Grandes obras vão reabilitar os desleixados espaços verdes da Avenida da Liberdade

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Samuel Alemão

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AMBIENTE

Santo António

27 Outubro, 2016


O cenário actual está longe de ser animador. Os espaços verdes da principal artéria da capital encontram-se numa situação de evidente decadência, que deverá ser revertida em breve. A Câmara Municipal de Lisboa (CML) tem planeadas, para começar durante o mês de Novembro, grandes obras de reabilitação daquelas áreas, e que deverão reverter o estado de enorme carência em que se encontram. A intervenção terá sido solicitada à câmara pela Junta de Freguesia de Santo António, entidade responsável pela gestão dos referidos espaços, desde o início de 2014, na sequência do processo de reforma administrativa da cidade e da descentralização de competências do município. Mas a junta tem demonstrado alguma dificuldade em assegurar a sua manutenção, queixando-se de falta de meios técnicos, humanos e financeiros para assegurar o seu bom estado. Tanto que há quem peça o regresso à tutela camarária.

As obras que agora se anunciam são consideradas “estruturais”, prevendo a recuperação quase integral dos espaços. Deverão envolver a mobilização total de terras em muitas áreas, bem como a renovação de canalizações, sistema de rega e drenagem das zonas ajardinadas e arbustivas, bem como a impermeabilização de alguns dos lagos agora degradados. Mas envolverá também intervenção sobre o arvoredo, a qual deverá incluir o corte de diversas palmeiras que não sobreviveram à praga do escaravelho vermelho. Depois de realizada a intervenção, a área deverá continuar a manter-se sob a alçada dos serviços da Junta de Freguesia de Santo António. “Acabámos de comprar uma nova máquina de varredura, que nos custou 70 mil euros e vem substituir a outra, que não tinha tanta capacidade”, explica ao Corvo Vasco Morgado (PSD), o presidente da junta.

Os trabalhos de regeneração dos espaços verdes da avenida surgem numa altura em que cresce o volume da contestação à alegada incapacidade operacional da autarquia da freguesia de Santo António. Ainda esta semana, foi lançada, pela Plataforma em Defesa das Árvores, uma petição “pela atribuição à Avenida da Liberdade da condição de conjunto arbóreo estruturante do Corredor Verde de Lisboa e seu retorno à tutela da CML”. Nela, denuncia-se a “evidente inexistência de manutenção do coberto arbóreo” por parte da junta, exemplificando-se com “as dezenas de árvores juvenis mortas por falta de rega” ou as caldeiras por preencher. Tal situação, acusa a petição, “coloca em risco as invulgares colecções botânicas” da avenida.

O texto denuncia ainda “a destruição completa de todas as placas ajardinadas, o abandono de fontes e lagos, a insuficiente varredura e pior recolha de lixo”, além da “inexistência de informação técnica e histórica no local”. Por causa disso, e devido ao que os peticionários dizem ser a falta de um “plano de intervenção urgente por parte da actual tutela e, portanto, uma comprovada incapacidade da mesma em gerir, manter e valorizar um dos espaços verdes mais representativos de Lisboa”, pede-se a atribuição do estatuto de estruturante a toda a Avenida da Liberdade, “reintegrando-a como peça fundamental do Corredor Verde idealizado por Gonçalo Ribeiro Telles”. E, em consequência, “o retorno imediato para a Câmara Municipal de Lisboa da gestão e manutenção do conjunto arbóreo, espaço público, espaços verdes e mobiliário urbano da Avenida da Liberdade”.

Vasco Morgado reconhece as dificuldades, mas defende-se das acusações, que estão longe de ser novas. “Com as competências, também vieram as complicações. Manter aquele espaços requer meios, pois, por exemplo, todos os dias, caem 35 metros cúbicos de folhas. Razão pela qual tivemos que adquirir a nova máquina”. Mas, de acordo com o autarca, há outras causas para o mau estado dos jardins da avenida: “Existe a dificuldade em manter os relvados saudáveis nas áreas que sofrem de sombreamento de grandes árvores; há o facto de o fluxo rodoviário na avenida ter aumentado, nos últimos tempos, em consequência das muitas obras em curso; e há também a pressão turística e a falta de civismo de muitas das pessoas que frequentam os quiosques ali existentes e que pisam os canteiros”.

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