propiciaram um aumento da biodiversidade. Nas espécies vegetais, também ali se contam trepadeiras como a madressilva e a salsaparrilha. Entre os animais, contam-se os esquilos, a águia de asa-redonda, a raposa ou o mocho galego.