Chuvas, ventos fortes e calor: os maiores riscos das alterações climáticas para Lisboa
Os danos causados por momentos de forte precipitação e por rajadas de vento de grande intensidade serão, durante as próximas décadas, as principais consequências para Lisboa em resultado de fenómenos climáticos extremos. Os riscos estão identificados na Estratégia Municipal de Adaptação às Alterações Climáticas de Lisboa (EMAACL), cuja submissão a consulta pública deverá ser discutida e aprovada na reunião de executivo camarário a realizar nesta quarta-feira (30 de novembro). O documento, que resulta de um trabalho nascido da revisão do Plano Director Municipal (PDM), em 2012, alerta mesmo para crescente perigosidade do fenómeno das chuvas intensas, em que “tanto a frequência como a magnitude tendem a aumentar até ao final do século”. O mesmo acontecerá com os fenómenos de calor extremo, que se prevê venham a representar preocupação maior a partir de 2070.
Do levantamento dos principais eventos meteorológicos extremos associados à mudança do padrão climático global, para as próximas décadas, na capital portuguesa, foram assinalados os seguintes: a precipitação intensa, ventos fortes/rajadas, geada/granizo, temperaturas baixas e temperaturas elevadas. Mas o documento considera mais relevantes a precipitação intensa e os ventos ou a combinação de ambos. Entre os mais importantes danos negativos diretos relacionados com o aumento da precipitação, o relatório técnico aponta danos em edifícios, no espaço público e vegetação, bem como em infraestruturas e viaturas, mas também alterações na mobilidade, interrupção no funcionamento de equipamentos e serviços públicos (como escolas ou hospitais). Um elenco que não difere muito das consequências resultantes de ventos fortes.
Para dar resposta aos perigos detectados, a abordagem que a cidade e o município devem adoptar, defende-se nas linhas gerais da EMAACL, deverá assentar em três eixos estratégicos fundamentais. Os mesmos assentam nos domínios, respectivamente, do planeamento territorial, da gestão operacional e da governação – os quais terão de ser “delineados numa vertente de operacionalização, permitindo uma intervenção transversal aos domínios do planeamento territorial”. A cada um desses eixos estratégicos corresponde um mote programático, acompanhado de um leque alargado de propostas a ser postas em prática ou a aprofundar, no caso daquelas que vêm já sendo adoptadas com o objectivo de mitigar o impacto das alterações climáticas.
Ao nível do planeamento urbano (Eixo A) – construído sob o mote “Adaptar a cidade às Alterações Climáticas: fruir a água e preparar o território para o calor” -, advoga-se, por exemplo, o “pensar à escala metropolitana e preparar acção local”; “redesenhar a paisagem e potenciar o ciclo da água”; “considerar o vento no desenho da cidade” ou “assegurar a resiliência do subsistema frente ribeirinha”. Já no que se refere à gestão operacional (Eixo B – “Promover uma gestão inteligente e integrada para uma cidade mais resiliente”), defende-se “reforçar a presença da infraestrutura verde nos tecidos urbanos mais densamente construídos”; “aumentar a resiliência do espaço público ao vento” ou a promoção da reabilitação urbana “como instrumento de resiliência”. O Eixo C (“Envolver a comunidade para uma cidadania participada e promover a capacitação colectiva”) preconiza “Desenvolver a cidadania e criar redes de participação”, bem como uma maior articulação com as juntas de freguesia e com a Área Metropolitana de Lisboa ou até “Incrementar uma cultura de transversalidade no Município”.