Regar árvores sequiosas num dia de verão, como forma de protesto

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Samuel Alemão

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Santa Maria Maior

29 Julho, 2015

Não eram mais que meia-dúzia, mas representavam um sentimento de amor pelas árvores bem mais lato. Um pequeno grupo de activistas urbanos ligados à Plataforma pelas Árvores e à Quercus e de moradores da Rua da Madalena realizou, ao final da tarde desta terça-feira (28 de Julho), um protesto contra o que consideram ser o estado de penúria hídrica das árvores situadas junto ao Largo Adelino Amaro da Costa – mais conhecido por Largo do Caldas -, regando-as com recurso a baldes, regadores e garrafões. A acção de jardinagem de guerrilha, inspirada em intervenções semelhantes feitas um pouco por todo o mundo, contou com a participação da artista plástica Fernanda Fragateiro e do estilista Dino Alves. Mas a Junta de Freguesia de Santa Maria Maior garante que havia regado na véspera as árvores em causa.

 

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Pouco depois das 19h, começaram a ser regadas as jovens árvores daquela zona recentemente sujeita a uma obra de reabilitação do espaço público. Três exemplares existentes na Rua do Regedor e outros três plantados num canteiro delimitado por um banco público, no Largo do Caldas, beberam qualquer coisa como meia-dezena de litros cada um. “Não há o mínimo de manutenção destas árvores, que estão aqui a passar uma seca terrível”, afirmou Inês Barreiros, membro da Plataforma pelas Árvores e também do grupo Fórum Cidadania LX, para quem esta acção constituiu uma forma de alertar para a “incapacidade das juntas de freguesia para tratarem convenientemente do arvoredo, por não terem os meios ou o conhecimento”. Inês disse que enviou um email à junta – cujo edifício-sede fica naquela rua -, fazendo referência ao problema enfrentado por estas árvores, mas não terá obtido resposta.

 

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Mais sorte terá tido Fernanda Fragateiro, que disse ter recebido a promessa da junta de que iria regar as árvores em causa. “Há uma clara falta de respeito pelo espaço público e que é demonstrativa de uma certa postura. Não se percebe porque deixaram as árvores chegarem a este ponto”, acusa a artista plástica. Libério Sobreira, do núcleo regional de Lisboa da Quercus, salientou o facto de “as árvores serem especialmente sensíveis ao tratamento que se lhes dá nos primeiros anos de vida”, nomeadamente à falta de água. As referidas árvores apresentam um aspecto ressequido, mas o presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, Miguel Coelho, garantiu ao Corvo que as mesmas haviam sido regadas na véspera. E explicou que “apenas agora a junta pôde fazê-lo e tomar conta daquele espaço, porque as obras estiveram a decorrer e apenas neste momento o empreiteiro entregou a obra”.

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