Jardim da Cerca da Graça será inaugurado a 17 de Junho, após processo atribulado

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Samuel Alemão

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AMBIENTE

São Vicente

5 Junho, 2015

A quatro dias do começo oficial do Verão, será finalmente inaugurado o maior espaço verde do coração da capital portuguesa. Com uma área de 1,7 hectares, e assegurando a ligação entre os bairros da Graça e da Mouraria, o Jardim da Cerca da Graça deverá ser inaugurado a 17 de Junho, quarta-feira, colocando assim ponto final num já bem longo e atribulado processo. As obras para a construção daquele parque público iniciaram-se em Janeiro de 2013, a pensar na abertura à população da cidade em Setembro desse ano, dias antes das últimas eleições autárquicas, que viriam a reeleger António Costa como presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML). Mas as coisas complicaram-se.

Na verdade, as primeiras previsões avançadas pela autarquia para uma data de abertura do jardim situavam-na em 2009 – o desejo de transformar a encosta situada abaixo do antigo Convento da Graça num espaço verde foi, porém, pela primeira vez anunciado por José Sá Fernandes, em 2005, enquanto candidato do Bloco de Esquerda à CML. Já depois disso, apontou-se 2011 como meta para a inauguração e, mais tarde, 2013. Quando os trabalhos, por fim, se iniciaram, logo foram rodeados de grande polémica, devido ao corte de árvores de grande dimensão levado a cabo no decurso da operação de limpeza do terreno. Mesmo assim, os trabalhos continuaram. Até serem interrompidos, poucos meses depois.

O objectivo de inaugurar aquele espaço antes das autárquicas falhou e, com o início do Inverno, as chuvas vieram complicar o avanço dos trabalhos. Mas, além disso, havia outra razão. A 8 de Janeiro de 2014, o vereador José Sá Fernandes revelava ao Corvo que a nova data prevista para abertura ao público seria Abril desse ano e que a motivar o atraso estaria a descoberta de vestígios de cerca de meia centena de corpos “de data e origem ainda por apurar”. “Foram encontradas ossadas de mais de cinquenta cadáveres, que se suspeita possam ser ou do terramoto de 1755 ou de algum surto de peste. Isso ainda está por apurar”, dizia naquele momento o vereador. O novo prazo não foi, todavia, cumprido.


As obras só foram retomadas no Verão passado. O novo Jardim da Cerca da Graça, orçado em 874 mil euros, deverá ter, de acordo com o projecto, 178 árvores de fruto – entre as quais estarão pereiras, amendoeiras, medronheiros ou ciprestes -, um relvado central, com três miradouros, um parque infantil, um parque de merendas, um pomar e ainda um quiosque com esplanada. Para além do corte de árvores, ainda em 2013, as obras ficaram também marcadas pela polémica destruição do espaço comunitário Horta do Monte, então existente num baldio ao cimo da Calçada do Monte – a mobilização contra tal acção levou à realização de acções de protesto e a confrontos entre activistas e a Polícia Municipal. No seu lugar, nasceu um espaço semelhante gerido pelos serviços da autarquia.

Já este ano, e depois de anunciada a muito aguardada abertura na corrente Primavera, foram tornadas públicas uma carta e uma petição relacionadas com o parque. Em Março, foi divulgada uma carta que apelava à criação de acessos directos ao jardim a partir do Bairro da Graça, alegando que a população mais envelhecida teria dificuldades em aceder ao novo espaço público. Já em Maio, foi conhecida a iniciativa de um grupo de mães preocupadas com a saúde dos seus filhos e que pediam a restrição da livre circulação de cães no Jardim da Cerca da Graça. Mesmo ao lado do novo parque fica o também recentemente inaugurado Centro de Inovação da Mouraria.

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